Terminado todos os livros da prateleira do meu quarto, decidi por ir até a livraria no centro da vila, a fim de obter novos exemplares voltados a romance, não entendia muito os sentimentos dos personagens, não sentia nada ao ler aqueles livros, apenas gostava por gostar.

Desço as escadas e sigo em direção a cozinha, sentia aquele cheiro dos ovos e bacons sobre o óleo, sempre dizia para Oguichi parar com esas besteiras ou ao menos diminuir na quantidade de óleo, mas ele não parecia me escutar, continuava com aquela sopa de soja.

— Vou na livraria e aproveitar para ir até o parque. - digo e antes que pudesse me virar, ele me aborda.

— Não me vai chegar tarde como daquela vez, eu sei que você já tem certa idade, mas não quero esses safados se aproveitando de você - ele dizia enquanto prestava atenção na frigideira.

— Fui - dessa vez eu sigo rumo a saída, tranco a porta e coloca a chave em baixo do tapete, como de costume e sigo rumo a o meu objetivo.

A livraria é um pouco longe de onde moro, tinha outras mais próximas, mas gostava da caminhada e do ar livre, ainda que não tivesse interesse em socializar, ficava observando o comportamento da pessoas durante o caminho, tentando entender algumas de suas atitudes e expressões, como sempre, não obtive êxito.

— Oi Cho, indo comprar livros!? - disse Halno, uma garota pequena da mesma idade que eu, com aquele coque no seus cabelos pretos, pele palida como a neve - não entendo até hoje como uma pessoa pode ser assim, vivendo em Suna - oculos de grau e sempre vestida com roupas sociais, ainda que nao fosse necessário.

— Eae! - respondia e continuava a caminhar.

— Vou te acompanhar, to com o tempo livre hoje! - ela sempre tem essas manias de me seguir, dizia ser amiga dela, mas sinceramente, estava nem ai com isso — Você viu que saiu uma nova edição de Geo-geo?! Parece que aquele filho da puta vai pagar por ter traído Matilda, gostava tanto quando eles estavam juntos, mas ai tem que aparecer aquela vadia da Sarah.

— Humrum - ela estava comentando sobre um dos livros que compartilhamos interesse pelo visto

Demorou cerca de uma hora aproximadamente até chegar na livraria, o local é bem movimentado, mas isso se deve ao fato da cafeteria que serve variedades de bebidas quentes e frias, além dos bolos, tortas e demais itens desta linha. Halno foi o caminho todo falando sobre os livros que leu durante o final de semana e o atual, perguntou se tinha algum para emprestar, mas já havíamos trocado todos que possuímos, logo, ambas estávamos com o mesmo objetivo naquele lugar hoje.

— Vou ir na sessão para maiores de dezoito, quero alguns livros picantes, preciso de inspirações e referências para a minha história.

— Porque não prática, seria mais fácil, não?! - ela parecia corar quando a questionei, mas não me respondeu e seguiu para o local dito.

Eu por outro lado, fui lendo e pegando alguns livros da sessão de romance, que não tinha lido ainda, confesso que estava encurtando as opções, logo vou ter que começar a ir nas livrarias do outro lado da vila, o bom que vou ter garantir o treino do dia desse jeito, o problema é que se já tenho a fama de chegar tarde em casa toda vez que venho aqui, imagina indo para o outro lado da cidade? Oguichi iria surtar mais ainda, não entendo o motivo, mas enfim.

Como de costume, leio as sinopses dos livros, teve uma que me chamou atenção, era de um cara que se relacionava com outros, porém, ele é casado com uma mulher e tem alguns filhos, comecei a ler alguns trechos e descobri que a esposa dele não sabia, mas seus filhos sim, eles subordinavam seu pai.

— Crianças espertas a proposito. - disse em voz alta.

— Não diria isso, como um filho poderia aceitar isso de seu pai para com sua mãe?! - disse um estranho que estava a poucos metros do corredor, na prateleira atrás de mim.

— Sei lá, acho meio errado, mas parecia ser certo o que fizeram.

