"Já é a hora", Izanami analisou certa noite em sua cama, olhando o teto sem graça. Sim, era mesmo hora. Tinha conseguido se recuperar da última missão, e agora, precisava descobrir respostas sobre seu passado. Seu início no clã Aburame era algo totalmente estranho para a garota, que outrora tinha salvado seu vilarejo. Reencontrar Amargo era algo de extrema urgência, mas precisava descobrir o que estava acontecendo com ela mesma.

Na manhã seguinte àquele pensamento, ele trajou seu manto branco, típico que sempre usava, e como Jonnin, recebia permissão para se dirigir até Hi no Kuni. Saiu cedo de casa, com seu manto branco enfeitado, uma vez que o preto ainda estava nas mãos de Izanami, suas sandálias ninjas pretas, sua hip-pouch nas costas e as espadas gêmeas kibas em suas costas. Particularmente, naquela manhã, a nevasca coloria seus cabelos pretos com roxo em breves mexas sobre o mesmo. Não partiu em alta velocidade, pelo contrário, saiu em passos lentos, caminhando como se fosse uma viajante solitária voltando para casa depois de anos batalhando e trabalhando duro. E de fato era isso mesmo. Veria sua família e membros do clã depois de acontecimentos que separaram a família.

A história de Izanami estava apenas se iniciando.

Os cabelos salpicados de roxo acabava derretendo-os a medida em que ela se movimentava na nevasca. O manto branco com listras lilás na parte inferior, costumeiramente usado pelos membros da vila, só destacava mais as mechas rosadas. Izanami não se importava. Os cabelos eram um de seus orgulhos como membra do clã Aburame. Mas sabia muito bem como uma jovem viajando sozinha numa temperatura assim podia significar. Conhecia os contos dos clãs das montanhas, responsáveis por ataques furtivos à viajantes. Exterminar uma garotinha parecia coisa fácil, porém, tendo uma bandana da Nuvem na testa, as coisas podiam mudar de figura e ele se tornar uma presa. Por sorte, ela não recebeu nenhuma visita esperada durante o trajeto inteiro e chegou a cidadezinha de Myōsan.

Uma senhora de idade lhe recebeu na entrada da vila. "Shinobu-san", a menina pensou, lembrando da manhã em que partira da cidadezinha rumo à Kumogakure. A velha não recordou suas feições, apenas disse: — Seja bem-vinda, viajante. Seus cabelos serão muito atrativos em nosso vilarejo. — Izanami manteve sua expressão radiante e distante. As armas de um samurai estavam firmadas na falta do sentimentalismo. Concordou com Shinobu e seguiu passagem rumo ao Castelo Karakura, onde já conseguia ver uma torre dali mesmo. A cidade não parecia ter mudado tanto, com exceção de novas crianças correndo e brincando de samurai. Por um momento, a menina se sentiu novamente em casa. Uma casa que ele podia chamar de sua.

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A entrada do Castelo Karakura era resguardada por vários guardas samurais. Usando armaduras polidas de cor salmão com o símbolo do clã entalhado no peitoral, os guardas colocaram-se em guarda ao vê-lo se aproximar naquelas vestes tão típicas dos shinobis. Izanami não se ofendeu, pois teria a mesma reação no lugar deles. Um verdadeiro samurai do clã Karakura sabia como se comportar frente aos ninjas — desconfiando deles. Por mais que o sistema mundial escalasse os ninjas, eles, assim como uma parte daquela região, ainda duvidava desde os acontecimentos passados. — Não está longe de casa, membro da Nuvem? — Indagou uma mulher que surgiu das sombras da entrada do castelo. Usando vestes nobres e cabelos rosas penteados à óleo, ele se direcionou ao garoto como se ele fosse um mercenário.

— Não, senhor, sou Aburame Izanami e estou retornando depois de alguns anos treinando em Kumo. Gostaria de me apresentar formalmente ao líder —, Ela falou indiferente, mantendo a compostura. A moça arregalou os olhos e sorriu, mostrando todos os dentes. Aproximou-se e lhe deu um forte abraçado, retirando seus pés do chão. Os samurais ficaram olhando desentendidos. Izanami mesmo não entendeu nada, até ouvir ao pé do ouvido "Izanami-chan". — Ojisan? — A garota indagou e foi largada encarando a face mais velha da mulher. Três anos haviam passado e aquela mulher tinha envelhecido cerca de dez. Estava mais dura, mais cruel. Tinha um olhar cansado e maldoso. Ela caminhava constantemente com a irmã de Izanami. Por um momento, ela pensou que pudesse ser este o motivo e o peso daquela morte voltou aos seus ombros.

