Há dois dias atrás, o jovem Mizukage Senko reuniu-se com o conselho da vila para tratar de assuntos sérios referentes ao desenvolvimento da vila. Presentes na reunião estavam o Daimyō do País da Água e alguns anciões de confiança.

— Chamei os senhores aqui porque tenho uma proposta interessante para o desenvolvimento de Uzushio: colonização. — Os olhos dos conselheiros arregalaram, interessados em ouvir o que o menino estava propondo. — Daimyō, imagine se pudéssemos expandir o domínio do País da Água e arrecadar mais dinheiro para a vila, realizar mais trocas comerciais e aumentar ainda mais o nosso poder militar? É sobre isso que as colonizações servem. Estudei algumas regiões próximas do nosso território e… — ele dizia, desenrolando um grande pergaminho contendo o mapa-múndi. Senko pôs o dedo sobre um território fronteiriço com Konoha. — Essa é Tsukigakure no Sato e, em breve, ela será dominada por Uzushio.



Senko e sua comitiva navegaram de barco pelas águas frias do País da Água, saindo pelo porto Oeste de Uzushiogakure. Apesar de ser em outro país, não demoraram muito para chegar em um caís abandonado do País da Lua. Assim que ancoraram a embarcação, se preparam para partir junto do Mizukage, mas Senko não permitiu. Preferiu que ficassem no barco, ele queria resolver aquela situação sozinha e da maneira mais pacífica possível. Assim que pisou nas Terras do País, usou da técnica do Henge no Jutsu para camuflar a sua real identidade, vestindo-se então das roupas típicas do País e ostentando a bandana com o símbolo de uma lua. A ideia inicial era se infiltrar entre os habitantes daquela vila, identificar os padrões de comportamento, tomar nota das dificuldades que tinham, infraestruturas que precisavam de melhorias e de possíveis conflitos políticos que transparecessem para a população. Tudo isso para ter argumentos suficientes para fazer uma colonização limpa de baixas, Senko não pretendia causar nada que incitasse a violência, mas… se fosse preciso, talvez ele conseguisse se forçar a infligir algum mal aos habitantes daquele pequeno país. Talvez.

Antes de adentrar os portões da vila, engoliu seco e colocou na cabeça que não podia agir de forma suspeita. Olhou para os ninjas que guardavam os portões e acenou com a cabeça, desejando um bom dia para eles e logo a sua passagem foi garantida. Pelas ruas que passava, logo via rostos tristes e pessoas desanimadas, mas quando viam um ninja com uma bandana, começavam todos a rir e a sorrir. Do nada, o povo da vila parecia feliz, feliz demais… tinha qualquer coisa que não estava certa ali. Enfim, talvez ele descobriria com o tempo. Agora tinha que focar nas coisas que realmente importavam: a saúde da vila. Toda a vila parecia bem humilde, com casas bem simples e mau estruturadas. As ruas eram um pouco sujas e parecia que o encanamento não era um dos melhores. Caminhando para as regiões mais periféricas, aquele grande problema se acentuava ainda mais, com casas que nem pareciam ter saneamento básico. Era um horror, parecia uma vila muito subdesenvolvida. Senko foi tomando notas mentais sobre essas pequenas situações.

Porém, enquanto Senko se distraía com a paisagem humilde, esbarrou em outro ninja que caminhava no sentido contrário. — Ei! Novato, pra onde você tá indo? Tá maluco? Desse jeito você vai se atrasar para a reunião na casa do Líder e… você sabe o que ele faz com os atrasados, não é? — disse o ninja, com um semblante um pouco triste. — Saudade do Hitsugi… que Hagoromo o tenha… — Senko arregalou os olhos, entendendo que o ninja de quem ele falava tinha sido morto pelo chefe da aldeia apenas por se atrasar. — Vem, vamos. — O Mizukage apenas o seguiu.


Chegando na reunião, viu que o prédio do chefe da aldeia era completamente diferente dos demais. Portas de ouro, paredes enormes adornadas com mármore, estruturas bem-feitas. Não apenas o prédio principal, mas os seus vizinhos também. As ruas eram limpas e os gramados eram floridos. Era como se fosse um complexo dentro da própria vila que vivia numa realidade completamente diferente. “Então o chefe vive nesse luxo todo enquanto o resto da população sobrevive naquelas condições…? Estou vendo onde isso vai chegar”.

