ㅤㅤO oceano almejava engoli-lo, incessantemente avançando contra ele, desejando leva-lo para as profundezas, desejando leva-lo para o esquecimento... Travara uma guerra contra as forças da natureza para chegar até aquela praia, de areia escura e opaca. Ainda ofegante percebeu quando algo emergiu da imensidão negra à suas costas. Era assustador. À medida que seus olhos contemplavam tal horror os detalhes se tornaram factíveis; dez cabeças blasfemavam contra ele em uníssono, cada uma delas adornada com chifres negros, cada chifre contendo poder para amaldiçoar e apodrecer a terra. A visão aterradora despertou-o daquele pesadelo, arfando e transpirando, como se acabasse de voltar do inferno. O que foi esse sonho? O que ele significa? Quis entender o horror que acabara de ver.



ㅤㅤAbaixo dele uma cama confortável o acolhia, à sua volta uma escuridão quase total o cercava. A lânguida iluminação, provinda de uma vela, era o único sinal de calor naquele cômodo. O púbere ainda estava recobrando a consciência quando sua nuca palpitou de dor, o desequilibrando, que droga, que dor é essa? A aflição latejante também evocou alguns fragmentos de memória; em um deles estava perseguindo silhuetas desconhecidas e encapuzadas no interior de uma floresta, muitos saltos ele efetuou sobre a copa das árvores para alcançar seus alvos. Noutro ele avistara a entrada de um templo, adornado com símbolos religiosos e uma atmosfera sacra, e sua última recordação foi das pupilas estreitando-se antes que ele sucumbisse ao chão. Então, eu...Fui capturado? Todas as evidências apontavam que sim.


ㅤㅤAtentou-se a um ruído de passos se aproximando. Tem alguém vindo. Serei morto? Assim que terminarei, sozinho numa cela escura e fria?  À sua frente barras de ferro o enclausuravam, deixando-o sem saída. Os lados eram obstruídos por paredes, sem saída, pensa, pensa, pensa... Antes que pudesse decidir o que faria, uma figura encapuzada se fez presente do lado de fora da recâmara. O rosto do indivíduo era favorecido pela baixa luminosidade presente naquele momento, se tornando completamente obscuro. Um frio sinistro tomou de assalto seu corpo.

ㅤㅤ— Pelo que vejo, despertou de teu sono. — Uma voz emanou da escuridão.
ㅤㅤ— Eu não estava dormindo.  — De fato não estava, havia sido nocauteado por alguém. — Onde estou? O que pretende fazer comigo? — O tom de sua fala era tênue, porém firme. Ainda que sua situação fosse delicada e desvantajosa, sua altivez não deixava-o transparecer derrotado.
ㅤㅤ— Seja bem vindo a Casa do Corpo e da Alma — A sombra nomeou o lugar.
ㅤㅤ— Há um engano aqui. Não sou religioso, nem tenho interesse em passar a ser. — Deus e Eru estavam desamigados há bastante tempo. — Me deixe sair! — A cólera era notável em sua última sentença proferida.

Notas:

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ㅤㅤ— Sua presença é necessária. Precisamos de sacrifícios em nome do poder. — Aquelas palavras fizeram as pupilas do Kaguya dilataram-se. — Precisamos de corpos férteis, como o teu, para uma alma pura, como a que oferecemos a ti.
ㅤㅤ— Como assim, o que você está dizendo? Me deixe sair! — Bradou se aproximando das vigas de ferro.

ㅤㅤO gesticular de mãos do homem trouxe novas sombras para o recinto, encapuzadas e anonimas. Os murmúrios e cochichos dessas foram repreendidos no ato, não havia lugar ali para aquilo. A autoridade presente voltou a se direcionar ao jovem, que percebera que o tom da fala escalava cada vez mais a um objetivo maior, a algo grandioso, sublime...

ㅤㅤ— A muito tempo, estivemos a procura de obstinados, você terá a oportunidade única de receber o suprassumo do poderio. Tornara-se o pináculo da arte sábia. Mal posso esperar.

ㅤㅤAlgumas coisas fizeram sentido para ele, mas só algumas. Novamente esse sangue amaldiçoado me causando problemas, mais uma vez... Esse pensamento fez com que sua contraparte adormecida se rebatesse dentro de si. Este sangue é especial, divino... É por isso que tantos o obstinam. Você é um tolo Kaguya Eru, você não merece tal dádiva... Dê ela para mim! A imponência com o qual proferira tais palavras significava que o consciente de Eru estava abalado. Calado, você é nada aqui. Enquanto eu estiver pleno e sóbrio, não preciso temer você. Desapareça! O embate mental foi interrompido com velas perturbando a escuridão. Em mesma cadência os pequenos pontos de calor foram acendendo-se, revelando ao jovem mais do lugar onde estava. A mudança drástica do ambiente acautelou-o totalmente.

ㅤㅤÀ sua frente era descortinada uma espécia de arena. Sua cela estava localizada bem no centro do complexo, rodeada de grandes círculos de ferro, isso são... saídas? Não sabia ao certo.

ㅤㅤ— MOSTRE-SE MERECEDOR, SUPERE AS ADVERSIDADES E UNA SEU ESPÍRITO! — A voz daquele homem já o enojava aquela altura. Os outros o acompanharam, vibrando e iniciando a balburdia. O que estão planejando?

ㅤㅤAos poucos foram ausentando-se da vista de Eru, e quando se deu conta estava só mais uma vez. A calmaria, pela primeira vez em sua vida não o acalmava, pelo contrário, o deixava apreensivo. O que acontece agora? Para onde esses desgraçados foram? Preciso achar um jeito de sair desse lugar... Foi surpreendido por um ranger entre as barras de ferro à sua frente, estão me libertando? Parecia suspeito demais. Quando o ruído cessou lá estava; livre. É uma armadilha? Pensou. Seus olhos esquadrinharam toda a extensão do lugar, de cima a baixo e para ambos os lados, até que se atentaram a um outro movimento; agora as passagens circulares de aço estava se movendo, girando para as laterais. Seu corpo recebeu o jato de adrenalina na hora certa. O perigo era iminente.

ㅤㅤDe seu braço esquerdo, o úmero se estendeu cinquenta centímetros para fora de sua derme. No braço direito o outro úmero também presenteou-o com uma protuberância esbranquiçada, inflexível como um pedaço de aço. Seu olhar desafiador também era receoso, não sabia nada sobre os perigos que o aguardavam, mas estava pronto. O que quer que se colocasse à sua frente não o derrubaria tão facilmente. Não sucumbirei, não aqui.

Notas:

Atributos e Qualidades:

Jutsus Utilizados:

Bolsa de Armas:

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