Naomi sorriu e acenou para ele, do outro lado da arena.
A maneira como fazia até os menores gestos soarem como uma provocação bem-vinda beirava o imoral. Fushiguro não pôde evitar que um meio-sorriso se formasse em seus lábios como resposta, embora ainda mantivesse a pose.

— Preparado para tomar outra coça? — A rōnin disse, mantendo uma mão sobre o punho da espada.

— Ainda não sei como pretende me atacar a essa distância — estavam a 25 metros um do outro, e Akira desdenhava da confiança de sua parceria. Provocações mútuas faziam parte do relacionamento daqueles dois.  

— Acha que só porque dominou a espada já está do meu nível, meu amor? — Ela fez as duas últimas palavras soarem provocantes, pondo um sorriso travesso para enfeitar a face. — Me desculpe dizer isso, mas o seu movimento ainda é muito... Hmm, como posso dizer? Ele é muito normal.

— Ehh? — o Nukenin coçou a cabeça, arqueando uma sobrancelha. Ela tornou a sorrir.

— Fique em posição, querido. Hoje, eu vou lhe mostrar o sobrenatural.

Ele obedeceu, e, verdade seja dita, seu motivo para estar ali era pura curiosidade. Ele havia insistido para Naomi permanecer em casa, visto que ela estava grávida de seu filho (ou filha), mas a mulher nem quis saber. "Gravidez não é desculpa para não rir da sua cara quando eu chutar sua bunda", foi o que a renegada declarou.
É, talvez ele estivesse mesmo apaixonado.

O próximo movimento de Naomi foi tão rápido que Fushiguro mal pôde acompanhar. Em questão de instantes, se movendo a uma velocidade absurda, a ronin venceu a distância de vinte e cinco metros que os separava. O mais absurdamente impressionante é que ela fez aquilo enquanto realizava o movimento de sacar sua katana e desferir um único ataque horizontal, que o nukenin só pôde desviar por milésimos de instantes ao jogar a coluna para trás. Ainda assim, um pequeno corte se abriu em sua roupa, na altura do peitoral.

— As vezes eu acho que você realmente está tentando me matar — ele falou, muito masi impressionado do que qualquer outra coisa.

Naomi riu, cobrindo a boca com a mão esquerda e se apoiando na espada, com a ponta fincada no chão.

— Eu escolhi confiar nos seus ótimos reflexos, amor. — Embainhou a espada, dando um passo para ficar bem próxima a ele. Sua próxima frase saiu em um mero sussurro: — O nome é Iaidō, a propósito.

Então ela o beijou, tocando seus lábios com ternura. Ele correspondeu ao beijo, e alguns instantes depois teve as partes íntimas atingidas pelo joelho da moça.

— Vamos lá, eu não te mostrei isso apenas para te deixar animadinho. Quero que aprenda a usar o Iaidō para ser seu novo estilo de luta.

Akira rio, mas ainda com uma careta de dor.

— Eu não sei se te amo ou se quero te matar — disse.

— E há diferença? — A renegada piscou e sorriu enquanto dava as costas, se afastando vinte metros e ficando em posição.

O treino de ambos se estendeu durante toda a tarde, até Akira ter dominado por completo a técnica de sua namorada.

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