— Pois bem, vamos entrando! — Ela anunciou e o levou até a sala do líder Xogum, Karakura Zen.

Izanami andou atrás de sua tia até o salão onde ficava o Shogun, Karakura Zen. O homem estava sentado em uma poltrona dentro de um enorme salão onde dois samurais ficavam de guarda à frente dele. Tinha os cabelos rosados como de costume do clã, entretanto, com mechas pretas nas pontas dos fios. Iaanami aproximou-se e fez a reverência devida ao seu líder. O homem não parecia muito interessado em vê-la, focando sua atenção à bandana na testa da garota. Colocou o cotovelo no braço da poltrona e apoiou o rosto na mão, mostrando-se desdenhoso. Kyo ergueu-se, terminando a reverência cujo movimento abriu levemente o manto branco e revelou tanto a espada quanto suas roupas ninja. Ao ficar ereto novamente, o homem continuou em silêncio esperando suas palavras. Kyo manteve a expressão séria e iniciou seu discurso. — Karakura Kyo se apresentando, Shogun-sama. Depois de três anos aprendendo com os ninjas de Kumo, volto para me colocar a disposição como um samurai do clã.

O homem olhou-a sério, como se estivesse julgando todas as suas decisões. Por um momento até mesmo Izanami, sempre cheia de si, sentiu-se pressionada e com medo de não ser aceita. Na sua infância, quando ainda tinha a irmã viva, seu pai costumava falar do quanto ela não prestaria para ser uma kunoichi do jeito que era. "Talvez ele tenha ouvido isso dele e agora não vá me aceitar", ela imaginou, sentindo o suor se acumular debaixo dos braços e no topo da cabeça. — Uma shinobi. É isto que você é agora. Uma shinobi. Poderei aceitá-la, claro, porém, precisará realizar uma missão especial. Já que é tão aliado do chakra e dos preceitos do ninshū, vá até a Montanha de Myōsan e encontre o túmulo sagrado de Shinobu e tente descobrir seu segredo de borboletas. Caso consiga, você será uma samurai do clã.

Izanami não suportou o peso e arregalou os olhos. Ninguém jamais havia descoberto seus segredos. Karakura Shinobu, a matriarca do clã, criadora de toda sua constituição e também lendária dentro da família não era fácil de ser entendida. Usava forças ocultas, era amiga de borboletas e usava uma espada que ninguém jamais conseguiu usar de modo semelhante. Aquela não era só uma missão complicada, ela era impossível. Porém, se tinha aprendido alguma coisa na academia ninja era de que todas as missões deveriam ser aceitas e suas tentativas deveriam ser feitas dando o máximo de si.

A menina curvou-se, aceitando a missão, e saiu do salão rumo ao túmulo sagrado de Karakura Shinobu.

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O local onde Karakura Shinobu tinha suas cinzas deixadas era um pouco distante do Castelo. Fizeram da casa onde ela nascera um verdadeiro templo de adoração a maior espadachim da linhagem cujas habilidades ultrapassavam a de quaisquer outros samurais da família em todas as gerações. Todos dentro da família conheciam as lendas cercando a existência de Shinobu, inclusive Izanami. A primeira do clã, a espadachim que iniciou toda a linhagem. A maior e mais forte cuja nenhuma outra geração conseguiu encontrar o mesmo nível. Shinobu vivera numa época entre períodos conturbados no mundo e mostrava poderes fantástico invocando borboletas e as controlando e usando uma lâmina de poderes mágicos. No entanto, nunca teve filhos, tampouco um marido. Ela trouxe seus irmãos para combate e deles vieram os próximos que se uniram a outras pessoas e mantiveram a linhagem numa crescente. O espírito de Shinobu padecera com ela em uma luta entre clãs samurais e ninjas.

"Aqui estamos", ela sibilou a si mesmo parando de frente para o casarão onde ficavam cultuando a imagem de Shinobu. Imaginava que aquilo era uma tarefa pensada em falhas. O shogun não estava contente com sua decisão em aprender mais com os ninjas e, portanto, o faria falhar para não dar-lhe nenhnum título oficial de samurai dentro do clã. Mesmo sabendo disso, ela entrou no casarão. Retirou as sandálias antes de acessar o interior, respeitando a morada da lendária Shinobu. Não tinha ninguém lá dentro ou fora, o que era incomum, pois sempre havia ao menos uma pessoa louvando a mulher que se tornara quase uma deusa dentro da mitologia Karakura.

Ela foi acessando cada vez mais a fundo até encontrar a vasilha onde estavam as cinzas da mulher e, acima dela, a espada pendurada na parede e protegida por um vidro cheio de papeis de selo. A incrível Borboleta Invertida. Porém, aquilo não era o motivo de Izanami estar ali. Ela passou os olhos e encontrou, no canto do quarto, um enorme pergaminho fechado.

Sua vida estava prestes a mudar.

A curiosidade matou o gato. Um ditado fluente no mundo inteiro. Izanami não sabia sua origem, mas ouvira inúmeras vezes. Significava que, às vezes, ser muito curioso coloca as pessoas em perigos dos quais elas nunca estariam preparadas se mantivessem o espírito de curiosidade afastados de si. Izanami não era exatamente esse tipo de pessoa. Ela gostava de conhecer novas coisas e, ainda mais importante, ele continuava numa missão ou tarefa sem aceitar derrota, mesmo que isso significasse, inevitavelmente, cair em armadilhas e situações difíceis. Quando ela viu o enorme pergaminho no canto do salão e se aproximou, ela sabia que estava sendo movido pela curiosidade. A missão era descobrir segredos de Karakura Shinobu e ela sabia que ninguém tocava nos itens dentro da sala por respeito, sendo assim, ela analisou, deveria quebrar este protocolo e descobrir o máximo de informações possíveis sobre as famosas borboletas de Shinobu. Os dedos magricelos com as unhas decoradas passaram devagar pelo contorno do pergaminho que cobriria facilmente suas costas inteiras. Ela nunca havia visto algo assim. As extremidades do pergaminho possuíam detalhes semelhante aos fios de crisálidas rompidas, desenhando uma forma artística bastante única para um simples pergaminho. O papiro usado também tinha uma tonalidade mais rosada e quando ela o tocou, sentiu uma vibração diferente acontecendo.

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Afastou-se rápido do pergaminho, dando um passo para trás, fazendo o manto branco sacudir. Sentira uma reação ao seu chakra, um detalhe sutil, mas muito simples de ser percebido por um ninja. Aquilo não fazia o menor sentido, pois Shinobu era uma samurai como todos do clã Karakura e nenhum deles usava o chakra. Nada aconteceu. Izanami olhou nos arredores para ter certeza de que ninguém a veria tocando novamente num item considerado quase sagrado dentro daquela comunidade e ao ter certeza de estar sozinha, aproximou-se novamente e colocou uma das mãos abertas no topo do pergaminho. Mais uma vez seu chakra reagiu, porém, desta vez, ela não se afastou e isso causou uma consequência ainda mais única e assustadora. O pergaminho se abriu. Izanami acabou perdendo o equilíbrio com o susto e caiu para trás, sentado. O pergaminho se abriu e revelou alguns nomes escritos com manchas semelhantes a sangue seco. Uchiha Naori, Kanao Tsukio, Karakura Kocho e Karakura Shinobu. Ela não reconheceu os três primeiros, mas reconheceu um dos sobrenomes pela sua fama mundial. Não entendia o que aquilo significava e tudo ficou ainda mais estranho quando uma fumaça branca saiu do meio do pergaminho e um som de bater de asas ecoou no ambiente. Izanami sacou as Kibas em sua cintura e apontou na direção da fumaça até que ela abaixou e revelou uma estranha criatura semelhante a uma borboleta que lhe olhou e disse: — Olá... Shinobu-san?

Os olhos da garota piscaram várias vezes tentando entender como uma criatura como aquela podia estar falando. O inseto voou e se aproximou do rosto dele e, completamente pasmo, ele nem teve reação com a espada.
— Pensava que você fosse um rapaz — disse o animal e Izanami reagiu fazendo uma cara feia, balançando o braço para afastar o animal e voltando a apontar a espada em sua direção.
— É claro que não sou! — resmungou. — E que história é essa de Shinobu? Como você conhece esse nome? — indagou, mantendo a postura firme de uma samurai. O bichinho cerrou os olhos desconfiado, mas alguma coisa mandou-o continuar falando.
— Yosuzume disse que o chakra de Shinobu estava chamando alguém ao pergaminho, então ele mandou eu vir falar com ela para conhecê-la. Onde ela está?

Izanami abaixou a espada e colocou uma expressão triste no rosto. — Karakura Shinobu está morta há muitos anos... quem é você? — O bicho arregalou novamente seus olhos e pousou no topo do pergaminho aberto e equilibrado. A garota já não tinha mais a postura de uma espadachim prestes a avançar.
— Chōki, muito prazer. Sou uma das borboletas de Senzo no Mori.
— Senzo no Mori? Espera um pouco... as borboletas de Shinobu! Afinal, que tipo de técnica é essa?
— Hum? Ei! Você não vai me dizer seu nome?! — o bicho pareceu frustrado.
— Aburame Izanami, muito prazer — ela disse e embainhou sua espada, colocando-se de forma mais amigável à frente do animal.

A borboleta ficou encarando a menina como se estivesse entendendo alguma coisa incrível. Seus olhos fecharam-se como se ele sorrisse e ele se aproximou de Izanami, ficando pertinho de seu rosto. — Essa é a técnica de invocação (Kuchiyose no Jutsu), uma técnica muito antiga onde um ninja pode invocar criaturas especiais através de seu chakra e um contrato com elas. Esse pergaminho mostra todas as pessoas que possuíram contratos conosco. — explicou o animal, como se estivesse contente em ensinar alguém. Mas aquilo não fazia tanto sentido assim aos ouvidos de Izanami. Shinobu não era nenhuma ninja... era?

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— Karakura Shinobu era uma samurai, não uma ninja — ele disse como se entendesse tudo sobre a mulher. A verdade é que ninguém sabia muito sobre ela. Dentro do clã existiam as lendas, mas as histórias delas haviam se difundido e se tornado assim por causa dos anos de diferença entre sua geração e a dela. A verdade sobre Shinobu nunca seria conhecida por inteiro e ela, assim como a maioria das pessoas que ouviam a respeito, sabiam disso. Ainda assim, lendas nascem com propósitos e o dela era de manter a chama dos Karakura acessa. Contrariando os problemas e a volta dos ninjas a ativa.

— Ela era uma kunoichi e também uma samurai. Ela usava a arte da espada e do ninshu. Nunca te contaram isso? Afinal vocês dois tem uma assinatura de chakra tão parecidas que até confundiu nosso ancião! Você é filha dela?
— Não. É claro que não sou filha dela. Ela nunca teve filhos... teve? — o questionamento era tanto ao animal como a ele mesmo.
— Não sei tanto assim. Mas ela era como você. Uma ninja e uma samurai. Exatamente assim, um pouco dos dois. Você usa o chakra e ela também usava. Pelo que sei, ela usava mais que só chakra, mas técnicas poderosas também. Izanami, você também usa técnicas poderosas?
— Mais ou menos... — ela falou aquilo baixo. Esteve tão focada em ser um samurai grandioso como Shinobu e sea irmã que esquecera de treinar os poderes dos shinobis como um verdadeiro ninja. Ela sabia controlar o chakra ao ponto de realizar as técnicas básicas, e algumas um tanto quanto complexas. — Se eu aprender a usar mais técnicas ninjas eu posso continuar sendo uma samurai?
— Shinobu fez isso — a borboleta respondeu.

E o mundo de Izanami mudou um pouco mais.

— Então como eu firmo esse contrato? — Izanami perguntou firme. Se ela podia tornar-se ainda mais forte e seguir a jornada daquela maneira, como Shinobu fez, ela faria. A borboleta cercou o pergaminho, como se o indicasse a ela. Izanami viu perfeitamente os nomes mais uma vez. Karakura Shinobu. Uma ninja e samurai. Envolvida em técnicas que ela não aprendera nem mesmo na academia ninja. Shinobu parecia ser muito mais incrível do que as histórias falavam. — Basta assinar este pergaminho com seu sangue com a mão que usará para aplicar a técnica e então você precisará ir aprendendo mais com o passar do tempo. Os selos de mãos para invocação são Javali, Cão, Pássaro, Macaco e Carneiro.

Izanami se aproximou do pergaminho aberto e refletiu sobre aquilo. "Eu ser parecido com Shinobu? Isso explica muitas coisas..." ela analisou como nem sempre teve facilidade com espadas e como se adequou rápido ao uso do chakra. Pensou nisto e mordiscou o polegar direito, fazendo um fio de sangue escorrer para usar, sem olhar para o sangue, escrevendo seu nome no pergaminho e assinalar os dedos como todos os outros fizeram. Sugou o sangue para estancar o ferimento e o pergaminho se fechou com a borboleta em cima dele. — Como Shinobu está morta, este pergaminho agora lhe pertence. Use-nos quando precisar! Até mais! — ao falar aquilo o animal desapareceu numa cortina de fumaça branca antes mesmo de ele poder falar alguma coisa.

Ela tomou o pergaminho e amarrou às costas e saiu da casa rumo ao Castelo.

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