Desperto de minha cama sobre o alvorecer. Parecia-me um simples dia corriqueiro, onde iria as compras para preparar o almoço durante a tarde e na calada da noite, prepararía-me para novamente deitar sobre minha cama e dormir. Minha tarde seria preenchida por afazeres prazerosos como desenhar nós arredores chuvosos da aldeia e quiçá, alugar alguns livros na biblioteca da aldeia. Levanto-me erguendo meu braço enquanto espreguiço, quando ouço algumas batidas na porta de meu quarto: — Pode entrar mãe. — Digo ao mesmo tempo que bocejo. Ela abre a porta do quarto e me entrega um envolve destinado a mim especificamente: — Uma carta, obrigado. Deixe-a sobre a cômoda e já a leio... — Peço a ela. Ela deixa-a sobre o móvel como sugeri e parte para a sala desejando-me um excelentíssimo bom dia. Eu pego a carta e vou até o banheiro para lavar meu rosto e escovar meus dentes e aproveito para abri-la. Lendo apenas algumas das linhas a adrenalina dissipa completamente minha sonolência e quase salto até o teto ao perceber do que a carta se tratava. Eu me preparo ainda com a escova sobre a gengiva e termino pegando minha sombrinha apoiada no cabide do vestíbulo: — M-Mãe! Eu volto... Sinceramente também estou em dúvida! Não se preocupe, trarei um presente na volta! Beijos, eu te amo! — Digo cantarolando e um tanto ofegante por ter me preparado as pressas, inclusive, com minha bandana atada ao contrário em meu pescoço.
Pensando a respeito de minha primeira missão, me lembro de ter iniciado-a em um local específico, o gabinete da Kyokage, e parto até lá. Aproveito a oportunidade e no caminho, devido escrever algumas breves anotações em meu diário:

Para alguns esses dias chuvosos poderiam ser como tormentas, vendavais d'água, mas para mim, é quase como uma branda chuva de verão. Acredito que é no mínimo, engraçado como me vejo quase pertencente a essa chuva também. Um dia, gostaria que as guerras parassem de ser como a chuva, furações de sofrimentos que para os outros, é tão banal. Bom, deixando a poesia e o romantismo de lado, tenho coisas para fazer. Aquela carta me falava tão pouco, então acho que devo conseguir mais informações no escritório da Kyokage. Eu mal posso esperar para que tipo de dificuldade a missão que receberei me proporcionará. Pode ser algo até mesmo divertido.

Fecho-o guardando o caderninho em minha bolsa e continuo o trajeto saltitando e com um sorriso singelo esboçado em meu rosto. Não tardou muito até que eu chegasse, afinal, havia saído no mesmo instante que recebi a carta. Sou dirigido ao gabinete onde recebo um pergaminho um tanto diversificado, diferente dos demais que até então já tinha visto. As instruções eram detalhadas e diretas, claras como a água de um córrego. Deveria lidar com um homem que ameaçava a segurança de pessoas, um trabalho nada diferente dos demais, entretanto, a carta faz questão de salientar os motivos. O homem era um usuário com eximias técnicas ilusórias, tal como eu. Ao ler a carta, compreendi os motivos de ter sido convocado para realizá-la. Também é endereçado no pergaminho o sentido para aonde aquele homem estava, logo, eu me retiro do recinto e parto para o noroeste.
Durante o percurso e sobre a densa chuva, começo a estruturar um plano para conseguir abater aquele homem. Acredito que a ideia mais óbvia seja um ataque surpresa, mas se este usuário for tão inteligente quanto habilidoso, já esperará algo semelhante, ainda que um ataque direto não me pareça uma solução plausível. Eu tenho habilidades furtivas que me permitiriam uma aproximação efetiva, então, não me parece uma ideia tão ruim, mesmo sendo previsível. Eu devo imaginar também que utilizar uma técnica ilusória reconhecível seja um gasto desnecessário de chakra, me referindo a genjutsus que façam com que o alvo possa perceber que está sobre um, entretanto, caso ele não perceba que eu o coloquei sobre uma técnica, ele não saberá que está sobre uma. Posso utilizar dos poucos segundos que ele teria até perceber que está em uma ilusão para amarrar alguns metros de correntes sobre seu corpo e então, ter tempo suficiente para desfazer a técnica.
Eu caminho aos passos ligeiros, tentando evitar desperdiçar tempo, afinal, sei que podem ter vidas em jogo ou a segurança de pessoas.

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Estando aquém das proteções da Aldeia Oculta da Chuva, desloquei-me pelo terreno baldio e pantanoso dos arredores longínquos das muralhas da vila. O ambiente a minha volta é repleto de uma fauna exótica que nunca havia visto em minha vida, e me perco por alguns instantes dentro de minha própria mente, atiçada pela curiosidade de aprofundar-se nesta densa mata úmida para descobrir os seus segredos, mas isso é uma tarefa para outro momento de outro dia, agora, eu tenho um trabalho a cumprir. Meus passos são ligeiros, onde vou aos pulos longos por entre as poças d'água e lagos, acumulando uma porção de água dentro de meu sapato que me causa um desconforto.
Após uma caminhada um tanto longa, eu me aproximo da civilização novamente. Percebo isso pois vejo algumas construções aonde minha vista pode alcançar, mas algo causa-me a sensação de estranheza ao me aproximar suficientemente da cidade. Em todos os cantos, o local está completamente vazio, o que me causa dúvida a cerca de minha localização exata. A princípio, acredito que estou no local errado e que talvez tenha seguido por uma direção contrário enquanto estava preso no matagal, mas algo entoa que meus instintos estavam corretos em sentir estranheza, a presença de uma forte neblina. Lembro-me do trajeto que segui e que a neblina não alcançava os arredores da vila, somente a floresta. Logo, ponho-me a pensar que talvez, está neblina esconda algo, que talvez não seja um simples fenômeno climático, então, utilizando de minha concentração, tento dissipar a neblina através do cancelamento de um genjutsu: — Genjutsu: Kai. — Profiro. Mesmo que estivesse errado, aproveito a oportunidade para explorar um pouco as casas, e não somente o lado de fora da vila, tentando abrir cada uma das portas e bisbilhotar por entre as frestas das janelas.

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Após a utilização dos selos, percebo que aos poucos, a neblina dissipa-se: — Bom, minhas suspeitas estavam corretas. — Suspiro levemente aliviado e satisfeito, entretanto, meu sossego estava prestes a ser dizimado. A sensação de que algo ruim estava para acontecer que entoava meus sentidos anteriormente estava anunciando algo bem ruim, como um presságio, e percebo a distância uma multidão aglomerando-se. Todos olhavam fixamente para mim e carregando em suas mãos ferramentas diversas, como pás e enxadas: — Lá vem eles! Pera, o quê? B–Bom, qual a probabilidade de eles já estarem sobre o controle daquele homem? Eu diria que provavelmente cem por cento. — Digo enquanto salto em direção a parede de uma das casas da vila e escalo-a, ficando sobre o telhado e observando a multidão aproximar-se: — Tudo bem Suisen, você não tem os seus amigos para te ajudarem, pense, você tem que pensar em alguma estratégia. Já sei! — Digo enquanto caminho por entre os telhados das casas, a procura de uma rua um tanto estreita, porém longa o suficiente para o que desejava fazer: — Ok! Pessoal, vamos brincar de “Quem consegue pegar a raposa”! Venham me pegar... Porfavor? — Alardeio os aldeões da vila enquanto corro por entre as pequenas construções da vila, guiando-os até a rua principal da vila. A minha estratégia consiste em utilizar da vila a meu favor. Devido ao fato de todos os aldeões estarem focalizando seus esforços em me caçarem, eu aproveito a oportunidade para guia-los até uma das ruas mais fechadas e compridas da aldeia, teria a proporção para que todas as dezenas de pessoas pudessem ficar sobre a rua sem ocupá-la em seu máximo e que não se aproximem demais das extremidades. Após isso, utilizando de papéis bomba e alguns metros de fios de aço, posso explodir duas das diversas casas e formar duas muralhas de destroços, prendendo-os de tal forma que nenhum deles possa sair da rua. Enquanto eu ando sobre os telhados, utilizo de alguns metros de fio de aço, entrelaçando-os por entre dois prédios nas duas extremidades da rua e colocando algumas papéis explosivos sobre eles. Assim que termino de correr, percebo novamente a multidão aproximando-se de mim, com eles agora, no meio da estrada, entre ambos os prédios prestes a explodirem: — Bom, agora é torcer. — Digo enquanto senti-me e observo os fios de aço tremularem enquanto os papéis detonam-se.

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— Não acredito, funcionou mesmo, que legal! — Gargalhou genuinamente alegre pelo esforço ter tido um eficiente resultado: — Éh... Bom, eu ajudo vocês a reconstruirem aquelas casas depois. Sabe, eu tenho um braço bem fraquinho mas ele é bem útil, teve uma vez que eu escrevi sem parar por quarenta minutos pra praticar caligrafia e... Ah, eu esqueci, a missão! Bem lembrado Suisen. — Digo enquanto bato meu punho fechado contra meu palmo aberto e esboçando seriedade: — Agora é derrotar o cara malvado. — Complemente. Eu faço menção de levantar-me, entretanto, percebo algo pairar sobre os ares e cobrir completamente toda a cercania da vila. Um vendaval gélido propaga-se em questão de segundos, uma nevasca estrondosa. Sinto ao ser atingido pela ventania meus dedos congelarem e seguirem por meu tornolezo e pulso, entretanto, não sou intimidado, pois percebi que aquilo tratava-se de uma técnica ilusória: — Sabe, quando você revela seu truque, não adianta mais usá-lo. Você pecou em acreditar que poderia desafiar-me utilizando da mesma estratégia repetidas vezes. — Arquejo um tanto presunçosamente, mas demonstrando interesse: — Vamos lá então, Genjutsu: Kai. — Digo enquanto cerro meus olhos, dissipando a ilusão calmamente, com toda a nevasca sendo lentamente extinguida. Após conseguir observar através da neblina decorrente da ilusão, vejo uma grande concentração de chakra sendo emanada de alguém: — Olha só! Acho que te encontrei! Bom, vamos lá, você teve sua chance, agora é minha vez, afinal, você deveria saber que somos ambos usuários de Genjutsu. — Confesso enquanto concentro meu chakra e então, preparo minha técnica: — Técnica do Templo de Nirvana. — Profiro ao mesmo tempo que aplaudo e então, utilizo a técnica ilusória de maior habilidade dentre as que possuo. Os céus que outrora eram cobertos por uma exorbitante cortina de vento gélido, agora, é coberto por diversas penas brancas que se expalham por todos os arredores da vila, planando sobre a cinesia da brisa e caindo vagarosamente no chão. Eu pego minha sombrinha de dentro de minha bolsa e abro-a: — Há, até que ficou um lugar legal aqui, acho que você terá dificuldade de sair dessa. De qualquer forma, esperar aqui não é muito inteligente. — Digo enquanto parto para uma perseguição direta do chakra emanado por Suikitsu Gentsu, sacando de minha bolsa alguns metros de corrente. Se ele observar por muito tempo as penas, acabará caindo sobre um profundo sono, assim como provavelmente aqueles aldeões. Se tentar concentrar-se em não olhar para as penas, terá dificuldade em orientar-se pela aldeia e facilitará sua apreensão: — Aliás, cuidado, o chão é de pedra e se correr muito, pode tropeçar e ralar o joelho! — Peço-o com um tom de preocupação.

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— Bom, eu avisei pelo menos. Eu faço um curativo no seu joelho depois. — Cortejo após perceber aquele homem, responsável pelo controle mental, cambalear e cair sobre o chão logo em seguida, resultado causado pela minha técnica ilusória: — Bom, é isso! Eu consegui! Que legal! — Cantarolo saltitando genuinamente alegre: — Bom, você não vai acordar de qualquer forma, mas é melhor ser prudente e precavido. — Digo ao mesmo tempo que amarro-o com uma corrente que possuo sobre minha bolsa. Após isso, desfaço minha técnica ilusória, dissipando aquela chuva de penas brancas que caíam dos céus da vila: — Bom, deixa eu ver. Chegar na vila, confere. Impedir os aldeões, confere. Pedir desculpas... Isso eu preciso fazer. Ei, homem dos genjutsus! Se estiver me ouvindo dentro dos seus sonhos, eu vou pedir desculpas rapidinho. Se por acaso você acordar, não fuja com minhas correntes, elas custaram caro. — Peço enquanto vou em direção aos aldeões, ajudando-os a se levantarem e escalarem os destroços das construções: — Eu sinto muito! Foi a única forma de impedir que vocês se machucassem... Ou me machucassem... Se quiserem ajuda para reconstruir o lugar, eu moro na Aldeia Oculta da Chuva, não muito longe daqui. Podem ir até lá e perguntarem por mim, eu voltarei e poderei ajudar! Enfim, preciso ir, foi bom conhecê-los e não tem de quer! — Desculpo- me me curvando ao mesmo tempo que parto para levar Suikitsu Gentsu a justiça por seus crimes: — Eh... Como eu vou te levar? No colo? Da última vez foi o Bahko que levou os bandidos... Bom, acho que os aldeões podem me ajudar só mais um pouquinho. Eu tenho braços fraquinhos poxa... — Digo a mim mesmo alguns momentos antes de implorar pela ajuda dos aldeões da vila para carregarem o usuário de técnicas ilusórias a Amegakure. Durante o percurso, eu sabia que tinha que escrever alguma coisa para lembrar-me desse dia. Eu consegui deter o criminoso sem machucar ninguém. Fiz tudo que minha mãe sempre sonhou que um dia eu fosse capaz de fazer. Talvez ela fique orgulhosa assim que eu a contar sobre tudo que aconteceu. Eu saco de minha bolsa meu caderninho de anotações que está começando a ficar com poucas páginas e decido escrever algumas palavras e uma pequena ilustração. O dia terminou bem e acredito que todos saíram felizes no final. É uma excelentíssima história se me permite dizer.

Bom, é isso. O dia acabou de terminar. Mal posso expressar minha felicidade por ter feito tudo como planejei e simplesmente ter dado tudo certo. Os aldeões são pessoas fortes, com certeza não iriam cair no mesmo truque duas vezes. Pensei em extrair a memória deles através de um genjutsu também, mas acredito que eles já sofreram o suficiente com técnicas ilusórias e questiono-me seriamente se me permitiram invadir suas memórias dessa forma. De qualquer jeito, tudo está resolvido e está bem. Minha mãe vai ficar encantada com essa ilustração da vila e como foi que eu resolvi tudo.

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