Senko e o outro ninja chegaram a tempo e foram se colocando dentro da sala onde falariam com O Líder. Todos os ninjas presentes mantinham silêncio, em completa reverência ao chefe da aldeia. Então, Senko pode ver pela primeira vez quem comandava as terras de Tsukigakure. — Saúdem O Excelentíssimo Líder da Lua, Daishan Tsuki! — nesse momento, o líder entrou na sala com suas vestes prateadas e todos os ninjas bateram uma continência. Senko apenas reproduziu o movimento.

— Muito bem… chamei-vos aqui porque quero organizar as coisas de amanhã. Como sabem, teremos o nosso festival anual da Colheita. Quero todos vocês de olho nesses camponeses, qualquer mãe que vier reclamar, podem bater sem dó. Se alguns dos pedintes vierem atrapalhar, levem-nos pro canto, deem umas porradas, matem essas pragas se precisarem, mas só resolvam isso logo. Estou esperando grandes doações desta vez, se vierem com migalhas, intimidem-nos para doarem mais. E lembrem-se: quero que todos estejam sorrindo, tudo tem que parecer o mais feliz possível.


— Excelentíssimo, e as garotas? — perguntou um dos ninjas.

— Vocês já sabem o procedimento. Encaminhem elas para o boneco de palha, posicionem e ateiem fogo. Simples. — Senko ficou perplexo. “Ele quer atear fogo em garotas?!?! Bater em mendigos, ameaçar os camponeses, extorquir as pessoas da própria vila? Por que eles não fazem nada?!”.


Não tardou para Senko ter a sua resposta.

Entre a multidão, um dos ninjas deu um passo para frente. — Senhor! Peço perdão pela intromissão! — dizia, fazendo uma vênia — Já faz um tempo que estive pensando e eu acho que poderíamos tratar eles com mais calma, acho que apenas o ritual da colheita já é peso demais para eles. — Engoliu seco depois de perceber a possível merda que tinha acabado de fazer.

Daishan olhou para o rapaz com desprezo, mas respondeu à sua pergunta. — Como assim “é peso demais para eles”? A Colheita não é peso para ninguém. É libertação. É honrar a minha família e os deuses da Lua! Os camponeses são tratados do jeito que merecem. Os únicos que merecem um tratamento especial são os estrangeiros que visitam essa terra, e por quê? Porque eles trazem riquezas para nós, garantem o pão na tua mesa. Sinto que suas palavras foram muito desrespeitosas, rapaz... como ousa falar assim da Colheita? — indagou.

— Pe-peço desculpas, Senhor! Eu nunca quis d-desrespeitar, eu garanto que isso não vai acontecer de novo!

— Não estou preocupado… eu sei que isso não vai acontecer de novo. — em sua mão direita, raios começaram a surgir e Daishan rapidamente atravessou o peito do ninja que havia cometido a “blasfêmia”. Ele caiu no chão, morto, e logo outros ninjas trataram de carregar o corpo do falecido.

Era por isso que ninguém dizia nada. Daishan era um tirano, impunha medo nos ninjas que, por sua vez, reproduziam aquele sentimento para os aldeões na cidade. Se alguns camponeses parecessem tristes, os ninjas tinham a obrigação de coagi-los a sorrirem. As ruas eram precárias porque o ditador gastava tudo consigo mesmo. Onde já se viu? Vestir-se de prata, ter portas de ouro e paredes de mármore enquanto seus habitantes cagam em buracos e tomam a água da chuva? Viver nessa vila devia ser um filme de terror. Isso precisava acabar.


No dia seguinte, Senko, ainda mantendo o disfarce, foi ao festival da Colheita. Todos os habitantes da aldeia estariam reunidos ali. O Mizukage já tinha um plano em mente, só precisaria saber como executá-lo: com a plateia toda reunida, Senko ameaçaria a vida de Daishan e incentivaria a própria população oprimida a se revoltar contra o tirano. Sendo assim, não precisaria matar ninguém e muito menos teria que cometer violências contra quem não merecia. Daishan e sua família mereciam a prisão, e era isso que iriam ter. Senko, vendo que o ditador já se encontrava sentado em um trono em cima de um palanque, rodeado por 7 guardas – sendo eles cinco guardas franzinos e dois um pouco mais musculosos –, preparava sua estratégia. Enquanto isso, reunia energia natural para auxiliar no conflito que viria a seguir.

— Cidadãos de Tsukigakure no Sato! Sejam bem-vindos ao Festival Anual da Colheita! — Daishan dava as boas-vindas e, enquanto alguns ninjas recolhiam o dinheiro dos pobres camponeses, Senko caminhava por detrás do palanque, se misturando com o pequeno esquadrão que ali estava.

— Tragam! Tragam as nossas meninas, vamos celebrar o deus da Lua! — ainda estava claro, mas ao longe já via a lua com a chegada do pôr-do-sol. As meninas caminhavam com vendas nos olhos e com as mãos amarradas, dezenas de garotas inocentes que estavam sendo levadas em fila indiana para um grande boneco de palha que ficava atrás do palanque. Senko prestou mais atenção nos guardas que ficavam em volta de Daishan. “Sete guardas, cinco franzinos e dois mais fortes. Os cinco estão enfileirados, talvez eu tenha uma vantagem se usar algo forte e rápido. Depois eu seguro os outros dois e rendo o Daishan com uma kunai no pescoço.”

Pronto, ele só precisava do momento ideal para fazer o discurso. Senko desfez o disfarce, ativou o seu Sharingan com três tomoes, entrou no Modo Sábio dos Corvos e fez o Manto de Chakra do Rokubi surgir: era a hora do pau! Saltando em direção aos guardas, Senko manipulou o manto de chakra azure-branco para formar dois braços gigantes de chakra. Em sua investida, ele deu dois tapas com as mãos gigantes na horizontal, jogando os cinco guardas mais franzinos para longe do palanque. Ao mesmo tempo que pulava em cima de Daishan com uma kunai empunhada em sua mão direita, os dois braços de chakra pressionavam o corpo dos guardas mais fortes a fim de imobilizarem, enquanto a kunai era posta sobre a garganta do ditador. — Não. Se. Mexa. Se você se mexer, eu te degolo AQUI MESMO! — Enquanto dizia, manipulava a energia natural ao seu redor para causar um efeito intensamente negativo em Daishan, para que ele sentisse efeitos similares a depressão, ficando extremamente amedrontado. Senko olhou para plateia e gritou. — PAREM, PAREM O FESTIVAL! — as crianças da fila pararam de andar quando ele começou a berrar. — MORADORES DE TSUKIGAKURE NO SATO! Eu, Senko Uchiha, o líder da Aldeia do Redemoinho, declaro que hoje trago liberdade ao povo da Lua! Comigo ao seu lado, vocês jamais terão miséria, jamais serão humilhados por esse inútil, suas crianças nunca serão encaminhadas para a morte e enfim terão felicidade eterna. Eu andei por essas ruas, eu vi o sofrimento nos olhos de vocês e os sorrisos falsos que são obrigados a dar. Eu vi as doações criminosas que são coagidos a entregar, eu vi o luxo que Daishan e sua família aproveitam enquanto pisam em vocês! Agora tenho-o em minhas mãos e vocês jamais sofrerão! Se rebelem! Aceitem a grande colônia que eu farei em vossa terra e estarão livres de Daishan Tsuki e sua ditadura! — o povo ficou completamente sem reação ao ver que alguém tinha a coragem de desafiador o ditador. Era isso? Eles finalmente teriam liberdade?

— Calabouço ao ditador! — um corajoso homem entre a multidão gritou, quebrando o silêncio dos camponeses. Logo, mais pessoas se juntaram para gritar. — Calabouço ao ditador! — Senko tinha conseguido a aprovação do público. Finalmente, eles estariam livres!
Com a prisão de Daishan e sua família, as coisas começaram a mudar em Tsukigakure no Sato. Senko chamou a sua comitiva e logo começaram os preparativos para a colonização. O Mizukage queria fazer um projeto humano, ele queria ajudar toda aquela gente que sofria na mão daquela família sem escrúpulos. Os próximos dias seriam de um trabalho árduo e bem feito para recuperar a dignidade no País da Lua.

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