Aelin's Bizarre Adventure  

palavras: 460

A noite caía por Sunagakure no Sato. O clima estava ligeiramente agradável. Kaguya Aelin estava na casa de seu avô, após o breve período de treinamento durante todo aquele dia. Ainda esgotada, devido ao esforço, sentou-se sobre o tapete da sala, com as pernas cruzadas e os braços formando um selo de mão. Estava meditando, tentando enxergar seu próprio interior e sentir o seu chakra correndo pelo corpo. Dez minutos depois, começou a sentir uma queimação, ao que parecia, em suas veias.


A meditação foi interrompida no momento em que seu avô, Kaguya Genzo, chegou da cozinha com uma bela tigela de lámen que ele mesmo havia preparado. Apesar de não ter gostado logo de início, ao ver a comida logo a sua frente, abriu um belo sorriso e pulou toma-la do velho.  Sentaram-se sobre o sofá e iniciaram uma longa conversa, enquanto a jovem se deliciava com a janta.

— Aelin, em sua luta com Nyorai, você me disse que viu algo estranho... O que exatamente você foi que viu? — Questionou, lembrando-se de um de seus encontros.

— Bem, depois que eu o peguei em minha armadilha, eu achei que ele estivesse morto. Mas do nada ele pareceu ganhar um poder especial, o suficiente para que ele me atacasse com mais força que aparentava ter antes, mesmo com os ferimentos graves. — Fazia um barulho engraçado sempre que puxava o macarrão para a boca.

— Poder especial? Como assim? — Falou, franzindo as sobrancelhas.

— Então, poucos instantes após meu ataque o corpo dele encheu de marcas negras e um dos seus olhos ficou completamente escurecido. Os músculos dele ficaram mais protuberantes e, aparentemente, ele ganhou mais chakra. O ataque dele foi muito mais forte e veloz do que quando treinamos. O ar ao redor dele mudou totalmente, era mau.

— Interessante, muito interessante. — Dizia, animado. — Durante minha viagem de redenção, eu me deparei com algumas pessoas assim e acabei decidindo estudar mais afundo tal “poder” — Fazia um sinal de aspas com os dedos. — Bem, a verdade é que eu aprendi esta técnica e como fazer as pessoas “despertarem” tal poder.— Novamente usava o sinal de aspas. Tentando simplificar as palavras para sua neta entender com mais facilidade.

Aelin estava concentrada em comer e não prestou muita atenção em um primeiro momento. Contudo, ao virar a tigela na boca, tomando todo o caldo que sobrara, sua ficha caiu. Imediatamente ela cuspiu o caldo em sua boca, se afogando um pouco com o restante. Tossindo e com os olhos cheios de lágrimas, voltou a falar com Genzo.

— Coff! Coff! Desculpa, me afoguei... Coff! — Levantou-se rapidamente, correndo até a cozinha pegar um copo de água. — Me explica melhor isso, tudo o que você sabe, por favor. — Estava ansiosa e curiosa para saber a fonte do poder daquele espadachim.

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palavras: 461

O vendo do lado de fora começava a balançar as janelas de madeira que se debatiam em uma melodia harmoniosa.  Pelos vãos, alguns grãos de areia se atreviam a invadir a casa. Nada que fosse incomodo para um habitante de Sunagakure no Sato., afinal, aquilo era algo corriqueiro. Aelin, ansiosa por informações de seu avô, sentou-se ao seu lado, com as pernas cruzadas e com as mãos amontoadas sobre um dos joelhos. Genzo estava calma, neste momento, segurava um copo de água nas mãos. Sabia que falaria por algumas horas, então era melhor preparar a garganta.

— Vamos lá, vou te contar o que eu sei... As marcas pelo corpo de Nyorai são provenientes de uma arte ninja de codinome Juinjutsu, é uma arte das trevas. Simplificando, podemos chama-la de Marca da Maldição. Quando você recebe esta marca, você ficará ainda mais forte. Seus atributos e chakra aumentarão significativamente. Como em toda maldição, esse poder tem um preço e pode ser perigoso se você não tiver força e motivação o suficiente para suportá-lo. Alguma dúvida? — Aproveitou para beber um pouco de sua água.

— Você disse que toda maldição possuí um preço a ser pago. Qual o preço dessa Marca?

— O selo corrói o chakra de seu usuário para se manter ativo. Enquanto você tiver chakra suficiente para sustenta-lo, você receberá um chakra adicional. Todavia, o uso prolongado do selo pode corroer o seu corpo e sua mente e você perder totalmente o controle. Resumindo, a cada vez que você ativa o selo, uma porcentagem de sua vida é consumida pela marca. Na pior das hipóteses, o usuário pode morrer. Foi exatamente isso que você viu acontecer com o espadachim, ele chegou em um nível de esgotamento que a marca acabou dando a ele um poder extra que ele utilizou para um último e mortal ataque.

— O senhor acha que hoje eu sou forte o suficiente para controlar esta técnica?

— Sinceramente, eu acho que sim. Mas, por que você quer ter uma técnica como essa? Você pode ficar forte de outras formas.

— Nesse momento eu não acho que possa evoluir mais do que isso. Eu já dominei todas as técnicas do nosso clã e estou com meus ninjutsus na minha capacidade máxima. O que mais eu poderia fazer? Até agora um pouco menos que isso foi suficiente para mim, mas, desde a última missão, se todas as outras forem como ela, eu não vou sobreviver. E eu ainda não quero morrer, sequer encontrei uma motivação para seguir em frente.

— Você pode ter razão, amanhã conversamos mais sobre isso. — Levantou-se, deixando o copo de água sobre a pequena mesa no centro da sala. — Conscientize um pouco mais o seu chakra e descanse um pouco. Pode ficar por aqui se quiser. — Despediu-se.

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palavras: 456

Como já era de se esperar, a noite não foi das melhores. A conversa da noite anterior com seu avô deixou a mente de Aelin pilhada, a jovem sequer conseguiu fechar os olhos de tanta ansiedade que estava sentindo. A kunoichi estava cada vez mais disposta em seguir em frente com aquilo e conseguir o poder de Nyorai. Sabia que por mais difícil que fosse, ela conseguiria controla-lo de uma forma ou outra. Afinal, tinha feito isso com sua Kekkei Genkai, e sozinha. Desta vez, Genzo estava por perto. O que a deixava ainda mais confiante.

O relógio marcava oito da manhã quando o velho apareceu na sala chamando-a para o café. Era a primeira vez que a garota tinha dormido na casa de seu avô, então ele não poupou esforços em caprichar na refeição. A mesa estava farta. Desde biscoitos e pães, até frutas e sucos. Claro que Aelin adorou aquilo. Deliciou-se sem dizer uma palavra.

— Já se recuperou de ontem? — Perguntou.

— Uhum! — Respondeu, ainda com uma fatia de pão na boca.

— Não parece, está com uma cara de cansada.

— Eu to bem, sério. — Para tentar prova, Aelin fechou os olhos e ficou alguns segundos imóvel, até que pudesse sentir o chakra correndo em seu corpo. Depois, calmamente, tentou concentrá-lo na sua mão direita. Segundos depois, sua mãe estava completamente tomada por ele.

— Ohh! Você realmente está melhorando nisso, não levou muito tempo para conseguir dessa vez.

— Sobre a maldição, eu quero tentar controlá-la.

— Está certa disso? Você pode morrer e a dor no momento em que ela for selada é insuportável. — Tentava, convencê-la a desistir. Mas já era impossível a esse ponto.

Os dois desceram por uma escada do lado de fora da casa que dava para um pequeno porão com cerca de dois metros quadrados. Apenas quatro tochas – uma em cada parede – cuidavam da iluminação do local. No chão, um círculo perfeito feito com vários kanjis. Não havia mais nada além disso lá. Enquanto Aelin prendia o cabelo e deixava a nuca à mostra, Genzo vestia-se com um manto preto e colocava uma máscara de mesma cor. A máscara tinha o desenho de um demônio com presas afiadas.

— É sua chance de desistir, Aelin. Depois não tem mais volta.

— Vamos! — Respondeu, curta e grossa. Estava determinada.

— Certo. Assim que o Selo da Maldição entrar em seu corpo, ele vai tentar dominá-la. A dor vai ser insuportável. Resista a isso e você ficará bem. Não deixe o chakra maligno se sobrepor ao seu. Eu vou estar aqui para te ajudar, mas o maior esforço ainda deve vir de você. — Genzo, com um pincel, desenhou um símbolo parecido com um cata-vento na nuca da garota. Fez um selo de mão e indagou palavras quase impronunciáveis.

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palavras: 464

Momentos após a marca ser selada em sua nuca, uma dor incomensurável tomou conta de seu corpo. Sentia como se o seu corpo fosse puxado e apertado no peito. Naquele momento, se desejasse a morte era completamente compreensível. Mas, mesmo que inconscientemente, Aelin queria resistir. Não. Aelin tinha que resistir. Ela gritava. Gritos que podiam ser escutados a quilômetros de distância. Certamente, civis e até mesmo outros shinobis cercariam a casa de Genzo para saber o que estava acontecendo se não estivessem isolados abaixo do solo. Seus olhos escorriam lágrimas. A garota encolhia e esticava seu corpo. Não tinha mais controle sobre ele. A cena, sem dúvidas, era desesperadora de se ver.

Seu avô permanecia imóvel. Não era possível distinguir se era por desespero, por arrependimento ou por esperança. A kunoichi encontrava-se em posição fetal, em silêncio. Um chakra em uma tonalidade roxa começou a sair pela marca e agora rodeava a jovem à uma velocidade feroz. De repente, umas marcas negras espalharam-se pelo seu corpo e o chakra roxo sumiu. Agora o silêncio era total. A morte enfim chegou até ela. Genzo, retirou a máscara e colocou a mão em seu rosto, caindo de joelhos no chão. Ele chorava.


A Kaguya acordou em um lugar diferente. Uma plataforma de pedra e o seu redor era totalmente cercado por lava que borbulhava e colocava fogo em pequenas pedras vez ou outra. “Que lugar é esse?" — Perguntava, enquanto tentava se levantar, com extrema dificuldade. O calor era intenso, mas suportável. Parecia os verões em Sunagakure no Sato. Após limpar brevemente os olhos, notou uma figura totalmente de branco se aproximando. Não conseguia ver seu rosto, porém a silhueta lembrava uma mulher.

— Quem é você? Onde eu estou? — Perguntou.

— No melhor lugar em que as crianças de sua idade poderiam estar. Aqui não há guerra. Não há mortes. Não há tristeza. Todos se divertem e comem do bom e do melhor. A vida aqui é uma constante festa. — A mulher se agachou, estendendo a mão para Aelin. — Venha, eu vim aqui te recepcionar.

— Eu sei lá quem você é para ir contigo. — Deu um tapa em sua mão, afastando-se o máximo possível daquela estranha figura.

— Aqui eles me chama de “A Rainha dos Baixinhos”... Vamos, não tenha medo.

A chuunin levantou-se, sacando um osso pelos seus ombros. Com um rápido avanço partiu o corpo da mulher ao meio. Essa, desapareceu logo na sequência.


Lentamente, o corpo de Aelin foi liberando um chakra azul que ia se intensificando a cada segundo. Genzo olhou aquilo com um ar de esperança. As marcas foram recolhendo-se e retornando para o pequeno selo em sua nuca até não haver mais nenhum visível. O velho correu e segurou a kunoichi em seus braços. Estava desacordada, porém viva. Ele sorriu, aliviado.

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palavras: 558

Três dias se passaram desde então. Aelin enfim despertou do seu quase eterno sono. Seu corpo ainda doía um pouco. Não mais por conta da marca, mas sim por ficar tanto tempo deitada em uma mesma posição. Seus músculos e dobras estavam todos atrofiados. Sem mencionar os ossos. Contudo, em um primeiro momento a jovem sequer ligou pra isso. Sua barriga roncava ferozmente.

— QUE FOMEEEEEEEEE! — Gritou, se esticando. — Ai... Ai... — Reclamou das dores, logo na sequência. Aos poucos, foi estalando cada um de seus ossos e alongando cada um de seus músculos.

Genzo chegou à residência no exato momento em que a kunoichi estava em pé sobre o sofá. Sua mão direita segurava as pontas dos dedos da esquerda que estava esticada ao máximo acima da cabeça. O velho arregalou os olhos e ficou com a boca entreaberta, derrubando a sacola de compras que segurava. Estava incrédulo. Porém, ao mesmo tempo, feliz. Afinal, para quem havia perdido o filho e sua esposa, perder sua neta depois de tanto trabalho para reencontrá-la seria o fim para este homem. Ainda pior, pois foi ele quem havia induzido ela a isso.

— A-aelin? Quando você acordou?— Agachava-se, para juntar o que caiu.

— Acabei de levantar... Por que o susto? — Questionou.

— Bem, esperava que você acordasse daqui uma semana ou mais um pouco.

— Ah, eu to bem. Olha! — Deu um salto, parando bem próxima a ele. Sua velocidade estava quase que equiparada se o seu corpo já estivesse cem pro cento. No reflexo de um pequeno espelho na parede à esquerda, pode ver sua nunca uma marca semelhante à uma hélice. — Oh, essa é a marca? Até que é bonitinha.

Aelin ajudou o velho a pegar o restante das coisas no chão e o acompanhou enquanto ele preparava uma refeição. O ronco de sua barriga era tão alto quanto seus gritos, não via a hora de comer. Aliás, um belo prato de lámen era o que ela precisava no momento. Enquanto ele foi para o fogão, a kunoichi sentou-se à mesa para conversarem.

— Deu tudo certo, mas esse é só o começo. — O velho falava, enquanto picotava alguns vegetais e legumes. — Pode ir cortando as carnes para mim? — Pediu por ajuda. — Voltando... Então, este selo na sua nuca é o Selo da Lua, não me pergunte o porquê. Ele possui três versões. A forma inicial que é a qual você possui agora. Você ainda não sabe controla-la, mas quando chegar a determinado ponto em uma batalha que você precise desse poder, ele irá te ajudar. Os outros dois níveis você vai precisar de um pouco de treinamento para suportar e controlar cada um. O primeiro, marcas negras irão se espalhar pelo seu corpo. O segundo você ganharam uma pequena transformação em seu corpo. — Parava um pouco para lavar os legumes. — Seja consciente e não exagere, você ainda pode morrer por causa dessa marca.

— Entendo, então vou precisar de um pouco mais de treinamento para poder evoluir esta técnica. Mas creio que, por hora, o meu corpo não aguente. Então darei alguns dias de descanso.

Aelin pegou o belo pedaço de carne de porco, colocou sobre a mesa e tentando infundir seu chakra na lâmina da faca, cortou-a. Seu controle de chakra, depois de tudo aquilo, havia dado uma boa melhorada. Estava no caminho certo. Mas ainda precisava comer. Sua barriga roncou outra vez.

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