Naquela noite o homem havia abdicado de seus afazeres tradicionais em nome do Mizukage que havia lhe pedido para averiguar o estado da aldeia presente no país da primavera. Aparentemente Yukigakure no Sato vinha sendo uma preocupação por conta de alguns boatos negativos que cercavam a aldeia, mas o Mizukage não teve tempo de ir por conta própria até aquele local, pedindo então que o médico o fizesse e aproveitasse para expandir de forma pacífica o domínio do país da água, colonizando Yukigakure. Ajustando seu sobretudo no corpo, o imortal seguia para o seu destino dentro de uma embarcação discreta, aproveitando um pouco do cigarro que tinha entre os lábios e ouvindo apenas o som dos remos contra a água conforme o senhor dono da embarcação seguia a viagem. Em cerca de uma hora ele também já conseguia ouvir o som das ondas que quebravam perto da costa, observando a região que um dia já esteve cheia de neve. — ...Parece estar tudo calmo por aqui. — a serpente escondida sob seu sobretudo cortou o silêncio, deslizando a cabeça pelo ombro dele e observando a região. — Eu espero que esteja tudo bem dentro da aldeia também.

Quando a embarcação atracou, o homem agradeceu ao mais velho e saiu do barco, se dirigindo lentamente pela rota sutil que iria o conduzir até Yukigakure. Cubellios se mantinha oculta sob o sobretudo dele, afinal o rapaz queria ser discreto e… bem, uma cobra com asas não era exatamente o sinônimo de discrição. Alguns minutos de caminhada foram o bastante para ele avistar a entrada do vilarejo que, aparentemente, não tinha guardas, o que era algo estranho para o jounin. Ele apagou o restante do cigarro que tinha entre os lábios e colocou as mãos nos bolsos do sobretudo, entrando na vila silenciosamente. Nas ruas também não havia sinais de civis, o que era ainda mais estranho, até que Noboru começou a ouvir vozes ao longe. — É, parece que a preocupação do Mizukage estava correta. — ele murmurou para a serpente ao verificar o aspecto precário que algumas casas tinham.

Conforme se aproximava do centro do vilarejo, Noboru viu uma pequena comoção ao redor de um palanque, onde um homem muito bem vestido falava com os membros da vila. Ao redor do homem, dois guardas vigiavam os arredores e cuidavam da proteção do homem. Rapidamente ele buscou uma árvore próxima e se moveu no ápice de sua velocidade, se escondendo dos olhares alheios em meio as folhas da árvore. Pelo discurso que ele ouvia o homem fazer, foi fácil para o médico entender que ele era o líder daquele pequeno vilarejo e que estava tentando motivar o seu povo. — Eu e meus homens estamos fazendo o possível para lidar com o abominável grupo que têm saqueado a aldeia, mas ainda não conseguimos pegá-los… entretanto, confiem em seu líder! Nada é mais importante do que a segurança da aldeia! — ele finalizou, gerando expectativa em alguns, mas desânimo na maioria. "Pelas reações, ele está fazendo promessas não é de hoje…" ponderou, acompanhando com as orbes cinzentas o movimento dos habitantes voltando para as suas rotinas e suas residências precárias; seu líder, por outro lado, ia para a maior das casas que havia ali, além de ser a única com aspectos luxuosos.

— ...O que vai fazer? — Cubellios indagou, baixo, recebendo alguns segundos de silêncio como resposta. Noboru ainda não sabia se iria se apresentar para o líder daquele lugar ou investigar por conta própria, pois era estranho o fato de ele estar vivendo tão bem enquanto os outros moradores estavam naquela situação precária. — ...Vamos sondar e descobrir mais algumas coisas…

Como já estava à noite, o médico não precisou esperar muito para seguir até a residência do líder de Yukigakure. Ele não invadiu, apenas se esgueirou por fora da casa, notando que não havia qualquer sinal de segurança do lado de fora, o que era estranho considerando que a aldeia estava sendo vítima de um grupo de bandidos. "Ele não tem receio de ser uma das próximas vítimas?" perguntou-se, usando o chakra em seus pés para subir as paredes da casa e espiar pelas janelas do segundo andar. Estranhamente, o único ponto de onde ele podia ouvir vozes era dos fundos da mesma; optou por saltar para o telhado da casa e ir discretamente em direção aos fundos para conseguir ver quem estava ali e ouvir o que falavam.

No belo jardim que ficava nos fundos daquela grande residência, Noboru avistou o homem que antes estava no palanque com seus guardas e outros cinco homens, estes com aspectos diferentes, apesar das roupas semelhantes a dos guardas e que mostravam o mesmo respeito para o líder. — Estão fazendo um bom trabalho. Com mais alguns saques, poderei forjar minha morte e partimos desta aldeia decadente! Temos muito a fazer, meus homens, felizmente nenhum desses aldeões idiotas suspeitaria de seu bondoso líder! — ele se vangloriava, fazendo Noboru suspirar e realizar os sinais de mão necessários para colocar uma densa névoa no lugar, bloqueando a visão dos homens que logo estranharam. Silenciosamente, Noboru se moveu agilmente por entre a névoa, visto que o próprio já estava acostumado com aquele tipo de ambiente e, energizando as mãos com chakra, ele acertou os cinco bandidos que haviam ali, interferindo nos sinais elétricos destes e impedindo a sua movimentação.

Os próximos seriam os guardas daquele homem, mas uma forte ventania dispersou a névoa e os dois guardas dispararam cristais de gelo contra ele, furiosos. — Um invasor! Ele ouviu tudo, não deixe que saia vivo! — o líder deles gritou, vendo Noboru lidar com os cristais através de uma grande bola de fogo. Enquanto os guardas lidavam com o médico, o líder começou a recuar, covarde, pronto para deixá-los sozinhos, mas não foi muito longe pois Cubellios deslizou para fora do sobretudo do médico e os cercou por trás, sibilando. Após parar o ataque de gelo, o médico notou que os homens avançavam em perfeita sincronia para lhe atingir, o que o fez emanar uma grande quantidade de chakra raiton através do Chidori Nagashi, de forma a conseguir parar ambos ao mesmo tempo através dos efeitos da natureza elemental; não buscava feri-los gravemente, apenas os imobilizar. Só restava o líder que olhava do médico para a cobra, pensando em uma forma de escapar. — Acabou. Você vai assumir seus crimes para o povo desta aldeia. — murmurou o imortal, fazendo o homem ranger os dentes e recuar alguns passos. Com a ameaça do homem de fazer sinais de mão, uma serpente deslizou para fora da boca do Inaba e se atou ao pescoço do líder, o prendendo.

Com todos devidamente presos, Noboru os levou para o palanque onde o líder estava mais cedo, enganando os moradores da vila. Logo a comoção estava formada ao redor deles outra vez e Noboru suspirou, explicando o que havia ocorrido. — Seu líder era o responsável pelas perdas de vocês. Ele e seu grupo iam partir da aldeia assim que não tivessem mais o que roubar… Vocês merecem coisa melhor que isso. Eu vim em nome do Mizukage e gostaríamos de trazer mudanças para este lugar, fazê-lo prosperar ao se tornar uma colônia de Kirigakure!

Os aldeões não se opuseram à ideia, muitos agradecendo por terem recuperado seus pertences que estavam escondidos na casa daquele maldito homem que antes os liderava. Por fim, Noboru saiu da vila e fora informar a seus superiores os resultados e que teriam mais uma colônia para Kiri.

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