Já era tarde quando o Jonin deixou sua residência, muitos estabelecimentos comerciais já haviam fechado e as ruas se encontravam desertas. O homem tomou o rumo da periferia da vila, local onde seus pais residiam, ele não tinha pressa para alcançar seu destino, sabia que sua mãe provavelmente acabaria por servir o jantar com atraso.
Kaido estava ansioso para encontrar seu pai e lhe contar sobre suas conquistas dentro do departamento de inteligência. A semana de Kaido havia sido tão boa, mesmo tendo que realizar um trabalho de certa forma perturbador como interrogador, que o jovem não conseguia deixar de sorrir nem por um minuto.
Proximo a mansão dos Yamanaka o experiente shinobi notou que algo não estava certo. As luzes que normalmente iluminavam as ruas de kumogakure se encontravam apagadas “Um descuido de algum funcionário ou algum apagão, talvez?”. A alegria e o otimismo do jovem haviam lhe cegado, lhe roubado o senso crítico que durante anos de carreira fora ensinado a ter. As luzes do bairro periférico haviam sido intencionalmente apagadas e o porquê Kaido em breve descobriria.
Kaido ouviu um burburinho, por um segundo o jovem hesitou, mas logo se colocou a correr em direção ao local da confusão. Um aperto no coração e um murro no estomago de Kaido se manifestaram quando ele percebeu que corria em direção a casa de seus pais.
A escuridão impedia Kaido de saber o que acontecia diante da casa de seus pais, apenas a silhueta de um apanhado de pessoas podia ser vista. Kaido conseguia sentir o chakra de seus pais e de um apanhado de shinobis “Algo está errado”. O shinobi mascarou sua presença fazendo uso da sua habilidade de não existência. Com cautela, mas ainda sentindo seu estomago revirar em sua cavidade abdominal, Kaido se aproximou do grupo, a fim de entender o que se passava e se necessário intervir.
- Vocês não entendem? Vocês desafiaram o governo, desafiaram as ordens do próprio lorde feudal – o homem que se pronunciava parecia ser o líder do grupo, afinal, se colocava em frente aos demais shinobis.
- Nós fizemos o que era o certo, nós salvamos aquelas pessoas... nós... nós não poderíamos simplesmente deixa-las lá, agonizando, sofrendo e clamando para que a vida fossem lhes roubada de uma vez... Isso não é humano – Kaido estava confuso, não entendia o que seus pais poderiam ter feito de tão grave, mas aos poucos encaixava as pecas daquele quebra-cabeça.
- Ridículo... Vocês parecem Genins falando, nem parecem que serviram em missões de alto risco, nem parece que um dia tiveram que cometer assassinatos em nome de sua vila... A demência lhes fez esquecer de qual é o serviço de um shinobi? Vocês não contrariam as ordens de seus superiores, vocês não contrariam as ordens de sua vila – Os punhos de Kaido se fecharam com força, ele sentia raiva pela forma como o homem falava com seus pais, mas no fundo compactuava com aquilo que era dito.
- Se isso é ser um shinobi eu renuncio ao meu posto –
- E eu também –
O líder do grupo riu por alguns segundos e então algo que ele não podia acreditar aconteceu. O homem fez com que duas lâminas de raio se materializassem e atingissem o peito dos idosos a sua frente – Se é isso que desejam... A única forma de abandonar seu posto é morrendo, desertores -.
Kiado queria gritar, mas algo dentro dele felizmente lhe impediu. O garoto permaneceu em pé, oculto por sua técnica e estupefato. Kaido não conseguia acreditar no que havia presenciado, não conseguia nem ao menos entender o que havia acontecido ali.
- Enfiem os corpos de volta na casa e ateiem fogo, façam parecer que foi um acidente. Amanha o jornal conterá uma bonita nota sobre os dois médicos e heróis de kumogakure que acidentalmente faleceram... Acho que isso evitará que as pessoas façam perguntas e que o filho deles venha a nos incomodar -.

Kaido caiu de joelhos no gramado, ele não conseguia definir o que sentia, ele não conseguia nem mesmo chorar. O tempo passou diante de seus olhos e ao final de algumas horas, ainda no chão, o jovem tomou certas conclusões sobre como o mundo e a sociedade se comportavam. Era obvio para Kaido que as pessoas naquele ponto da história só pensavam em si... O mundo havia evoluído muito, no entanto, a evolução das máquinas e dos sistemas econômicos só havia servido para separar ainda mais as pessoas, naquele ponto da história as pessoas só pensavam em si, só pensavam e sobreviver e acumular poder... Era cada um por si.
Com dificuldade o shinobi se levantou do gramado. O estomago do garoto ainda se revirava e sua cabeça ainda estava anestesiada devido a tudo que ele havia presenciado, mas ele precisava seguir, precisava viver, precisava superar aquilo e se libertar de sua ingenuidade, de suas crenças de que o sistema shinobi e o sistema mundial serviam para um bem maior, serviam ao povo...

Considerações”:

Equipamentos”:

Jutsus Utilizados: