Haru tinha acabado de receber uma convocação, o que o havia feito interromper sua pequena maratona de livros de romance para que se preparasse a fim de atender ao solicitado por ele. Agora, o genin estava em seu quarto terminando de se arrumar, ele tinha se arrumado o mais rápido o possível para comparecer ao portão da vila e agora já estava com a costumeira roupa que utilizava no dia a dia durante seus afazeres mais gerais na vila. Como ainda era pouco experiente, o Matsuno possuía apenas duas marionetes que poderiam ser usadas em batalha caso precisasse, Kyokugei-shi era a mais usada delas. E naquele momento, a contorcionista tinha acabado de ser presa às costas de seu manipulador por meio de dois de seus quatro braços. Com isso, o garoto agora estava se preparando para selar sua outra arma de combate dentro do Makimono que usava costumeiramente para isso. A criação em questão era Odoriko, que estaria pronta para ser selada depois de uma breve e rápida checagem em seus mecanismos. Quando concluiu os preparativos, o titeriteiro sentou-se sobre seus joelhos no chão, de forma a deixar o pergaminho entre ele e a sua marionete de cabelos rosados, como fez das outras vezes que precisou. Ele habilmente fez os selos de mão já tão conhecidos por si, lançando o jutsu que comumente usava para selar suas criações no pergaminho, “Fūnyū no Jutsu!”. Quase imediatamente, pode-se observar a marionete inspirada em uma bailarina ser “sugada” pelo pergaminho, sendo envolta por uma cortina de fumaça branca vinda do pedaço de papel. Ao fim do processo, foi deixada uma marca no Makimono que indicava a presença de uma marionete selada ali, Haru rapidamente fechou o rolo para evitar que Odoriko fosse liberada do selamento de forma acidental, guardando o pergaminho dentro da sua bolsa junto das outras armas que carregava consigo.

Naquele exato momento, sua mãe entrou no quarto, estampando um sorriso já conhecido por Haru e que anunciava que ela estava prestes a preparar alguma receita nova e “espetacular” que havia aprendido com alguma das suas colegas da biblioteca... Até que ela viu seu filho pronto para ir de encontro à alguma requisição do vilarejo, ela já reconhecia bem aquela cena. O sorriso dela murchou, e imediatamente ela perguntou se ele estaria saindo para alguma missão. Haru levantou-se do chão, deixando um sorriso constrangido transcrever-se em seu rosto “Me encarregaram de uma escolta durante a noite... É a primeira vez que tenho um trabalho assim!, falou usando-se de sinais feitos com as mãos, demonstrando com as expressões do rosto certa empolgação e recebendo como resposta um sorriso forçado da mais velha. “Não me deram muitos detalhes ainda, mas eu fui convocado para comparecer ao portão da vila, deve ser algo rápido nas imediações daqui... Pode ser que eu volte ainda hoje”, ele se comunicou com ela por meio da linguagem de sinais, vendo-a deixar escapar de seus lábios um suspiro que parecia expressar certa preocupação. O garoto abraçou sua mãe, ouvindo-a desejar boa sorte e pedindo para ele tomar cuidado, em seguida, ele acenou positivamente com a cabeça, sorrindo para ela. Com essa breve despedida, o Matsuno logo seguiu seguiu até o portão da vila como havia sido solicitado a ele poucos minutos antes por meio da mensagem.

Durante o trajeto, o titeriteiro encontrou-se brevemente com alguns amigos da sua mãe, apenas acenando com a cabeça para eles antes de os ignorar e seguir seu caminho. No fim, o deslocamento até o portão não demorou tanto, assim como o tempo que ele havia levado para preparar-se. Ele logo estava próximo ao portão, e foi quando ele teve uma rápida ideia. Haru pegou um pequeno bloco de anotações que sempre usava para se comunicar com quem não sabia a linguagem de sinais, escrevendo uma breve introdução a ser apresentada para o cliente: “Olá, me chamo Haru Matsuno, sou o ninja que foi designado para auxiliar com sua proteção durante a viagem. Apesar de ser mudo, tenho grande potencial para ajudar como sua escolta, mas para isso eu preciso que confie em mim. Espero que possamos trabalhar bem juntos”. Assim que ele encontrasse com quem quer que tivesse solicitado a proteção, o genin mostraria aquela breve auto introdução, tentando parecer um pouco mais simpático, daquela forma talvez ele conseguisse evitar mal entendidos.

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Assim que chegou ao portão da vila, o titeriteiro encontrou-se uma mulher, aparentemente ela esperava por alguém, então havia muitas chances de ela ser a solicitante da escolta que havia sido designada a ele. O garoto mudo estava prestes a mostrar sua breve apresentação escrita à estranha que aparentava ser sua cliente, quando se surpreendeu com os movimentos de mão dela, os quais demonstravam que ela sabia usar a linguagem de sinais. Haru ficou estático por um breve segundo, ainda surpreso com a mulher que tinha acabado de se apresentar como Hakura Shigami. Instintivamente, ele guardou seu bloco de notas, esboçando um sorriso por finalmente perceber que o fato de a mulher poder se comunicar mais facilmente com ele tornaria aquela missão de escolta bem mais fácil de ser executada. “Prazer, sou Haru Matsuno, genin designado para a acompanhar durante sua viagem”, usou-se rapidamente da linguagem de sinais para se apresentar à Hakura, apertando levemente a mão dela logo em seguida. O Matsuno sorriu mais uma vez para a mulher, deixando seu sorriso mais à mostra dessa vez em uma tentativa de parecer o mais simpático o possível ali. Enquanto fazia esse breve gesto, ele notou melhor a mulher, ela provavelmente estaria por volta de seus trinta anos e estava sozinha. Depois daquelas breves apresentações, Haru estava mais confiante com o rumo que aquela missão tomaria, ele achava que tinha passado uma boa impressão à mulher e que ela colaboraria com o trabalho mais facilmente.

O titeriteiro viu a mulher pegar um pergaminho que mostrava um mapa com uma rota desenhada nele, as palavras de Hakura descreviam levemente o que estava desenhado no rolo. “Seguir pelo norte... Não me parece ser muito problemático”, pensou consigo mesmo ao ver marcado no mapa o pequeno vilarejo que a cliente dizia ser moradora. A realidade era que ele não conhecia muito bem aquela região, mas no seu imaginário a parte do País da Água que era mais próxima de Uzushio não deveria ser muito perigosa. “Mas se não fosse problemático, ela provavelmente não teria requisitado uma escolta... É melhor eu ficar atento”, ele se perdeu brevemente entre seus pensamentos, sendo trazido de volta ao momento em que se encontrava quando ouviu a mulher perguntar se já poderiam ir. Haru piscou algumas vezes, levantando um dos dedos de sua mão, indicando que precisaria fazer algo antes “Só um minuto”, falou com suas mãos para a outra, antes de retirar sua marionete brevemente das costas para fazer uma rápida verificação do seu funcionamento. Estando seguro de que Kyokugei-shi estava pronta para operar normalmente, o genin a prendeu novamente em suas costas, também checando sua bolsa de armas, uma forma de certificar-se mais uma vez de que não havia esquecido nada. Quando ele terminou, atestando que não havia esquecido nada, fez um sinal para Hakura, indicando que poderiam finalmente partir da vila, assim o fazendo logo em seguida, acompanhando-a.

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Ele acompanha a cliente, andando ao seu lado e tentando se manter alerta para evitar quaisquer eventuais surpresas que pudesse ter no trajeto até o vilarejo. Haru estava muito preocupado em cumprir aquela missão com êxito, mesmo que não a achasse tão difícil como o teor dela a fazia parecer. O genin sabia que precisaria ficar atento, mas ainda assim não conseguiu resistir muito à tentativa da mulher de conversar com ele... Logo de cara, ao ouvir a pergunta feita por Hakura, ele logo estranhou, parecia que era muito comum os outros fazerem aquele questionamento a um shinobi, de certa forma ele estava ficando cansado de sempre ouvi-lo e nunca ter uma resposta já pronta para ele. Após um breve segundo, o titeriteiro começou a movimentar suas mãos, usando da linguagem de sinais para comunicar-se com a cliente “Eu gosto de pensar que eu... Não tinha outro caminho para seguir que não fosse esse”, ele falava através de suas mãos, fazendo poucos intervalos entre seus movimentos para tentar continuar atento ao perímetro que estava ao seu redor, o Matsuno não pretendia baixar a guarda tão facilmente.

Mas ele não podia negar que gostava de interação social, e não se importaria de falar um pouco sobre suas motivações com Hakura. “Ser shinobi acabou sendo uma oportunidade incrível pra mim... Eu poderia aprimorar a arte das marionetes teatrais da minha família para combate... E além disso eu talvez conseguisse também proporcionar uma vida melhor pra eles... Acabou sendo o meio que encontrei para tentar proteger e cuidar de todos eles como fizeram comigo enquanto eu crescia”, ele sorriu brevemente depois de terminar os movimentos da linguagem de sinais. Entretanto, ele logo se lembrou da reação da mais velha ao vê-lo sair para uma missão, querendo ou não, a preocupação que ela depositava ali era um preço a ser pago. O genin mais uma vez olhou ao redor na estrada, buscando quaisquer sinais de uma movimentação estranha, voltando a manter um contato com a cliente depois disso “Mas acho que no fim é muito sobre tentar me provar também... Mostrar que não é porque eu tenho esse rostinho meio infantil e mexo com marionetes que eu não tenho forte potencial... E claro... Tem todo o passado com meu pai”, ele mordeu seu lábio inferior, parando brevemente no meio do caminho.

A verdade é que Haru só tinha essa necessidade de provar-se como um excelente shinobi porque queria mostrar aos outros como era superior ao seu pai que o abandonara quando ainda era pequeno. O titeriteiro queria ser o melhor de todos no que fazia, o mais inteligente de todos, e precisava mostrar isso com seu trabalho como shinobi. Ele soltou o aperto em seu lábio inferior, balançando a cabeça brevemente antes de voltar a acompanhar sua cliente, checando mais uma vez as redondezas ao fazer isso. Ainda alerta, o garoto fez outros movimentos com as mãos, voltando a falar com a mulher “ Posso perguntar o que a fez escolher viajar durante a noite até seu vilarejo? E por que achou pertinente solicitar uma escolta?”, direcionou a indagação à ela, ainda tentando prestar atenção ao seu redor enquanto fazia isso. Prontamente, ele ainda acrescentou sua percepção a respeito do caminho que faziam, uma forma de tentar justificar seu questionamento “Eu não conheço bem a região, mas o caminho não parece ser tão perigoso”, ele falava com suas mãos enquanto ainda seguia o caminho ao lado de Hakura.

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Haru desviou sua atenção um pouco para o caminho escuro que insurgia à frente deles, ouvindo as palavras da mulher e deixando que uma de suas sobrancelhas se levantasse. Com aquelas informações, ele concluíra que, no fim das contas, aquela era uma missão que tinha certa importância para os interesses do vilarejo, ele não poderia falhar. O titeriteiro acenou brevemente com a cabeça, voltando a ficar atento aos arredores dali, mantendo um questionamento em sua mente: quais seriam aqueles “afins” que a mulher havia se referido? Mercenários? Ninjas desertores? Bem, ele não tinha certeza, mas seu coração aumentou o ritmo brevemente só de imaginar aquelas possibilidades. Em meio aos devaneios, o Matsuno quase se esqueceu de responder ao questionamento feito pela mulher, começando a fazer os gestos da linguagem de algum tempo depois que ela perguntara sobre suas marionetes. “Sim, isso mesmo... Eu vim de uma família circense, onde as marionetes eram usadas pra apresentação teatral”, começou a gesticular, colocando uma das mãos brevemente em Kyokugei-shi para indicar que estaria falando dela “Essa aqui foi a primeira que aprimorei pensando em combate... Ela imita uma contorcionista”, sorriu de forma tímida ao se lembrar da reação de algumas pessoas ao perceberem o que ele conseguia fazer com suas marionetes. Em especial, ele se lembrava da sua última missão com um outro genin, Noboru, que tinha visivelmente ficado simplesmente fascinado com sua técnica.

Ele olhou por alguns poucos segundos para o céu, sendo levado à suas lembranças de forma breve enquanto ainda seguia o caminho junto da mulher, voltando a usar os sinais já conhecidos por si para continuar a se comunicar com Hakura “A família do meu pai nunca gostou muito da ideia de eu me tornar shinobi... Quando descobriram o que eu estava fazendo com as marionetes da família então...”, ele revirou os olhos, lembrando-se das discussões que havia tido com sua avó enquanto ele ainda estava na academia ninja. “Mas no fim eu acho que me dou bem até com elas... Quer dizer, até agora elas nunca me deixaram na mão”, parou de gesticular, levando novamente a mão direita até a marionete em suas costas, mantendo um sorriso no rosto. Depois disso, ele voltou a ficar no já costumeiro e conhecido silêncio, tentando se manter atento a quaisquer sinais estranhos que lhe chamassem atenção em meio à escuridão da noite. Em um pequeno intervalo de tempo, Haru achou que o ritmo dos dois estava até devagar demais, dando uma leve cutucada na mulher para lhe chamar atenção no que iria falar “Você acha que nosso ritmo está muito lento? Deveríamos acelerar o passo? Afinal a mensagem a ser entregue tem certa urgência e importância, como você disse”, sugeriu através da linguagem de sinais, ainda mantendo o caminhar ao lado de Hakura, aguardando sua resposta para então seguir a estrada no ritmo que ela achasse melhor.

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Haru percebeu que sua companheira de viagem seguia o mesmo ritmo calmo, acenando positivamente com a cabeça ao ouvir sua resposta ao questionamento que tinha sido feito. O titeriteiro fez, de forma breve, um sinal de “Okay” com uma das mãos para demarcar que concordava com o que Hakura tinha proposto sobre a parada no posto de descanso. Seguindo o caminho, ele pareceu relaxar mais um pouco, aparentemente a estrada não era tão perigosa como ele achava. Apesar disso, o genin ainda tentava se manter alerta, distraindo-se momentaneamente ao olhar para o céu e ver as estrelas. Depois de poucos minutos, ele voltara a focar no seu trabalho de escolta, ficando atento aos arredores escuros e a qualquer movimentação ou barulho que se diferenciasse do habitual em uma estrada como aquela. Sua vigia foi interrompida pela voz da mulher que estava ao seu lado, ela agora falava sobre seu pai, que tinha se especializado em Kugutsu no Jutsu, tal como Haru havia decidido fazer. O garoto levantou brevemente uma de suas sobrancelhas, ficando imediatamente interessado no que ela tinha a dizer.

O conselho da mulher sobre o controle de chakra chamou a atenção do titeriteiro, que finalmente notara que nunca havia parado para pensar melhor sobre a forma como gastava a energia com as técnicas. Muito provavelmente ele estaria sempre o usando de forma “bruta”, como Hakura havia mencionado, já que, para realizar a maioria de suas técnicas, o genin conseguia sentir um cansaço bem marcante certos momentos. Enquanto ele ouvia aquilo, algumas questões estavam começando a fazer mais sentido para ele, como a importância de concentrar-se bem para usar alguns jutsus e a necessidade de preparação para outros. Enquanto explicava sobre aquela forma de controle, a mulher fazia tudo o que falava parecer bem óbvio, apesar disso, o garoto não tinha lá muita prática naquilo, visto que seu conhecimento sobre o assunto era bem limitado. Ele tinha se formado na academia sabendo apenas o básico, como funcionava o fluxo de chakra e como usá-lo nos jutsus, assim como havia sido ensinado aos outros genins. A verdade era que o titeriteiro não tinha feito, nem sequer tinha pensado em fazer, muitos exercícios para manejar e administrar a energia fundamental das suas técnicas depois de ter se formado, estava mais focado em aprimorar outros aspectos. Quase no fim da fala da outra, ele conseguia sentir que tinha uma pequena deficiência naquele quesito, e precisaria arranjar um jeito de supri-la. Ao ouvir sua companheira de viagem dizer que quando chegassem ao posto ela o auxiliaria com o treinamento de controle de chakra, Haru expressou um leve sorriso, usando da linguagem de sinais para comunicar-se com ela de novo “Obrigado por isso, vai me ajudar muito mesmo... Não sei como te agradecer”. Ele continuou seguindo o caminho junto de Hakura, sentindo-se ansioso para chegar logo ao posto mencionado anteriormente.

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Não demorara muito até eles chegarem ao posto de descanso que havia sido mencionado anteriormente por Hakura, o garoto sentou-se próximo da mulher, deixando sua marionete no chão para poder relaxar e tentar se concentrar somente no que a mulher pretendia ensinar ali. Antes de voltar sua atenção completamente para ela, Haru vasculhou os arredores brevemente com seus olhos, para tentar se certificar que o posto era realmente seguro. Quando olhou novamente para sua companheira, arregalou os olhos ao ver uma pequena bola de fogo ardendo na mão dela, ficando levemente boquiaberto ao ver como ela conseguia dominar bem aquele elemento. O Matsuno teve a impressão até de que ela seria um ser mítico por conseguir controlar o fogo daquela forma, movimentando a bola no ar. Entretanto, não era disso que se tratava, a outra logo começara a explicar como conseguia fazer aquilo através do domínio do elemento fogo e um bom controle de chakra. “Será que se eu treinar consigo fazer isso com o vento?”, pensou consigo mesmo, lembrando-se da sua afinidade com aquele elemento e das técnicas que tinha sido capaz de usar com ele.

Ele mantinha toda sua atenção na mulher, que agora falava brevemente sobre alguns poucos passos iniciais para começar o exercício de controle do chakra. Pelo que Haru conseguia entender das suas palavras, ela basicamente estaria falando da rede interna de chakra, ele acenou brevemente com a cabeça, sinalizando que estava entendendo o que ela queria dizer com aquilo. O garoto só estava um pouco perdido com como fazer aquilo, afinal de contas, o chakra não é algo físico e material como ela sugeria que ele sentisse... Muito pelo contrário, o Matsuno sempre o sentira como uma energia abstrata. Vendo a mulher se levantar, o genin permaneceu sentado no banco, endireitando sua postura e fechando brevemente os olhos, esvaziando sua mente o máximo que conseguia e respirando fundo. No fim, ele não sabia muito bem o que tinha que sentir, então imaginou em sua mente linhas internas que perpassassem seu corpo e entrelaçam-se com seus órgãos. Respirou de forma profunda mais uma vez, tentando sentir um fluxo perpassando aquelas linhas que ele mesmo havia imaginado. Abriu seus olhos, vendo a mulher a um metro dele, se levantando logo em seguida. “Isso é mais difícil do que eu achei que fosse ser”, usou-se da linguagem de sinais para falar com ela, deixando um sorriso constrangido se formar em seu rosto. Em seguida, o titeriteiro fechou seus olhos novamente, esvaziando sua mente e tentando se concentrar na sua própria energia interna, sem imaginar aquelas linhas que tinha pensado antes. Haru aprendera na academia ninja que o chakra misturava as energias física e mental, e com isso em mente, ele voltou a tentar sentir o fluxo do produto das duas que ele sabia que tomava conta do seu corpo.

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Haru continuava a se esforçar, colocando suas mãos na forma do selo de cobra para ver se conseguia se concentrar melhor seu fluxo de chakra. Dado momento, ele começara a identificar melhor a energia fluindo por seu corpo. Aquela era uma sensação nova, mas lhe parecia tão familiar, o que era compreensível já que aquele fluxo sempre fora constante nele, só não havia sido delimitado melhor pelo titeriteiro antes. Em meio ao seu exercício de concentração, o Matsuno foi interrompido ao ouvir a voz da mulher, a observando continuar falando um pouco sobre como o chakra deveria ser usado. Ele desfez o selo em sua mão, passando a destra brevemente por seu cabelo, ajeitando algumas poucas madeixas que caíam sobre seus ouvidos, como se tentasse escutar as palavras de Hakura de maneira mais clara. O genin deixou um suspiro escapar ao ouvir a mulher falar sobre manter o chakra “limpo” e usá-lo de forma mais precisa “Tá, então é basicamente eu controlar  não só a quantidade como a qualidade do chakra que eu uso... O ideal é tentar fazer uma interligação entre esses dois princípios para maximizar o uso de energia” - fez uma anotação mental sobre o assunto, tentando internalizar melhor a grande quantidade de informações que estava recebendo naquele posto de descanso. Uma expressão confusa se formou no rosto do Matsuno ao ouvir a outra falar sobre fazer formas pequenas e precisas, tentando controlá-las e perpetuá-las quando saíssem do seu corpo.

Ao ouvir o próximo passo do treinamento, ele conseguiu entender melhor sobre o que a mulher falava antes, ele poderia aplicar melhor aquilo com Chakura no Ito, querendo ou não, suas linhas de manipulação eram formas e poderiam ser usadas da forma como a companheira dele havia descrito antes. O titeriteiro se concentrou brevemente, observando os movimentos ágeis de Hakura, ainda pensando nas palavras que ela havia dito antes. O garoto controlava sua respiração, mantendo-a calma para que não se desconcentrasse do objetivo. Ele começou a concentrar seu chakra na ponta dos dedos de suas mãos, preparando-se para executar a técnica com a qual já estava tão familiarizado, tentando ainda aplicar os ensinamentos da mulher ali. O esforço dele era para que o fluxo na área fosse bem controlado, e ao mesmo tempo constante, tentando mantê-lo o mais “puro” que conseguia. Com isso, ele iniciava a projetar as linhas de chakra para fora dos seus dedos, tentando manter as linhas que saíam dali o mais finas possível, a ponto de quase torná-las invisíveis. Por mais concentrado que o chakra que fluía por elas era, ele se esforçava para deixá-lo mais puro, tornando o formato delas o mais preciso possível para seus propósitos. Quando se sentiu seguro o suficiente, o jovem genin manipulou as linhas de chakra para que elas avançassem na direção de Hakura. Ele tentaria prendê-la no seu controle fazendo com que as linhas se ligassem a pontos semelhantes aos que ele usava para controlar as marionetes, fazendo alguns movimentos leves com os braços dela para ter certeza de que havia conseguido executar o que lhe fora proposto.

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O garoto esboçou um sorriso ao ver que tinha conseguido executar o controle das linhas de chakra tal qual Hakura havia o instruído, ela declarou o treinamento como encerrado logo ali. Ao ouvir aquilo, o Matsuno estralou seus dedos, descansando um pouco antes de se preparar para partir novamente, colocando sua marionete nas costas. Foi quando estavam prontos para partir que barulhos estranhos chamaram a atenção de Haru, que ouviu sua companheira dar rápidas instruções sobre uma provável investida de duas pessoas. Estando ciente daquilo, ele acenou com a cabeça, já retirando sua marionete das costas no mesmo momento e fazendo com que as linhas de chakra se conectassem a ela. Ele ouviu a mulher chutar a janela, mas tendo sua atenção chamada por um estranho que adentrava no posto de descanso pela porta, vindo na sua direção com uma kunai em mãos. Em reação àquele ataque, o titeriteiro movimentou seus dedos de forma hábil e rápida, ativando o primeiro mecanismo de Kyoukugei-shi (Poignée torsadée) e imediatamente tentando revidar a investida de seu atacante. Visando aquilo, o genin usaria das suas habilidades de manipulação para tentar acertar o rosto do homem com dois golpes seguidos usando-se dos dois braços superiores da marionete, seu objetivo era usar aquilo como uma forma de distração, já que simultaneamente ele também tentaria envolve-lo no aperto dos outros dois outros braços e das pernas da contorcionista para o prender.

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Haru deixou um suspiro de alívio ao perceber que sua investida contra o seu atacante deu certo, o ladrão em questão não parecia ser muito experiente com batalhas, talvez se tratasse de um civil. Quando a situação se acalmou, e os dois ladrões estavam neutralizados, o genin viu sua companheira de viagem sinalizar com a mão para que eles seguissem o caminho até o destino final deles. Ele acenou brevemente com a cabeça, colocando sua marionete novamente em suas costas, verificando brevemente com seus olhos para ter certeza de que não havia deixado nada por ali no posto de descanso. E assim, ele seguiu seu caminho junto de Hakura, ainda tentando se manter atento aos arredores da estrada, queria se certificar de que não teriam mais nenhuma surpresa como aquela até chegarem ao destino.

Depois de mais algumas horas de caminhada, a mulher afirmou que talvez estivessem chegando logo mais, agradecendo a ajuda de Haru com os ladrões de antes e fazendo um simplório elogio a ele. Uma expressão surpresa tomou conta do rosto dele ao ouvir as palavras da mulher, deixando um sorriso tomar conta de seus lábios em seguida “Imagina, era literalmente meu trabalho... Eu que tenho que te agradecer, por me ajudar antes com o treino do chakra”, comunicou-se com ela por meio da linguagem de sinais, ainda seguindo o caminho ao lado de sua companheira.

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Distante, no horizonte, o Matsuno podia enxergar o Sol já nascendo, na hora que viu os primeiros raios de luz, ele só conseguiu pensar na sua mãe a quem tinha dito que voltaria ainda naquela noite para casa. Ele deixou um suspiro relaxado sair de seus lábios ao perceber que haviam chegado ao vilarejo, sua missão estava chegando ao fim. Ele viu Hakura se despedir dele e agradecendo-o por seus serviços, Haru sorriu brevemente para a mulher, fazendo uma rápida reverência, tal como ela havia feito antes para ele “Espero que possamos nos encontrar novamente, foi um prazer trabalhar com você”, falou para ela através dos sinais feitos com suas mãos, vendo sua companheira dar as costas e seguir para a vila onde provavelmente cumpriria o designado a ela.

O titeriteiro deu as costas para o vilarejo, seguindo o mesmo caminho que havia feito para chegar ali a fim de voltar para Uzushiogakure. Tendo feito a volta a sua vila de forma ininterrupta, Haru não demorou tanto para retornar, indo até o prédio onde se situava o gabinete do Mizukage e reportando os acontecidos e resultados da missão a qual havia sido incubido aos seus superiores. Assim que terminou seu relatório, o garoto retornou a sua casa, encontrando sua mãe ainda adormecida e aproveitando para descansar, já que havia passado a noite inteira fora.

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