Ao menos no tempo em que fui chamado para comparecer em uma missão oficial da vila por mais uma vez, não me encontrava em casa. Com os olhos vendados com apenas uma pequena abertura para o olho esquerdo, a informação chegou de maneira precisa e bastante breve. Sendo assim, não medi esforços para acelerar os passos e alcançar o gabinete o quanto antes, onde supostamente me encontraria com aquele que me instruiria sobre a missão. Me encontrando com o Chuunin, o mesmo contou detalhes adicionais sobre os objetivos das missões: Seriam duas, interligadas entre si. Porém a principal que reinava era a missão da recuperação de um inseto extremamente raro, que deveria ser trazido de volta a vila com vida, por conta de seu roubo pelas mãos sujas de meliantes. Eles se encontravam em montanhas próximas deste local, e entendo as ordens que me foram passadas, imediatamente dei as costas e disparei em máxima velocidade contra pos portões da vila, com intenção de deixá-la o mais rápido possível e assim iniciar a caçada ao grupo de mercenários que sequestraram o raro inseto.

— "Ao menos almejo que sejam menos animalescos que aqueles no vilarejo de algum tempo atrás. De qualquer forma, não medirei esforços para ceifar suas vidas, se for necessário. Vamos ver o que acontecer, mas de qualquer forma, duvido que eu ao menos tenha que levar esta luta a sério. Quem diria...Um Hyuuga que se recusa a utilizar o Byakugan. Estaria eu sendo dominado pelo orgulho de minha própria força? Hm, é interessante, afinal." — Dizia a mim mesmo, em um tom de deboche, cantando vitória antes mesmo de se encontrar com o alvo.

Chegando no local com certa facilidade e bastante velocidade, logo perceberia que havia adentrado em território inimigo. Sem nem mesmo a utilização dos olhos Byakugan, dentro da grande mata que ali cobria grande parte do local, era capaz de observar uma estrutura similar a uma casa ao fundo, com três duplas. Deduzi rapidamente que se tratavam de inimigos e que dentro da casa possivelmente se encontraria o inseto "sagrado", e por não terem me percebido até o momento, tinha a vantagem. Em mãos opostas, saquei ambas as espadas gêmeas em um movimento de X e me preparei para o ataque, lentamente manipulando os ventos ao redor. Com ambas as espadas, as bati contra o chão e me impulsionei ao ar com uma grande corrente de vento, na intenção de voar sobre os oponentes momentaneamente. Caso obtivesse a vantagem de altura, giraria em torno de mim mesmo e giraria as espadas em lados opostos, realizando diversos e pequenos cortes ao vento, criando pequenas lâminas de vento que viajariam para a esquerda e direita. A intenção era atingir ao menos quatro dos seis inimigos presentes no local de uma só vez, uma vez que a corrente de lâminas de vento talvez fosse o bastante para cortar todos os corpos ali presentes de uma só vez. Quanto a dupla restante, tentaria me esconder do alcance de visão dos mesmos, em um local sombreado. Hora ou outra a dupla deveria verificar a situação daqueles corpos jogados, e caso tal viesse a acontecer em um futuro próximo, estaria preparado. Realizando selos de mão, amassaria o chakra no estômago e lançaria uma pequena bola de coloração esbranquiçada contra os mesmos, que então se expandiria em uma enorme explosão de ventos. Este era o Futon: Atsugai. Tal jutsu de potencial destrutivo gigantesco, teria como finalidade a completa aniquilação daqueles que restaram, sendo uma tentativa para dar cabo das três duplas de uma só vez sem que haja muito a mais ao caminho.

— "Isso já deve ser o suficiente para me livrar destes caras. Não sei o que já fizeram no passado, mas se são criminosos, então nada receberam além do que punição pelo seu passado ignóbil. Perdão não é uma opção para quem destrói a felicidade e esperança dos outros, afinal de contas. Mas, no entanto, eles também não poderão reclamar se fizerem o mesmo com eles, não é? Mesmo assim, o que dirão as famílias deles quando chorarem? Isso me faria ser igual eles? Quem sabe...Mas ao menos, sei que não estou apenas ceifando vidas para meu bel prazer. Lutar pela justiça é honra, e nada mais." — Diria tais palavras.

O Coçar de pescoço era um dos meus maus hábitos. Era algo involuntário de minha pessoa, mal conseguia perceber quando o fazia e raramente me atrapalhava. Mas desta vez, me custou um pouco de sangue. O impacto do fluxo de água pressurizado fora forte o suficiente para me arremessar a uma distância considerável, mas ainda continuava com um sorriso no rosto. Haviam sido danos patéticos, por mais que um leve dor percorresse pelo meu corpo, ainda não estava nem perto do suficiente para conseguir me derrubar. Utilizando da habilidade em taijutsu natural, tentaria amenizar o impacto e cair com os pés no chão, fincando ambas as espadas no solo enquanto deixava os pés ligeiramente encostados no mesmo, apenas firmando quando a inércia viesse a se enfraquecer. Caso conseguisse ter uma aterrissagem suave, teria noção visual da aproximação de um ataque da natureza Raiton, vindo em alta velocidade contra mim ~ Um feixe elétrico.

— "Um ataque combinado, eles estão utilizando? Que interessante, os últimos meliantes que enfrentei mal conseguiam se segurar por conta própria, mas estes parecem ter tido um treinamento no mínimo básico. Mesmo assim, eles não são nada mais do que degraus para mim." — Pensei, afiando o olhar.

Imediatamente segurei as empunhaduras com força e retirei as espadas da terra, controlando os ventos ao redor e então utilizando de velocidade e maestria com as espadas, girando-as em minhas próprias mãos para criar uma espécie de "ventilador" com as lâminas, que infundido com Chakra Futon, serve para neutralizar a força de técnicas inimigas ou mesmo dissipá-las por completa, como um escudo improvisado.


Caso conseguisse dissipar por completo a técnica inimiga, rapidamente pararia o giro das lâminas e avançaria em velocidade máxima contra a dupla de oponentes restantes, sempre com um leve sorriso em rosto. Sabia que eles não seriam páreos a mim, mas do mesmo jeito queria testá-los um pouco mais. Sendo assim, utilizei-me das espadas para criar uma corrente de ventos que fosse poderosa o suficiente para arremessar-me com maior velocidade na direção dos mesmos. Caso conseguisse me aproximar o suficiente de ambos, giraria ao redor de meu próprio eixo e então arremessaria as espadas contra os mesmos. Uma para cada cabeça, focado em eliminar os alvos com precisão, velocidade e técnica. Caso conseguisse finalizar o combate ali mesmo, andaria por mais uma vez até os corpos e retiraria suas lâminas agora ensanguentadas do crânio de cada um e as limparia rapidamente, guardando-as por mais uma vez em suas bainhas e indo em direção a casa para descobrir o que há em seu interior.

Após o término do combate, não demorara muito até o encontro do Inseto Sagrado em meio as tralhas daqueles marginais incrédulos. Dentre os pertences pessoais, uma gaiola encontrava-se com o pequeno inseto, o qual estava bastante agitado. Retirando o objeto que o prendia de cima das outras porcarias, notaria que um livro ligeiramente maior que os outros caía de páginas abertas, revelando ser um álbum de fotos. Colocando a gaiola sobre a mesa para verificar o conteúdo de tal livro, observaria que se tratava de um álbum de fotos. Agarrei-o do chão e soprei a poeira para longe, liberando a visão de ambos os olhos para visualizar as fotos com clareza. Eram seis irmãos, e ao ver do histórico de fotos, tiveram de viver da marginalidade após a morte de seus pais. Mesmo assim, não conseguia sentir dó por aqueles que se entregavam de braços abertos a escuridão.

— "Viver do crime, é? Eu também perdi meus pais, perdi minha namorada, vi minha vila queimar e ser reduzida a cinzas...Passei fome, tive doenças terríveis e mesmo assim nunca pensei em entrar para um mundo tão obscuro. Você não passavam de crianças perturbadas, afinal. Talvez apenas não soubessem de nada, mas mesmo assim, seus crimes não podem ser perdoados. Não sei se já mataram uma pessoa no passado, mas como criminosos, creio que sim. Vocês cresceram e adotaram a criminalidade como um estilo de vida...A morte é apenas a consequência de suas escolhas tolas. Quem sabe poderão se redimir em uma próxima vida." — Diria, antes de jogar o livro para o alto e trilhar caminho de volta a Uzushiogakure, com a gaiola e o inseto em mãos.

Um destino trágico para quem apenas fez por sobrevivência no passado. Se assim o fosse, talvez eu estivesse sendo o errado na história. Mas eles cresceram como bandidos e assim continuaram até o fim, sem tentarem retornar ao caminho da paz e justiça. Não poderia deixar que tais vermes continuassem a vagar por este mundo. Independente de seu passado, sonhos, família...Todos seriam fatiados diante as espadas gêmeas que carrego. Para que o mal prevaleça, basta que os bons nada façam. Mas para a sorte de muitos e o azar de outros, eu nunca irei descansar até que minha vida acabe. Nem que eu passe toda a vida em um ciclo vicioso de ódio, exterminaria cada um destes malditos. Eu precisaria encontrar aquele cara, afinal de contas. Ele era a cabeça desse mal, e apenas eu poderia cortá-la.