— Você me parece com problemas em compreender - levanto os ombros com desdém diante do comentário do rapaz — Mas se interesse por livros desse tipo, recomendo esse - ele se aproxima, se abaixa bem próxima de mim, quase encostando em minhas coxas e pega dois livros de capa mole na prateleira de baixo da estante a minha frente — Estes são muito bons... desculpe, me chamo Kath, sempre te vejo por aqui. - ele me entrega os livros.

— Valeu - agradeço e viro as costas, prestes a seguir rumo ao caixa, olho para trás de relance, por cima dos ombros, vejo o estranho me olhando meio estranho, mas ignoro.

Tive que pegar uma fila com cerca de umas cinco pessoas a minha frente, fica ali parada esperando chegar a minha vez, como no caminho até a livraria, lá não seria diferente, aproveitei para observar o comportamento da pessoas, alguns davam risadas em grupo, outros se isolavam e até choravam encostados na parede enquanto estão sentados tomando algo, mas aquele momento não durou por muito tempo, pois a Halno chega por detrás.

— Gente, que cara estranho. Estava lá pegando um livro e ele encostou a cabeça na minha coxa e em seguida parecia passear levemente sua mão sobre minha nadega direita, não sei se foi impressão, mas senti algo assim sabe.

— Um de capuz preto e barba por fazer? - questionei

— Ele mesmo... vai dizer que fez o mesmo com você? - ela parecia irritada e com medo.

— Apenas encostou sua cabeça nas minhas coxas e me sugeriu dois livros.

— Você não fez nada?

— Você também não, pelo visto.

Ela parece ter ficado chateada, só não entendi com o que, mas ao menos ela se calou. No caixa passei meus livros e paguei com a mesada que recebo, tinha acabado de me formar como genin, sequer missão ainda tinha feito, então não tinha meu dinheiro ainda.

Na saída, sai acompanhada da Halno, que se manteve quieta a viagem rumo ao parque, até que ela se aproximou de mim e abraço meu braço, olhei para ela e seus olhares apontava para trás, ainda que não estivesse olhando. Tratei de observar e vi o sujeito que havia me sugerido os livros, ele parece estar nos seguindo.

— O que esta acontecendo? - perguntei pra ela.

— Não ta vendo, esse cara ta querendo nos pegar ou algo assim. - ela cochichava, parecia assustada, ainda que achasse estranho, não gostei de vê-la daquele jeito.

— Ei seu filho da puta! - tirei os braços dela que me envolvia e entreguei minha sacola para ela, seguindo em direção ao estranho — O que você quer?

Ele não me respondeu, apenas permaneceu parado com um sorrisinho maléfico no canto da boca, eu continuei em sua direção, a fim de ficar cara a cara com ele, mas creio que foi um erro, pois assim que me aproximei, ele aplicou um soco no meu estomago. Na hora cuspi um pouco de saliva, mas ainda consegui me manter em pé, conseguindo proteger meu rosto do outro soco dele, agarrando com a mão esquerda.

Pessoas ao redor começavam a se afastar, eu levantei e apliquei um chute bem no saco dele, assim como Oguichi sempre me orientava, em situações como aquela, que agora faziam sentido. O rapaz se ajoelhou e abraçou seu estomago, após um gritinho feminino, ainda que este aparentava ser um homem.

— Você quer morrer de forma lenta ou rápida?

— Não Cho!

— Porque? Ele queria se aproveitar da gente, certeza.

— Mesmo que fosse, não podemos mata-lo, ele tem que ser levado para a justiça.

Confesso ter que concordar, mas Halno estava certa, creio que o fato de ter entendido as possíveis intenções daquele canalha, tenha me deixado um tanto que eufórica. Então apenas chutei a cara dele, o que parece ter levado ao desmaio, caminho em direção a chata, pego minha sacola de livros com ela e sigo rumo ao parque, acompanhado de Halno, que estava do meu lado direito.

— Obrigada! - ela agradeci com um sorriso.

— Foi nada, você é chata, mas de certa forma... eu gosto dessa chatice.

— Sério?

— Não. -gargalhamos e em seguida, fiz meu papel de ouvinte, escutando as histórias malucas e chatas dela.

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