O seu maior objetivo era o de, um dia, tornar-se um guerreiro honorável. Sabia não se tratar de uma meta simples, ou sequer razoável. Milhares haviam morrido na busca do título e outros tantos na defesa dele. Entretanto, não perseguir seu sonho era injustificável sob qualquer pretexto. Ciente e pleno, moveu-se. Retirou-se de sua residência levando consigo somente as roupas do corpo e um único pergaminho escondido por dentro da camisa. Um dia cinzento, propício à chuva. Desceu as montanhas e atravessou a vila na direção do campo de treinamento, à periferia. De grandes proporções, a Nuvem abrigava a mais de um deles. Reservou-se o direito de praticar em reclusão, num espaço deserto.

Uma planície de rocha consistente, rígida. Uma das pouquíssimas observáveis num longo perímetro. Da manga esquerda recolheu o pergaminho. O desenrolou e esticou o papel, lendo-o.
— Raiton... — divagou.
Leu os céus e imaginou, por um breve instante, o que faria para domar o raio. Ao seu redor, pouca vida. Somente uma grande árvore de cerejeira se ostentava. As flores ocupavam os arredores. Segurou uma única com a destra.
— Certo, vejamos se sou capaz...
Era um bom controlador de chakra, por isso acreditou que não tardaria em sua tentativa. E, não bastasse, era conhecido por ser um prodígio. As credenciais seriam colocadas à prova. O indicador da canhota repousou no ar sobre as pétalas. Pensava em criar uma mera fagulha, representante de um circuito elétrico que se fecharia a partir da diferença de potencial proporcionada pelo poder shinobi. O chakra se condensou na ponta do dedo num montante azul. Pressionou-o, desejando que sua natureza se alterasse.

Falhou. Esperado, mas não menos incômodo. A esperança era a de sempre ter sucesso. Praticou, incessantemente. Conforme progredia, aprendia com a falha e consertava o que podia. Autodidata, encontrou a chave e a fechadura que guardavam o conhecimento. Depois de tentar à exaustão, fez o arco voltaico se formar entre a extremidade que concentrava o poder e a flor. Ela a queimou, reduzindo-a às cinzas.
— Isso é perigoso. — reconheceu. — Porém, não é o suficiente. Não posso me contentar com tão pouco. Que tipo de mestre serei eu se não for um mestre com os relâmpagos?! Uma piada... — avaliou precipitando o que viria a seguir.
Já era um hábil artista marcial. Transformar-se num perito do elemento elétrico aparentava ter se tornado um dever a ser cumprido. Semelhante o que conseguia fazer com seus punhos, desejava aprender a fazer o mesmo, desta vez com o trovão. Perante os ventos que sopravam à oeste, estendeu ambas as mãos em perpendicularidade ao chão. Os dedos estavam levemente curvados, assim como os cotovelos.

Quão longe alcançariam os seus feixes? Perguntou-se instantes antes de pressionar o chakra numa ofensiva, fazendo-o tomar a natureza do raio. Descargas se estenderam da pele ao mundo exterior. Diferente do pretendido, tratavam-se apenas de pequenas faíscas que saltavam e perdiam a efetividade antes de encontrar um alvo. O seu intuito se tornou o de destruir uma rocha de proporções consideráveis. Como sabido, os relâmpagos detinham vantagem elemental frente os minerais sólidos. Se pudesse atingir o pedregulho com o corisco, certamente o abateria. Concentrou-se e permitiu à mente prodigiosa o trabalho ao encontrar de uma solução simples e eficiente.

Os neurônios se comunicaram em uma sequência frenética, capazes de produzir uma resposta à altura de sua genialidade. Com erros e acertos, aprendeu a impulsionar o chakra com velocidade o suficiente para criar uma corrente elétrica de alta potência. Os raios se distribuíram dos dedos e viajaram com força arrebatadora em direção ao anteparo. O raio venceu a terra ao penetrá-la com dezenas de fagulhas elétricas em sua estrutura.
— Ufa! — disse aliviado, notando que já havia gastado quase todo o chakra naquele treinamento.
Tornara-se, enfim, um perito do elemento Raiton.

Munenori; 200/200 200/200 00/04

Considerações:

Usados: