- Yare Yare Daze... – Reclamava Shishio para si mesmo quando descobriu que teria que se apresentar na central da vila. Vestia suas roupas comuns, seu chapéu e andava de sandália como de costume. O clima em Sunagakure era o padrão: Alta temperatura, clima seco e sol escaldante.

- Yamanaka Shishio se apresentando! – A sua frente, encontrava-se Omukade, o Chunin gênio da vila e sua marionete de Centopéia enrolada em seu corpo. (Imagem Aqui)– Opa, Omukade-kun... E essa vida de Chunin prodígio? – Seu tom de voz era alegre e leve, como se estivesse realmente animado em rever o indivíduo a sua frente. Shishio e Omukade estudaram na academia no mesmo período, sendo que o último se formou como Chunin em tempo recorde devido ao seu foco e grande habilidade com as marionetes. – Nesse seu ritmo, vai entrar na Kugutsu Butai antes de eu me tornar Chunin, hein?! – O jovem a sua frente pareceu ignorar o tom usado e apenas entregou um pergaminho para o Genin.

“Omukade-kun perdeu a humildade...” – Pensava Shishio, enquanto abria o pergaminho que geralmente continha as informações de uma futura missão ou algum comunicado importante.

Informações Pergaminho escreveu:Projeto Patronato – Sunagakure
Visando o desenvolvimento das habilidades de nossos novos Shinobis, assim como a sua visão do mundo ninja e sua capacidade de liderança, a Vila Oculta da Areia lança o novo projeto denominado Patronato. Neste, Chunins recém-formados devem escolher alguns dos Genins da vila para fornecer treinamentos, esclarecimentos sobre o mundo ninja e desenvolvimento de habilidades. Serão dois anos de treinamento e se você está lendo essa mensagem é porque foi escolhido.
Aproveite a oportunidade, desenvolva-se e evolua junto ao seu novo superior. Vocês terão permissão de sair da vila, mas não do país, e nós acompanharemos a evolução de ambos a partir de relatórios trimestrais que serão enviados e devem ser preenchidos pelos dois.
Lembre-se, essa pode ser a grande oportunidade da sua vida como ninja. Sunagakure no Sato espera grandes resultados.

- Então quer dizer que... – Shishio olhava para o Chunin a sua frente, demonstrando um leve sorriso. – A partir de hoje você é Omukade-sensei?! – Sua pergunta possuía um tom irreverente, como se estivesse adorando toda aquela informação que havia recebido. – Por um momento achei que você havia deixado os amigos de lado agora que subiu de cargo... Mas vejo que não... – Seu novo sensei permanecia em silêncio a sua frente, como se não desse tanta importância para aquele diálogo. – Ahh... Tira essa cara de sisudo, você continua sem senso de humor?! – Disse. – Quando começamos? –

- Agora. – Respondeu o Chunin a sua frente. – Pegue as suas coisas, vamos conhecer o nosso país. – Disse, com um tom que não demostrava nada além da seriedade. – Vejo você em 30 minutos não se atrase. –
Shishio não se atrasaria, nada lhe interessava mais do que a fuga da rotina de um Genin. Seu intelecto, segundo os seus antigos professores, era algo acima do comum e talvez estivesse além das responsabilidades que lhe cabiam como um ninja iniciante. Isso limitava todo o seu processo. Shishio ansiava por vivenciar missões e descobertas de níveis acima do seu como Shinobi, mas ao mesmo tempo precisava passar por todas as responsabilidades inferiores. Isso incluía substituir professores na academia quando necessário, ajudar a organizar bibliotecas e etc.. Todas essas atividades lhe despertavam um desinteresse que acabavam por desmotiva-lo e deixa-lo estagnado.

Poucos minutos depois, Shishio chegou ao portão da vila. Omukade já se encontrava lá, com a sua marionete centopeia envolta do seu corpo (como sempre) o aguardando. O semblante do Chunin mantinha-se o mesmo, imutável. Uma mistura de seriedade e serenidade que formavam o perfil de um ninja perfeito. Omukade sempre foi um exemplo para todos. Desde o histórico de sua vida ao empenho na academia. Os professores gostavam dele, os Shinobis mais experientes criavam expectativas em suas habilidades e sua entrada na Kugutsu Butai era tida apenas como uma questão de tempo. Porém, mesmo com todo esse talento e perfil, ele sempre se mostrou disposto a trabalhar em equipe com os demais alunos da academia e nunca demonstrou nenhum tipo de arrogância em seus atos. Shishio sempre nutriu respeito por aquele indivíduo e mesmo que ele fosse alguns anos mais novo, sentia um certo orgulho de si mesmo por ter sido escolhido por um prodígio tão reconhecido pela vila.

- Para onde vamos?! – Questionou o Genin, enquanto davam o primeiro passo para fora da vila. – Nenhum lugar em específico, o foco dessa viagem é conhecermos o país em toda a sua dimensão. Também quero ver como uma pessoa que usa um chapéu como esse lida com o deserto. – “Peraí, Omukade-sensei tentou fazer uma... piada?!” Aparentemente, Shishio não era o único empolgado com aquela missão.          


As tempestades de areia eram rotineiras nos dias que se passavam e o Chunin parecia se divertir com as dificuldades encontradas por Shishio em lidar com estas. Era possível ver Omukade, em momentos dispersos, demonstrando um pequeno sorriso em meio ao seu semblante sisudo e por mais esporádicos que fossem aqueles indícios, indicavam que o Chunin estava se divertindo com aquele programa proposto com Sunagakure.

Semanas foram se passando e em meio a vários dias de dificuldade no deserto, a dupla encontrava alguns pequenos vilarejos que serviam como um real descanso para eles.

- Omukade-sensei, você precisa provar esse bolinho de areia. – Shishio caminhava apressadamente em direção a seu sensei provisório carregando um bolinho em sua mão enquanto mastigava uma quantidade de alimentos que aparentemente estava no limite do que o espaço de sua boca conseguia comportar. – Bom demais... – Junto as palavras, alguns pedaços do alimento eram lançados por sua boca.      
Omukade pegou o bolinho das mãos de Shishio e deu uma mordida. Seus olhos se arregalaram e sua face demonstrou um semblante de descoberta, como se tivesse encontrado um sabor novo. – Muito bom mesmo. – Aprovou.

Ao fim da noite todos estavam reunidos ao redor de uma fogueira, a dupla e duas dezenas de moradores do vilarejo. Em silêncio, o Yamanaka apenas observava aquelas pessoas, como eram sobreviventes, como conviviam com as situações mais adversas e conseguiam encontrar calor e afeto independentemente das dificuldades. Seja ao redor de uma fogueira, ou na mordida de um bolinho. – Sabe por que eu escolhi você?! – Omukade quebrou o silêncio. – Eu queria saber como era viver uma vida diferente por dois anos. – Shishio se surpreendeu com as palavras. – Você é alguns anos mais velho do que eu, tem um talento incontestável e já poderia ser um Chunin, mas você não é, simplesmente por que não lhe parece interessante...porque limpar bibliotecas ou ruas não te chama a atenção... – Deu uma pequena pausa. – É por isso que eu me formei antes na academia do que você. Porque você simplesmente não está nem aí para o que não lhe interessa... – O tom de voz de seu sensei provisório era sério. – Eu precisava sentir isso na pele para entender que não era o que eu queria... – O discurso que parecia seguir um tom de admiração logo se transformou para sua verdadeira faceta, uma crítica. – Você é um Shinobi, você tem que sujar as mãos, você não pode fazer só o que lhe agrada. – As palavras do Chunin lhe atingiam como kunais a queima-roupa. – Seu intelecto é o de um gênio e você não o disponibiliza para a vila simplesmente porque não lhe interessa fazer uma ou outra missão Rank D? É revoltante eu ainda olhar para você como um Genin... – Omukade parecia refletir por um instante. – Veja essas pessoas, elas são sobreviventes e você precisa ajudá-las. Entenda que você vai precisar sujar as mãos. Seja varrendo um chão, seja fazendo algo pior. – O Chunin encarou o seu aprendiz momentâneo. – A partir de amanhã as nossas férias encerrarão. Vou te treinar, torna-lo mais forte. Obrigado pelo aprendizado que você me ofereceu até hoje, mas agora realizarei o meu papel como patrono. Espero que esteja preparado. – O homem se levantou e seguiu para o seu quarto, deixando Shishio reflexivo. As palavras de Omukade eram verdades que ele não esperava ouvir naquele momento, mas que se faziam extremamente necessárias.  Essas palavras penetraram o seu âmago e ali permaneceriam pelo resto da vida de Shishio.

- A partir de hoje eu vou pegar aquilo em que você é bom e transformar em ótimo... – Dizia Omukade com um tom de voz que transmitia grande segurança. – Suas habilidades com o ninjutsu e seus selos...Esse será o nosso foco inicial. – Shishio se sentia mais preparado do que anteriormente, lembrava das dificuldades que teve ao crescer nesses pequenos vilarejos do país do vento e como ele hoje poderia usar de seu intelecto e de seu potencial como Shinobi para melhorar a vida dessas pessoas no futuro.

Seu treinamento consistia em constantes e repetitivos dias enfrentando o Chunin e sua marionete em meios as constantes tempestades de areia. Isso forçava o Genin a melhorar a sua habilidade com o ninjutsu ao utilizar o seu Kanchi inato para que pudesse conseguir localizar o seu adversário. Seus selos também precisavam se tornar cada vez mais velozes devido a constante pressão de golpes provocadas pela marionete de centopeia que era utilizada por Omukade.
Todo treinamento resultava em Shishio caído na areia, completamente exausto. Era característica dele se recusar a assumir a derrota e por isso sempre levava os embates ao extremo, mesmo que durante treinamentos. Com o passar do tempo, a diferença de habilidades entre o Genin e o Chunin se tornava menor e aos poucos ele começou a ser uma verdadeira dificuldade para o seu sensei.

- Você evoluiu muito desde o nosso primeiro embate, mas de nada adianta desenvolver a sua habilidade com o Ninjutsu e a sua velocidade com os selos se você não consegue acompanhar os meus movimentos. Você precisa afiar os seus reflexos, senão nunca vai conseguir me enfrentar como um igual. – Seu sensei dizia aquelas palavras enquanto o atacava com a marionete. Shishio era atingido pela mesma e caía desacordado.

Algumas horas depois o Genin acordava ao lado de uma fogueira acesa, já era noite. Omukade lia um pergaminho e se mantinha pensativo. – Sabe Shishio... – Seu sensei começou a falar. – Quando retornarmos, Sunagakure não será mais a mesma. Muita coisa aconteceu nesse tempo que estivemos afastados... – Suas palavras mantinham o tom sério costumeiro. – Não somos mais colônia de Konohagakure e pelos relatórios que tenho recebido, as coisas evoluíram muito em nossa casa... Espero que esteja preparado para se deparar com o desconhecido... – Aquelas palavras despertaram grande curiosidade no Yamanaka. – Mas antes de retornarmos, você precisa melhorar esses seus reflexos, descanse que amanhã retomaremos o treinamento. –

Os dias foram passando, assim como os treinamentos que a dupla tinha. O corpo de Shishio já estava demarcado por cicatrizes, sendo que algumas dessas muito dificilmente deixariam de marcar o corpo do Yamanaka. Era o preço que pagava para superar os seus defeitos, para evoluir como Shinobi.

- Está pronto?! – As palavras de seu sensei pareciam deixar claro que aquele seria o último treinamento entre os dois até que retornassem. – VAMOS! –

- Kage Bunshin no jutsu! – Proferiu Shishio criando uma cópia idêntica bem ao seu lado. Quase que simultaneamente, a centopeia avançava em sua direção e era incrível como a mesma tinha a capacidade de não produzir sons em seus movimentos. Como um relance, Shishio conseguiu enxergar os movimentos dela e em último instante, conseguiu se esquivar. Seu clone avançava em direção a Omukade quando a centopeia imergiu sob a areia. O Kage Bunshin saltou, sacando uma Kunai em sua mão e acreditando estar pronto para atingir seu adversário, o atacou. Em paralelo, o Shishio original se mesclava ao ambiente com a técnica Meisaigakure no Jutsu. Instantes antes do Clone atingir Omukade, a centopeia emergiu do solo arenoso, destruindo-o. – VOCÊ PRECISA FAZER MAIS DO QUE SE OCULTAR E USAR O KAGE BUNSHIN! – Ordenava seu sensei, enquanto a centopeia emitia algo que parecia ser uma espécie de sonar. – Minha Kugutsu consegue sentir o seu Chakra, não adianta. – Quase que de imediato, a marionete centopeia avançava em direção a Shishio em uma velocidade exorbitante. Mas dessa vez, o Genin conseguia acompanha-la. Poucos instantes depois, a marionete parecia ter conseguido atingir o Yamanaka. Mais uma vez. Parecia...

Shishio havia retirado o seu casaco enquanto estava invisível com o Meisaigakure e o arremessou para cima. Aproveitou do instante em que Omukade lhe dava um sermão para que o mesmo tivesse um lapso de atenção e não percebesse a vestimenta quando ela voltou a tomar forma ao sair do efeito do jutsu de ocultação. O Genin conseguia acompanhar os movimentos da marionete e permitiu que a mesma lhe atingisse com um único intuito...

No momento em que a marionete atingiu o seu corpo uma grande fumaça surgiu. Um Kawarimi. O Genin substituiu a si mesmo com o seu casaco arremessado que já se encontrava sobre seu adversário naquele momento. No mesmo instante da substituição, fez o selo da técnica de seu clã e proferiu. – Shintenshin no jutsu! – Shishio usou a técnica assinatura dos Yamanaka e poucos instantes depois, encontrava-se dominando o corpo do Chunin, enquanto o seu corpo original se chocava contra o solo arenoso, inconsciente devido ao transporte de sua consciência. – É, eu deveria ter antecipado isso... –

Poucos instantes depois, Shishio cancelou o seu jutsu, retornando ao seu corpo e permitindo que Omukade tivesse controle novamente. – Finalmente... Podemos retornar. – O Chunin parecia sentir um certo orgulho de Shishio. – Acho que consegui te ensinar uma coisa ou outra... Já não aguentava mais te descer a porrada... – Sim. Mais uma piada. Duas em quase dois anos.

O retorno da dupla para a vila refletia os primeiros meses da viagem. Agora que Omukade sentia que seu trabalho havia sido realizado, o mesmo passou a aproveitar novamente as visitas nos vilarejos que rodeavam Sunagakure. Enquanto isso, Shishio passava a encarar as coisas de uma maneira mais observadora. Via como aqueles vilarejos haviam mudado com o passar dos dois anos, haviam crescido e estavam mais desenvolvidos. Seria reflexo das mudanças em Sunagakure?


O sol clamava forte em seu nascer no horizonte e aos poucos uma estrutura imponente tomava forma. – Mas que porra é essa?! – Proferiu Shishio ao ver a imensidão da nova Sunagakure. Havia recebido notícias do avanço da mesma, mas nunca que imaginaria tamanha mudança. – Puta que pariu... O responsável por isso merece um prêmio... – Olhou para o Chunin ao seu lado e o semblante dele permanecia o mesmo. Sisudo e profissional.

A cada passo dado, Shishio refletia como aquela mudança havia sido abrupta para tão pouco tempo. Sunagakure possuía enfim um porte destemido, que refletia o espírito dos moradores do país do vento. Os detalhes em ouro e pedras preciosas traziam robustez as construções e os prédios e moradas funcionavam quase como arranha-céus. Não apenas isso, a vida também tomou forma na região. Rios e florestas contrastavam os novos detalhes e traziam luz aos olhos de Shishio.

Apresentou-se junto a Omukade no centro Militar de Sunagakure, assinando os documentos que confirmam o seu retorno do programa de Patronato e direcionou-se para a sua casa. – Que na próxima vez que nos encontrarmos, seja como companheiros de equipe e não como mestre e aprendiz. – Disse para o Chunin a sua frente, que demonstrou um sorriso de canto de boca. – Então você vai precisar correr atrás do prejuízo... – Três piadas. Três. Em dois anos.

Shishio se aproximou de sua morada, que também havia sido reformada enquanto ele estava no patronato. Continuou simples, porém mais encorpada do que anteriormente. Tomou um banho e parou um instante diante do espelho em seu quarto. Encarava cada uma das suas novas cicatrizes como o preço a se pagar pela sua evolução como Shinobi. Nada vinha de graça na vida, nada, e foi analisando as suas cicatrizes que um pensamento despertou na mente do Yamanaka: Qual o preço que Sunagakure pagou por tamanha evolução em tão pouco tempo? O que estava à espera da vila e de seus moradores?

Seja o que fosse, Shishio estava curioso para descobrir e ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, a conta chegaria...

Jutsus Usados:

"Armas e Equipamentos:

Considerações: