No cume da mais alta montanha de seu vilarejo ele observava as estrelas. Contemplava aquele belo de teatro de corpos celestes brilharem intensamente. "Qual será a distância que nos separa? Será que sou capaz de mensurar?" divagou consigo, imaginando o quão insignificante era. "Perto do que existe, eu sou nada senão poeira aguardando a extinção... É por isso que não importa o quão diminuto eu seja ante tal esplendor... Devo fazer de tudo para chegar ao nível máximo de minhas habilidades... Ser um com a espada e encontrar o nirvana..." refletiu. Retirou da bainha o aço bem trabalhado, metal que fora passado de geração em geração na família de sua mãe e agora lhe pertencia. Foi com o tanto pensar que chegou a conclusão da necessidade de reforçar seus atributos. Naquele alto, passou a executar alguns golpes contra o vento.
— Hyaaaah! — gritou, expulsando do peito a força.

Arcos médios, acrobacias, saltos e golpes verticais e horizontais. Existiria um limite para a possibilidade de combinações de suas investidas? Não conseguia raciocinar por si só a resposta dessa e tantas outras perguntas. Por isso, reservou-se ao trabalho de continuar golpeando, durante o dia e a noite, aperfeiçoando cada um de seu passo, a postura, a respiração, a forma, a substância, todos os componentes de seu kenjutsu e, por conseguinte, taijutsu. Vislumbrou uma sombra de seu pai, um homem versado com a espada. Provavelmente o maior espadachim que conhecera desde o seu nascimento, detentor de um estilo de luta único, conhecido por não ter sido visto mais de uma vez por aqueles que ousaram lhe duelar no passado. Disputou com aquele ser que surgira de sua imaginação. Uma criatura totalmente negra, portando, consigo, um par de lâminas. Disputaram, por diversas vezes, um embate. E, apesar das inúmeras tentativas, não houve nenhuma em que pudesse enxergar uma brecha na defesa daquele ser. A projeção era poderosa, capaz de imitar os movimentos do senhor Munetoshi com perfeição, ou pelo menos aqueles que se recordava em partidas amigáveis com ele.

Dia e noite, noite e dia, passaram-se sem que ele desse uma única trégua. Seu corpo esgotava-se, recuperava-se e lutava novamente, sem um fim, aperfeiçoando-se a cada novo duelo. Mas, depois de muito, concluiu que não havia progresso real a partir daquele horizonte. Era um inseto se comparado a ele, esmagado incontáveis vezes por um espadachim que dominara o caminho da espada. Porém não poderia continuar inerte feito uma batata. O garoto era senhor de seu destino, deveria ele moldá-lo à forma que bem entendesse, não se deixando levar pelo pensamento de que seu futuro estava decidido pela diferença de nível entre eles. Pelo contrário, provaria um dia que poderia ser superior à qualquer outro desde que continuasse empenhado ao máximo. E, assim, diante de inúmeras derrotas, transcendeu. Sem que desse conta, seus pés e mãos moviam-se com maior ligeireza. Seu corpo também compreendia maior versatilidade. Desta vez, o aço de ambos se chocava sem que houvesse um vencedor...


Era sempre à noite que sua cabeça funcionava com entusiasmo. Decidir o curso que tomaria sua vida não era uma tarefa simples, nem nunca seria. E, por isso, era sempre durante as noites sem sono que imaginava o porvir. Durante esta, precisamente, optou por estudar. Quem sabe ocupar a cachola com outras atividades pudesse lhe safar do medo de supor a posteridade. Desta vez o cenário era completamente distinto do anterior. Estava em sua residência, uma casa de grandes proporções com uma biblioteca própria. E lá permanecia, entre uma centena de livros repousados em variadas estantes e que versavam sobre uma infinidade de assuntos. Encabeçou a procura por livros que tratassem sobre ninjutsu. A intenção, é claro, era de poder melhorar naquela vertente.

Reuniu consigo uma série de exemplares, entre pergaminhos e livros. Colocou-os sobre à mesa de madeira que ocupava o centro do cômodo e aconchegou-se na cadeira de mesmo material. Com uma caneta em mãos, anotava tudo o que acreditava ser interessante, rabiscando o papel e estudando com afinco aquilo que estava escrito nas primeiras páginas. Estabeleceu relações entre os assuntos que eram abordados entre uma fonte e outra, ainda permanecendo tão somente no campo do abstrato. Aos poucos, percebia que sua capacidade cognitiva se afiava e, com isso, se tornava fácil ler com um pouco mais de agilidade. Reuniu, consigo, uma quantidade extravagante de informações. Só cessou seus estudos quando os olhos se recusaram a se manterem abertos, fazendo o aplicado shinobi apagar e babar sobre a superfície.

Não sabia dizer há quanto residia e se alimentava naquele lugar. Ainda sim, mantinha a compostura e absorvia tanto conhecimento quanto possível. O estudo abriu espaço às práticas, uma vez que já se sentia confiante o bastante para pôr em prova todo o conteúdo extraído daqueles milhares de páginas. Executou, a princípio, técnicas básicas aprendidas durante a academia ninja. Olhou para um clone simples e percebeu que, embora um jutsu simples, os detalhes ainda deixavam escapar a perfeição na execução. Viu com exatidão os pontos que deixavam a desejar. Executou a clonagem uma segunda vez, dessa vez se recordando das informações adquiridas dias atrás. Enxergou a melhora, porém ainda não o desejável. E, sem nenhuma pausa, persistiu nas tentativas. Perdeu as contas de quantas vezes teria feito o mesmo selo e de quantas vezes teve de lidar com o fracasso. Todavia, aquele já era um sentimento com o qual lidava perfeitamente bem. Seu espírito não esmoreceu, demonstrando que vigor era uma das virtudes que esbanjava enquanto seguidor do caminho do guerreiro. Repassou todos os tópicos na cabeça, encontrando, com a prática, o motivo de sucessivas falhas. A sua aprendizagem aliado ao gênio incomparável produziram o melhor dos resultados. Naquele instante, percebeu que evoluíra.

Munenori; 200/200 200/200 00/04

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