Konoha estava sendo atacada por um grupo extremamente organizado, que tinham nos serviços de infraestrutura oferecidos como a maior vitima até então. As cenas da poeira tomando conta das ruas e das pessoas abandonando os estabelecimentos e casas para tentar escapar com vida era comum. É verdade que chūnins, tokubetsu jōnins e jōnins lutariam bravamente para recuperar a estabilidade do vilarejo, mas se engana aqueles que pensam que os ninjas de nível baixo não teriam o seu papel naquele episodio.

As academias ninjas serviam como verdadeiros santuários e serviriam como pilares importantes para reerguer o vilarejo. Nesses locais, em substituição ao hospital que já sofria de superlotação, eram reunidas todas as pessoas que necessitavam de ajuda. O Protocolo de Manchester era obedecido à risca para aquele evento, e, pulseiras azul, verde, amarela, laranja e vermelha poderiam ser confirmadas em cada pulso dos pacientes, indicando os cuidados básicos a serem estabelecidos desde atendimentos não urgentes até aqueles de atendimento imediato.

Nosso protagonista, Karakura Kyo, talvez fosse a última pessoa indicada para aquela situação, vide a sua fobia em relação ao sangue, capaz de torná-lo imóvel e atrapalhar mais do que ajudar. No entanto, todos os shinobis qualificados estavam sendo mobilizados para ajudar de alguma maneira e com ele não seria diferente. Braçais indicando os monitores daquela atividade estavam sendo disponibilizados logo na entrada desses locais e concediam a eles algumas atribuições tais como: conferir o conforto dos pacientes, verificar se estavam precisando de algo, auxiliar os enfermeiros em suas atividades, entre outros. Será que Karakura conseguiria se comportar em meio aquele desafio ou permitira que a sua fobia o vencesse?   

Considerações:

Um shinobi deve estar sempre disposto a lançar sua vida na frente dos outros. Essa era uma lição valiosa ensinada na academia ninja da Konoha, Kyo ainda se recordava perfeitamente de seu professor falando aquelas coisas. Shinobis eram ferramentas nas mãos das pessoas e de outros shinobis e essa era a verdade que todos deveriam carregar em seus corações; esta e a Vontade do Fogo, inerente aos moradores de Konoha. Este último detalhe, talvez, faltasse em Kyo cuja criação sustentava-se em outros preceitos, mas o fato de ser uma ferramenta era uma verdade na vida dele em quaisquer momentos. Inclusive quando a vila foi brutalmente atacada e a confusão teve inicio.

Quando os primeiros sinais de problemas surgiram, Kyo já estava na frente da porta de sua casa com a mão direita no punho de sua katana, esperando algum dos malfeitores aparecerem, todavia, apenas foi avistado por um membro superior, talvez um jonin ou tokujo, que parou e lhe deu a missão de ir à academia e auxiliar os médicos com os feridos. Kyo não teve tempo de anunciar seu problemas com sangue e o ninja avançou para a guerra. O menino acabou avançando na direção da sua missão e chegou na academia sem maiores problemas. Ao chegar lá, encontrou um batalhão médico acessando as entradas do local. Kyo nunca havia visto tamanha movimentação médica. Ele se aproximou mais e acabou vendo uma pessoa chegando com uma enorme lesão lateral, faltando-lhe um braço e com sangue gotejando. A cena foi suficiente para retomar as lembranças assustadoras da noite em que seu irmão morrera e, com isso, todo seu corpo paralisou observando a vítima sendo levada enquanto um médico se aproximava dele.

Considerações.:

Ei, idiota, se não for ajudar não atrapalhe. – Em seu atual estado Karakura mais atrapalhava do que propriamente ajudava, o que no momento de tensão, fazia com que as pessoas ao seu redor se incomodassem e muito com a situação. Todavia, ninguém parava para se sensibilizar com a sua condição, todos estavam ocupados demais com o grande número de acidentados.

[...]

Senhor. Senhor. Senhor. Fique conosco. – Uma enfermeira conversava com seu paciente na idade dos trinta anos, jovem ainda. – Dedos frios, mãos trêmulas, dor no peito e desatenção. – A mulher tateava seu corpo em busca de características não usuais, como inchaços. – Uma protuberância no tornozelo direito. – Fez uma breve pausa. – O diagnóstico é de que ele está com ferimentos no estômago. – Concluiu.

Precisaremos de omeprazol, prednisona, água, toalhas limpas, bisturi, siringas, balde e que uma ambulância esteja a nossa disposição. – Comunicou ao seu auxiliar, que obedeceu imediatamente os seus comandos.
 
O curto intervalo de tempo entre a saída do seu auxiliar foi o suficiente para que o seu paciente passasse a ter convulsões. – Você, rapaz, por favor, nos ajude – Diante da falta de opções a mulher passou a encarar Karakure como uma ajuda necessária, enquanto os outros o viam como deslocado em meio ao cenário. O ferimento ainda era interno e com isso o sangue não era visível, o que poderia trabalhar em favor do genin. – Por favor, preciso que você me ajuda a estabilizá-lo, tome cuidado com o seu tornozelo. – O paciente, do gênero masculino, carregava com ele alguns pertences que poderiam piorar o processo, tais como um canivete, isqueiro, maço de cigarros, relógio de pulso e algumas balas de menta e pesava cerca de 85 kg, o que poderia dificultar a vida da dupla.

Considerações:

Um samurai com medo de sangue. Kyo mesmo achava aquilo ridículo. Seu trabalho era, literalmente, assassinar mercenários e ninjas malfeitores usando a lâmina de sua espada, o que, obviamente, provocaria derramamento de sangue. No entanto, após a cena de seu irmão esvaindo em sangue até a morte, ele nunca mais conseguiu ver o líquido vital presente em todos os seres vivos. Pensando assim, ali era o pior lugar para ele estar no momento, mas também o mais necessário. Se continuasse sofrendo com aquele medo absurdo ele nunca conseguiria alcançar seus objetivos, jamais venceria os adversários terríveis que a vida ainda lhe mandaria. Quando lhe falaram mais firme, apontando sua inutilidade, o sorriso vívido de seu irmão antes de sair em patrulha iluminou sua consciência e ele acertou-se um forte tapa contra o rosto, usando sua força comum, nada excepcional, mas o suficiente para acordar daquele medo e paralisia tão abismais. Ele sacudiu a cabeça em seguida, com uma marca vermelha sobre a tatuagem em sua bochecha, mostrando como estava aplicado naquela sua missão extraordinária. Só então ele finalmente conseguiu compreender o estado do ambiente onde ele estava; era o mais puro caos. Era como a mesma cena de seu irmão, repetindo-se inúmeras vezes em todos os cantos. Pessoas feridas, nas portas da morte, por causa de vilões terríveis. Por um instante, Kyo colocou a mão no punho da katana e preparou-se para correr contra os inimigos, mas o chamado de ajuda o trouxe de volta ao mundo real onde um genin precisava exercer funções mais fáceis antes de morrer numa guerra verdadeira.

— Sim, senhora! — ele disse, prontificando-se. Largou a espada, sabendo que nunca usaria aquilo numa ala hospitalar. Aproximou-se dela e passou os olhos por cima dos fatos ao redor. Viu outros feridos semelhantes e como os médicos o cuidavam e, usando de sua inteligência atípica como um prodígio na aprendizagem, ele chegou até o paciente e segurou seu pé e tornozelo, sustentando com uma mão e firmando com a outra, pronto para segurar com toda sua força se necessário. Não sabia nada de anatomia para ajudar mais do que aquilo, mas podia notar a distorção no membro, pois a contução era clara. — Assim está bom? — Kyo questionou, respirando fundo, tentando manter o sorriso do irmão em mente.

Considerações.:

Alguns entusiastas de dentro do vilarejo como os próprios atacantes eram, tocados pela invasão e no que aquilo poderia desencadear passaram a ter naquela ação como um exemplo e se revoltarem a sua maneira. A ambulância disponibilizada na entrada da academia para o transporte dos pacientes em estado mais preocupantes estava sendo atacada como uma maneira de dificultar a reerguida de Konoha e fazerem a sua manifestação. Eram no total quatro pessoas, três homens e uma mulher e um deles fazia uso de um megafone. – Senhoras e senhores, permitam que a purificação aconteça. Após esse ataque, com as baixas que tivermos, nós nos levantaremos ainda mais fortes. Discussões passarão a serem feitas e uma divisão igualitária de serviços como hospitais, escolas, saneamento, saúde serão melhoradas, mas para isso, precisamos desintoxicar o vilarejo. – Bradava um dos homens, tendo o apoio dos outros três e inclusive alguns dos pacientes passavam a questionar se aquilo era uma verdade ou não.

Considerações:

Segurando firme o ferido, Kyo continuava se sentindo trêmulo por dentro por causa do sangue ainda visível e espalhado no ambiente. Até o cheiro dele era percebido pelo olfato do samurai assustado. Tudo aquilo enchia sua mente com lembranças da noite onde sua vida mudou para sempre e a vida de seu irmão fora ceifada. Acontecera subitamente, exatamente como estava sendo para todas aquelas pessoas e este pensamento deixava-o irritado, embora ainda assustado. A situação caótica pareceu prestes a piorar quando uma ambulância de emergência foi cercada por uma espécie de protestantes que estavam se aproveitando da situação para tentar provocar uma ilusão nas vítimas. Purificação era uma palavra bonita, mas nunca usada pelas pessoas ideais. Kyo sabia disso como um samurai e como ninja. Aproveitadores não costumavam esbanjar boas coisas. Mas, ainda assim, a politicagem não era o jogo de um soldado como ele, salvar vida era.

Vê-los pronunciando tais baboseiras e atrapalhando o serviço médico foi a gota d'água para Kyo que, mesmo com medo, concentrou-se profundamente, levantou-se tentando endireitar a perna do paciente e botou a mão no punho da katana, caminhando na direção dos baderneiros. Ao ficar na porta, alguns metros deles, Karakura Kyo tornou-se o samurai herdeiro da vontade de Karakura Shinobu ao brandir sua espada com toda a firmeza de suas mãos suadas e assustadas com medo de sangue. — Saiam de perto dessa ambulância e deixem os feridos usarem-na! — Kyo falou alto, estufando o peito, numa voz de tom firme e cheio de uma revolta comum aos adolescentes. Ele não sabia o nível de luta daqueles baderneiros, mas sabia que tinha que fazer alguma coisa antes que mais pessoas acabassem da mesma forma que seu irmão por culpa deles.

Considerações.:

Em meio ao cerco montado ao redor da ambulância as portas se abriram mostrando um enfermeiro bastante preocupado. Aquela se tratava de uma ambulância cabine dupla, com espaço para dois pacientes e aquele que estava lá já vinha esperando por um bom tempo, pois também estava sendo usado como um meio de transporte pinga-pinga, parando por cada posto de atendimento disponibilizado pelo vilarejo para a necessidade instaurada no vilarejo e assim mover os pacientes em estado urgente, mas também atrasando a chegada ao destino final, o hospital, o que poderia vir a custar caro.

Já chega! Parem com isso! Estamos jogando fora a vida destas pessoas. Esse é um objetivo minúsculo a ser perseguido em uma batalha que já deveria ter acabado. Abandonando pessoas que podem ser salvos se cuidássemos deles agora! É assim que querem ser lembrados? E as pessoas que irão cair por essa tomada de decisão?! – O enfermeiro responsável pelo atendimento dentro da ambulância se posicionava de frente para a porta de entrada no veiculo com ambos os braços abertos, em sinal de cruz, e totalmente a mercê do grupo. Tinha como objetivo que suas palavras, repletas de paz e sabedoria, alcançassem-nos, mas sem sucesso.

Você é ridículo. Não precisamos de alguém fraco como você no novo mundo que estamos visando após essa invasão. – O primeiro homem à frente do enfermeiro carregava uma foice com um cabo na altura dos 60 centímetros e com a própria parte de madeira buscou um golpe na região da têmpora do corajoso enfermeiro que fizera o grandioso discurso.

Você rapaz, se não quer seguir o mesmo exemplo do seu colega aqui deverá seguir as nossas ordens e impedir que qualquer tipo de atendimento seja realizado dentro desse espaço. – Disse o homem com o megafone, à uma distância de 20 metros, voltado para o nosso protagonista.

No interior da ambulância, Karakura poderia confirmar um paciente em um estado com danos nos órgãos internos fazendo com que na maior parte do tempo ele cuspisse litros de sangue e o cabo da foice usado para bater no enfermeiro tinha em sua extensão o sangue jorrado pelo golpe, bem como as mãos dos meliantes que haviam passados por diferentes pontos momentos antes de chegarem até ali.

Considerações:

Os nervos efervesciam na situação catastrófica em que todos ali se encontravam. Disputas ideológicas, guerras, mortes. O mundo de soldados é sempre o mesmo, todos sabiam disso, porém, isso não tornava as coisas em mais fáceis e simples. Kyo, conhecendo duas linhas de pensamentos distintas, dos ninjas e dos samurais, continuava achando um absurdo e extremamente pesado. Sua lâmina podia estar apontando para os malfeitores, mas seu coração preferia não ter que derramar lágrimas de família alguma, fossem elas de luto ou de ódio. Porém, às vezes, a necessidade fala mais alto e foi isso que ele viu naquele enfermeiro.

O homem podia ter feito muitas coisas, especialmente se submeter aos sequestradores, mas não fez. Ele os enfrentou, com toda sua coragem, mostrando ao menino de apenas doze anos que o mundo pode ser sombrio e as pessoas, muito más, mas as chamas de esperança e justiça não podem se apagar. O que é certo continua certo, independente das maldades cometidas por outros. Aquelas palavras e atitude incendiaram o coração do genin, mas o movimento do cabo de madeira da foice acertando-o em cheio no instante seguinte foi como um balde de água fria contra toda aquela chama.

Desespero. Kyo tentou gritar, quebrando sua compostura, mas era tarde e o sangue espirrava para fora. A cena remeteu à noite do falecimento de seu irmão, novamente, e com isso ele mal ouviu o que o bandido falava. Era uma voz distanciada, ousando mandá-lo desistir. O sangue também cobria suas mãos. Exatamente como deviam ter ficado as mãos do assassino de seu irmão. A sensação de amortecimento se expandiu através dos seus membros e a paralisia dominou seus sentidos. A katana desceu alguns centímetros, perdendo a postura de combate tão estudada e praticada. A fraqueza dele havia sido exposta.

Mas, dentro dele, ele sabia que se entregar ao seu medo só pioraria as coisas. Precisava enfrentá-los. Por mais que talvez não tivesse chances, por mais que fosse apenas um genin, um aprendiz de samurai, ele precisava tentar. Lutar e procurar uma salvação para os pacientes tão feridos e à beira da morte. Ele não poderia aguardar a chegada de reforços, aquela era sua missão. Também não podia ousar pensar em deixar os médicos lutarem, pois se eles levantassem as armas, não poderiam proteger os feridos. Tudo dependia de sua coragem, de suas capacidades. Tudo dependia daquelas lágrimas presas em seus olhos que, aos poucos, foram escorregando em suas bochechas, como fios de prata.

Viu o rosto sorridente do irmão numa tarde de primavera onde as cigarras começavam a cantarolar anunciando o verão. Aqueles olhos calmos e tranquilos, cheios de uma genialidade nunca antes vista, estavam felizes com sua presença. Sua mão dura de tanto brandir a espada brincava com seus cabelos rosados e bagunçava eles. "Nunca desista", ele disse. No momento em que essas palavras ecoaram na mente de Kyo, um relâmpago cortou a visão de sua consciência e a cena da noite macabra onde seu irmão entrou ensaguentado e prestes a morrer ecoou na sua lembrança. Só assim ele soube: se não lutasse, mais pessoas acabariam como seu irmão.

— Vocês... — sua voz falhou por um instante e então ele ergueu o rosto, mostrando um olhar firme, endireitando sua postura. — Vocês irão sair de perto dessa ambulância agora mesmo.

Kyo talvez estivesse assinando sua sentença de morte, mas não podia se entregar totalmente. Ele nunca aceitaria uma derrota, ainda mais uma que fosse causar tantas mortes.

Considerações.:

O esforço de Karakura em sair daquela dificuldade era louvável, mas suas palavras desencadeavam no grupo toda a sua natureza obsessiva e desdenhosa. A função deles ali era recrutar o máximo de pessoas para o lado deles o que não estava sendo cumprido. As linhas dos pacientes e colaboradores estavam estagnadas dentro do limite da academia e ninguém esboçava um passo em falso.

Tudo, você adivinhou que vamos sair, mas vai ser por um motivo maior. Vamos remover todos de dentro na base da força. – Concluiu o homem com o megafone ao centro. Nesse instante, o homem pelo flanco direito, aquele que havia acertado o enfermeiro investiu em exatos 18m/s contra Karakura por aquele mesmo lado, ele tinha como objetivo desferir, com sua força colossal, quando atingisse uma distância de aproximadamente 2 metros, um corte, na horizontal, de trás para frente, visando a região do peito de Karakura. Aquele pelo flanco esquerdo tinha como destino a porta da academia e carregava nas dobras da sua mão esquerda, quatro kunais com o que pareciam serem selos explosivos, mas foi nesse momento que mostrando apoio ao nosso protagonista, um homem na idade dos quarenta anos mostrou toda a sua força física e vitalidade para interceptar seu movimento. – Você se saiu bem, meu jovem. Apenas ignore qualquer trauma que envolva sangue, procure se concentrar na sua obrigação aqui dentro e vamos derrotá-los. – Parecia estar o observando desde cedo e detectado a sua fraqueza.

O homem com o megafone mantinha a distância anteriormente estabelecida e a mulher ao seu lado tinha no enfermeiro como uma forma de policiar os adversários.

Considerações:

Coragem ou estupidez? Esse é um questionamento consistente na vida de shinobis. Agir daquela forma é corajoso ou apenas burro? E daquela outra? Quais os limites entre os dois polos? Os shinobis, aparentemente, desconhecem. Os samurais não ficam assim tão distantes dessa noção. No entanto, para eles, não se trata exclusivamente de coragem, mas de honra. Kyo, naquele momento, estava agindo de maneira corajosa, honrosa, estúpida ou infantil? Ele não sabia, nem estava pensando naquelas coisas enquanto empunhava sua katana como um herói. Como seu irmão faria, contrariando seus próprios medos, derrubando aquele terror em forma de memória, trazendo as cenas importantes e vívidas à sua cabeça, afastando os calafrios, a sensação de fuga, o desespero em frente ao sangue. Sem isso, ele sabia, tudo estaria perdido. As possibilidades e chances de alguém surgir para ajudá-lo eram perto de zero. Os pequenos núcleos de caos na vila forçaram um genin a trabalhar como um segurança. As coisas não melhorariam, ele sabia graças ao seu treinamento na academia. Só restava agir corajosamente, estupidamente, honradamente ou infantilmente. E ele estava fazendo exatamente isso.

Por conta disso, por um ínfimo momento, como dentro de um piscar de olhos ou um sonho, ele pensou ter convencido os malfeitores. Isso não lhe fez abaixar a guarda, claro, pois lembrava muito bem dos treinamentos contra seu pai, onde ele fazia a mesma coisa e o atacava. Ainda bem que ainda se lembrava, pois fora exatamente o movimento realizado por dois dos bandidos. Seus olhos estavam focados no homem de foice, então foi só ele o percebido pelo genin. De forma rápida, ele posicionou a sua katana à frente do golpe, flexionando seu tronco para o lado, parando numa postura incomum, onde o braço direita ficou por cima de sua cabeça, dando-lhe um pose esguia e curva, porém, a força do homem não era pouca e acabou empurrando-o para o lado, fazendo-o precisar usar o chakra nos pés para não cair, parando alguns metros de distância do homem, sentindo a mão direita doer. Não teria notado a investida pelo outro flanco, mas ouviu a voz de um verdadeiro salvador. O homem tinha notado seus problemas e ele mesmo não conseguiu deixar de exibir um sorriso confiante e arrogante. Sabia que seu inimigo era igualmente ágil e mais forte, além disso, não tinha tantas formas de enfrentá-lo. As possibilidades eram poucas, então, ainda ficaria prontificado para o combate, sentindo a mão doer pelo impacto absorvido, e tentaria encontrar uma brecha para acertar um de seus golpes, até lá, continuaria parado apontando a katana na direção do malfeitor.

Considerações.:

A dupla composta pelo homem com o megafone e a mulher tomaram o enfermeiro e o paciente dentro da ambulância como reféns. Anéis de fogo corriam sobre o solo em formato de círculo a uma distância de quatro metros tendo-os como epicentro. Estavam confiantes de que nada os alcançaria. – Está tudo bem aqui, meu jovem, deixe esses dois que sobraram para mim, salve aqueles na ambulância. – Dizia o homem que havia se prontificado em ajudar.

A ambulância estava a uma distância de não mais do que 15 metros e a mulher que manipulava os anéis de fogo tinha como objetivo ganhar tempo enquanto o seu aliado de crime ligasse a ambulância. Na luta de quem falava mais alto a voz do coração havia vencido o uso do megafone e o enfermeiro passou a ter o consentimento dos criminosos para permanecer no lado de trás da ambulância para fazer o atendimento necessário para salvar a sua vida. A mulher guardava a parte de trás da cabine enquanto o seu aliado assumia o volante do veículo e tentava uma ligação direta. Nosso protagonista precisava agora encontrar a melhor maneira de superar aquela barreira e tomar o controle da situação, que passava também a ter a atenção do público, colocando-se inclusive muito próximos das chamas para formarem uma barricada.  

Considerações:

Como um shinobi, ele sabia que não tinha muitas armas contra os anéis de fogo invocadas pela inimiga. Analisou brevemente a situação, onde os dois comparsas se dividiam para conquistar uma vitória injusta. Sem nenhuma restrição por causa daquele líquido vital, Kyo simplesmente puxou e lançou uma kunai com papel explosivo na direção do homem indo ao volante, na tentativa de explodir em suas costas e derrubá-lo. Quase que simultaneamente, girou o corpo várias vezes, numa dança macabra e ágil, realizando cortes no ar que transmutaram-se em lâminas de ondas de choque. Três dela, viajando em alta velocidade, buscando o homem que ia ao volante e a dona dos anéis, na tentativa de finalizar aquela batalha sem sentido. Caso as coisas acabassem ali, procuraria ajudar o homem e os demais feridos, carregaria quem fosse necessário, ajudaria no tratamento de ferimentos de quem pudesse. Seu medo estava extinto, ele finalmente podia ser útil ali e, além disso, também podia se tornar o samurai que nascera para ser. Sua jornada estava apenas começando.

Considerações.: