Hate

Cartas para Love...

— Thank you, Love. (Obrigado, Love) — Agradeci minha contra-parte, ela havia me deixado no comando temporariamente. Era a maneira dela dizer: “Vou precisar ficar no comando por muito tempo, fica aí e me deixa em paz”, mas com suas ações que raramente me irritavam.

Coloquei uma roupa confortável, um tipo de legging preta e uma regata de mesma cor. Coloquei em meu bolso um bloquinho de notas que tanto eu quanto Love usávamos para passar mensagens importantes, uma para outra. Digo, ela me passava mensagens importantes, eu só faço desenhos obscenos. Com minha bolsa ninja em minha perna, era hora de sair e ir para um lugar mais confortável: o campo de treino.

O local estava deserto, era muito cedo até mesmo para os ninjas que gostavam de treinar de manhã. Isso para mim era uma vantagem, pois eu poderia começar a treinar uma carta em minha manga: Um jutsu que eu apenas havia pensado ser possível, mas que até o momento era apenas suposição.

Dobrei meus joelhos próximo a um dos troncos de alvo e saltei para cima dele, parando delicadamente no local. Logo em seguida, me sentei no tronco ficando com as pernas dobradas na posição borboleta, subindo e descendo meus joelhos, como se exercitasse minhas articulações ou treinasse minha elasticidade.

Comecei a focar em minha respiração e em meu fluxo de chakra, tentando fazer com que ambos entrassem em sincronia, a verdade é que eu tinha uma única habilidade que me tornava uma ninja, a habilidade de ser criativa com o meu fluxo de chakra. Eu não tinha nenhuma família que me desse um poder incrível de clã, ou um sensei que me ensinasse jutsus muito bons, na verdade, nada disso me interessava.

Minha única arma como shinobi era expelir chakra em objetos, como kunais. Mas e se eu conseguisse fazer isso sem objetos? E se eu pudesse liberar o chakra a partir do nada e criar a partir disso uma técnica de assinatura, algo só meu. Conforme meus pensamentos iam ganhando calma e forma, eu conseguia sentir que o chakra queria sair do meu corpo por todos os meus poros.

A frequente sensação de desgaste começou a surgir em mim, me obrigando a abrir meu olho e ver a escuridão emanar do meu corpo. Não era uma escuridão comum, era o meu próprio chakra que formava pequenas chamas pelo meu corpo, me permitindo ver essa exteriorização e apreciar a beleza dessa habilidade que lentamente ia se transformando e se adequando a mim.

Me espreguicei um pouco, abrindo meus braços para exercita-los, antes de levantar dali. Escrevi no bloquinho de anotações: “Meu trabalho está pronto, bitch (vadia) ” e o guardei no meu bolso novamente, era hora dela assumir o controle novamente e fazer tudo que ela tinha que fazer.

Considerações:

Love

Podemos conviver em harmonia...

— É bom estar de volta no meu corpo. Desculpa, Hate, mas tive que forçar a sua saída por que eu preciso fazer algo por nós duas. — Eu falei comigo mesma. Eu precisava de um bom tempo sozinha para realizar minhas missões e tentar encontrar alguma forma de podermos nos comunicar diretamente.

Passei a realizar uma leitura sobre as ações de Hate e fazer uma análise parcial sobre sua personalidade, não de forma profissional, claro, e ver o que ela havia feito enquanto estava no controle. Minha surpresa maior foi ver que ela estava começando a se adaptar com a ideia de escrever as coisas no diário. Uma poética legalzinha? Sim. Com informações que me ajudem? Não.

Aproveitando o tempo que eu tinha até que ela assumisse o controle de volta, eu me dirigi até a biblioteca de Iwa e peguei ao todo 5 livros: 2 para análise comportamental, para ver se os comportamentos de Hate eram seguros para a sociedade, afinal, eu não queria liberar uma assassina por ai; peguei 1 livro sobre os limites dos jutsus medicinais, para ver se eu conseguiria separa-la de mim em algum momento; peguei um livro sobre jutsus mentais, para saber até onde eu conseguiria separar as nossas mentes sem nos prejudicar; e, por fim, um livro sobre divisão corpórea.

Os primeiros 2 livros eram quase guias para que eu pudesse entender um pouco mais sobre a mente dela. Sua personalidade irritada e que está sempre ofendendo os outros e a mim, demonstravam traços de insegurança, talvez. E mesmo que não fosse insegurança, era algum tipo de repressão de sentimentos, talvez pelas coisas que eu mesma havia reprimido, acontecimentos de infância.

Sobre jutsus medicinais: A criação de corpos ou clones eram bem comuns no mundo ninja, aparentemente. Mas para essa utilização era necessário um treino muito grande e um enorme conhecimento em cima disso. Coisas complicadas de alcançar para uma genin de 13 anos que não sabia nem ao menos usar o próprio chakra direito. Esse foi o conhecimento que tirei do terceiro livro.

O quarto livro, no entanto, era um freio em meus planos, uma pedra no caminho que me impedia de traçar toda minha rota sozinha. Jutsus mentais eram mais complexos e poucos ninjas conseguiam realiza-los, tanto que quase não haviam registros sobre esses tipos de jutsu e eu teria que viajar para outros lugares para conquistar tal poder. Mas o quinto livro reacendeu minhas esperanças: Eu conseguia me dividir com uma técnica da minha própria vila, o Bunretsu no Jutsu, talvez essa técnica me permitisse me separar em duas consciências se fosse evoluída.

Qualquer que fosse a resposta, valia o tempo para aprender essa tal técnica e tentar me separar de Hate. Fechei todos os livros, já com minha mente trabalhando em um tipo de solução para esses problemas e segui para fora dali, pensando no que fazer em seguida.

Considerações: