O dia estava calmo e o clima agradável, apesar do ar rarefeito como era de praxe na vila da nuvem. As cadeias montanhosas que cercavam o vilarejo e a altitude elevada faziam com que o oxigênio se tornasse escasso, mas o que era visto como um problema acabava se tornando uma benção.

Crianças nascidas e treinadas em Kumogakure adaptavam seus pulmões à baixa de oxigênio e, portanto, controlavam melhor sua respiração e tinham mais “fôlego” quando executavam alguma atividade que exigisse maior estamina. Além disso, qualquer atividade se tornava mais exigente; correr, saltar, batalhar. No passado, os ninjas da nuvem eram exímios guerreiros e o vilarejo era famoso por estar constantemente em guerra.

Talvez os vestígios do passado ainda refletissem nas gerações atuais. A fim de treinar minha força e resistência, desloquei-me pelo interior do vilarejo até um dos centros de treinamento, uma área espaçosa e pública onde poderia fortalecer meu desempenho e expandir minhas capacidades físicas.  

Como não estava em missão oficial pelo vilarejo, não portava minha bandana ninja e nem minhas vestes de costume; apenas uma calça preta e uma regata da mesma cor, e um par de sandálias básicas. Meu humor estava como o de sempre, um misto de alegria e seriedade, estampava na face o sutil sorriso e um olhar vidrado.

Iniciei um pequeno alongamento, levando os braços de um lado para o outro e pressionando-os de maneira a sentir as fibras se soltarem por alguns segundos. Passando para as pernas, separei-as bem enquanto inclinava meu corpo para um lado e dobrava um joelho simultaneamente estendendo o outro. Permaneci nesse pequeno ritual por alguns minutos, até sentir meu corpo ligeiramente mais leve.

— Isso deve bastar!  

Assumi minha postura inicial optando por colar as palmas das mãos no chão, à altura dos meus ombros com uma pequena distância deles, alinhando meus pés unidos de maneira que meu corpo ficasse paralelo ao solo. Iniciei uma série de flexões, e junto delas uma contagem em baixo tom.  

— Ichi, ni, san, yon, go...

Infelizmente minha força não era das mais invejáveis, faltava-me treinamento. Não estava em meus objetivos ter uma força esmagadora, mas pretendia suprir minhas necessidades para tornar-me um bom combatente — com um conjunto de habilidades físicas e técnicas que me consagrassem como um verdadeiro ninja. Não podia desonrar a mim e nem a minha família, portanto suportaria as dores para superar meus próprios limites.

Ao terminar uma curta série de vinte e cinco repetições, dei um intervalo, sentando sob meus joelhos de olhos fechados enquanto controlava a respiração. Estava apenas no início do treinamento, não tinha espaço para folga, então logo retomei a série de flexões. Aos poucos meu corpo aquecia-se, fazendo escorrer o suor que molhava minhas roupas e escorria pelo meu rosto.  

Ao dar outra pausa, deslizei o antebraço pela testa e olhos para enxugar levemente o suor, tentando lidar com a respiração ofegante.  

— Arf, arf! Isso é mais dureza do que eu pensava!

Passei das flexões para agachamentos, fortalecer a região inferior do meu corpo era tão importante quanto a superior, afinal uma boa base construía uma boa casa. Horas se passaram, em um revezamento entre flexões, agachamentos e flexões de ponta-cabeça, nessas últimas as quais eu mal conseguia executar. O cansaço fatalmente me acometeu, obrigando meu corpo a ceder involuntariamente, esgotado de energias.  

— Arrrf! Acho que por hoje é só!

Recolhi-me para minha casa depois de alguns momentos de descanso. Depois daquele treinamento, um bom banho me cairia bem.


Considerações

• Treino de atributos pra força.