Silfo; Ligado à Natureza

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Silfo; Ligado à Natureza
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Silfo

Genin

9/8/2019, 10:11

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Era uma noite sem lua, os animais da mata estavam em silêncio e a Vila aparentemente também, a brisa agradável trazia o prenúncio da primavera, que vinha para acalentar as almas cansadas do inverno, Masanobu estava sentado em uma cadeira em seu quintal observando as estrelas do céu, estava pensativo, conturbado, há pouco tempo fora assombrado por fantasmas do passado, tivera de lutar contra seu mestre traidor ao mesmo tempo que lutava contra seu irmão mais novo que não via há anos, isso em uma só pessoa, aquele embate o deixou abalado, não fisicamente mas sim mentalmente, e após aquela violenta e tóxica batalha onde chegou perto de matar Gennosuke Masanobu teve um violento debate com ele, onde para os dois muitas dúvidas relativas ao passado foram solucionadas quanto aos seus pais e quanto à Harame, de qualquer forma muitas dúvidas ainda prevaleciam, o recém-formado Chunin parecia buscar nos astros uma solução para aqueles problemas mas não parecia ter sucesso, não sabia ao menos se seu irmão ainda estava na Folha ou havia partido sem se despedir em busca de seu outro irmão, ao qual Masanobu não tinha interesse em conhecer, já era muito tarde e mesmo que o rapaz não sentisse sono retornou à sua casa para dormir um pouco.

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Silfo

Genin

9/8/2019, 11:12

Naquela noite teve um pesadelo teneroso, viu-se no meio de um cenário pós-guerra, tudo que podia ouvir era o gralhar dos corvos que voavam e se alimentavam no chão de diversos corpos humanos mortos, eram shinobis, haviam sido derrotados por cortes, flechas, ninjutsus e diversas formas a mais, alguns gemiam com o que lhes restava de vida, alucinando em seus últimos segundos, o sol estava se pondo o que trazia uma iluminação rubro-alaranjada para aquele cenário terrível, repentinamente dois corpos se levantavam, um homem e uma mulher, disfigurados pela batalha e pelo ataque das aves carniceiras, eles se aproximavam e Masanobu pôde reconhecê-los: era sua mãe e Harame, seu antigo mestre que o havia lançado à morte e envenenado e conquistado sua mãe posteriormente, os dois se aproximavam e diziam: “Você nos matou!” diversas vezes, atrás dele era possível ver a silhueta de uma pequena criança, o terror tomava conta do jovem rapaz, era Itto, o pequeno filho de Harame com sua mãe! Havia condenado-o a morte! Masanobu estava paralisado, quase entregue aos defuntos para que eles o consumissem quando ouviu uma voz lhe chamando, reconheceu-a na hora mesmo não tendo ouvido há mais de cinco anos, era seu pai, quando olhou na sua direção o viu de costas olhando-o de soslaio, carregava uma tocha e entrava em uma floresta, Masanobu imediatamente corria para seguí-lo.

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Genin

9/8/2019, 15:22

Silfo escreveu:
Masanobu acordou saltando da cama, estava suado, lembrava com clareza do pesadelo que acabava de ter, achava que tinha solucionado suas questões do passado e deixado-as para trás mas isso não era verdade, suas ações ainda o acompanhavam e tinham frutos para além de sua vida, afetava a vida de muitos ao seu redor, incluindo o pobre Itto, que não tinha responsabilidade por nada do que havia acontecido e mesmo assim colheu os frutos podres da traição de seu pai. Estava quase amanhecendo e Masanobu sabia o que faria com seu dia., tomou um banho para acalmar seu corpo, vestiu seus trajes tradicionais e comeu algumas frutas, após as quais saiu de casa carregando somente suas armas básicas e seu soprador de bolhas consigo, seu objetivo era a Floresta, entendeu no seu sonho que lá era onde devia ir, sendo oniricamente guiado por seu pai (a única pessoa sensata de que tinha memória em sua infância), a floresta foi o lugar que curiosamente o acolheu após sua fuga da ilha em que morava, tratando-o ao mesmo tempo com carinho e brutalidade, forçando-o a sobreviver, e acreditou que lá encontraria a paz para solucionar suas dúvidas e culpas, passando dentro dela o tempo que fosse necessário para tal.

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Genin

9/8/2019, 16:23

Saiu caminhando pelas ruas da Vila com as mãos nos bolsos, aquele era o melhor horário para uma caminhada, não havia ninguém nas ruas, exceto por ninjas que saem cedo como ele, o clima estava frio em um tom agradável, os pássaros cantavam felizes com a vinda de um novo dia e os mais novos raios de sol eram filtrados por espessas nuvens no horizonte, talvez chovesse em breve, Masanobu apreciativo logo atravessou os enormes portões que guardavam a vila, indo diretamente para a floresta mais próxima que encontrasse, agilmente subiria em uma árvore e começaria a saltar pelos galhos com velocidade, seu objetivo no momento era ir para a parte mais inacessível da mata, perder-se, passar dias lá dentro se assim fosse necessário, não avisara ninguém de sua partida e pouco interessava-se com as responsabilidades que tinha como shinobi ou como assistente no hospital, havia graduado-se mas aquilo lhe trazia mais peso nas costas, e somente isolando-se do convívio com os outros ele conseguiria olhar frente a frente com si mesmo e encontrar as respostas, então por horas saltou de árvore em árvore em meio à mata densa, aos poucos avistou animais cada vez mais raros e plantas cada vez mais interessantes, eis que em um dado momento percebeu algo atípico, separando duas partes da floresta havia uma muito corroída e extensa grade repleta de arames farpados, havia visto isso antes e sabia o que significava, atravessando aquela linha Masanobu estaria dentro da temível Floresta da Morte, onde já esteve anteriormente, e sabia que não estava sendo levado até lá a toa.

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9/8/2019, 17:25

Encarou aquela grade corroída durante algum tempo, sabia que a fama daquela floresta não era a toa, e se aquela grade foi posta naquele lugar remoto significava que não estava tentando impedir a entrada de humanos, mas sim impedindo a saída de seja lá o que habite ali, Masanobu já havia experimentado uma parcela do que era aquele lugar, e agora era preenchido de curiosidade e pavor ao mesmo tempo, sem pensar mais pulou para dentro daquela região escura de copa espessa que era a Floresta da Morte, lá poucos pássaros cantavam seus anômalos sons acompanhados pelos gritos aterrorizantes do que pareciam ser bugios adaptados àquele ambiente violento da mata, logo que adentrou da mata sentou-se silenciosamente em um galho alto e parou para observar o que ocorria oculto entre as folhas e pode perceber diversas cenas temerosas, logo abaixo de si presenciou uma enorme centopeia batalhar com uma tão grande cobra, as duas deviam ter no mínimo 15 metros de largura, eram seres realmente impressionantes, mas não o suficiente para inibir a entrada do corajoso shinobi, que seguiu caminho a dentro o mais silenciosamente possível, seu objetivo principal agora era encontrar um rio onde pudesse cautelosamente beber água e então buscar um sítio para acampar.

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Genin

9/8/2019, 18:26

Ao longo do caminho Masanobu mascava suas folhas de tabaco, utilizava de sua audição aguçada para que seguisse um caminho cauteloso onde não identificava que haveriam movimentos suspeitos, além de usá-la também para ouvir o som do rio mais próximo e seguir em sua direção, devia ficar atento pois um rio sempre é um ponto de encontro de animais, então sua atenção precisava ser redobrada. Sendo um ávido botânico o rapaz logo pôde distinguir certas flores tóxicas cujo aroma não deveria sentir e até mesmo frutos que não deveria comer para evitar intoxicações e disenterias, a floresta era como seu segundo lar, mesmo sendo a Floresta da Morte, não sentia-se ameaçado a não ser pelas criaturas enormes que evitou que encontrasse ou pelas quais fosse encontrado, no entanto desde certa parte de seu percurso sentiu estar sendo seguido, talvez fosse uma sensação que à todo tempo fosse o acompanhar, pois sabia que milhares de olhos estavam voltando nele a todo instante naquela floresta, mas isso não o intimidou, desceu das árvores e foi andando cautelosamente até a margem do rio, disposta de uma pequena clareira repleta de grandes rochas, atentou-se ao som de qualquer coisa que fosse se mover entre as pedras, e quando abaixou-se para beber água sentiu uma presença aproximar-se atrás de si.

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Genin

9/8/2019, 19:42

Quando virou-se para trás para observar o que era aquilo que lhe seguia viu somente um vulto voltar para a selva, no entanto o breve relance que viu lhe deu a impressão de ter sido um humano, o que lhe causou mais confusão, decidiu então que deveria ir atrás dele, adentrou a mata por entre os arbustos, ocasionalmente arranhando-se em espinhos que deixavam sua pele coçando, tentava ignorar a situação enquanto irracionalmente seguia o vulto até que deparou-se com um enorme gorila negro em meio à mata densa, como não tinha percebido ele em seu caminho? De qualquer forma o gigantesco animal virou-se e observou Masanobu, carregava um tronco em sua mão direita usando-o como um porrete, seus braços apresentavam alguns cortes e foi aí que o rapaz percebeu que o primata havia acabado de matar um largo tigre, e aos olhos daquela criatura cheia de adrenalina no corpo Masanobu era mais um inimigo, desferiu junto de um berro um poderoso golpe com seu porrete contra o shinobi, que teve a agilidade de saltar no tronco de uma árvore evitando o golpe, em seguida com selos de sua mão esquerda moldou seu chakra e o cuspiu aos pés da enorme besta, imobilizando-o com seus pés grudados ao chão, Masanobu aproveitou esse momento e saltou para longe dele, na direção de onde pensou ter visto o vulto, algo lhe dizia que não tinha sido causado por aquele animal, mas se não, por quem? Naquele momento ouviu uma voz conhecida dizendo:
- Salvou-se sem usar a violência. Você realmente mudou Masanobu.

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Genin

9/8/2019, 20:44

Sabia de quem era aquela voz, mas não podia ser verdade, era a voz de ninguém menos que Mifune Yoroyama, seu pai, e inacreditavelmente viu-o como uma presença etérea, um fantasma de seu pai em sua frente ali na mata, automaticamente Masanobu caiu de joelhos, seria alguma ilusão? Seu coração lhe dizia que não, Mifune olhou seu filho nos olhos e disse:
- Não se assuste Masanobu, esforcei-me para que pudesse vir aqui guiá-lo nesse difícil momento de sua vida, no além nós aprendemos algo que finalmente nos traz a paz, e que eu vim ensiná-lo, se trata a união completa com a natureza.
Masanobu não sabia por onde começar, queria inundá-lo de perguntas e lágrimas, no entanto no momento perguntou com a voz trêmula diante da aparição:
- E como é possível que eu atinja essa união?
A feição do espírito tornou-se completamente séria de imediato quando ele disse:
- A única forma de adquirir essa união é com a morte.
Esticou seu braço como que estivesse empurrando Masanobu, e este de repente viu-se caindo sobre grande altura, olhou para trás e viu que estava caindo em direção de um rio caudaloso, não recordava-se de estar tão perigosamente disposto atrás daquele enorme rio, mas era tarde demais para questionar-se quanto a isso, precisava sobreviver!

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Genin

9/8/2019, 21:44

Caiu em cheio na turbulenta água gelada e marrom, o rio parecia estar passando por uma tromba d’água no momento em que Masanobu caiu em seu violento fluxo, imediatamente foi completamente imerso pelas águas e sua imensa força, naquele estado mortal Masanobu entrou em algum tipo de transe onde desassociou-se e ao mesmo tempo aceitou o pensamento da morte, somente via o rosto de seu pai e a expressão “União completa com a natureza”, o rapaz estava imerso em seu elemento de afinidade, aos poucos seu ego começou a esvair e o jovem viu-se de forma alguma diferente do que toda a água dentro daquele rio, era como se já não sentisse ou se não tivesse mais corpo, fosse literalmente mais um gole d’água naquela infinidade, adquiriu a unidade com aquele rio. Acordou subitamente nas areias brancas de uma margem tranquila, vomitou uma boa quantidade de água, seu corpo estava inchado e seus músculos doíam, a primeira coisa que fez foi ver se não havia nenhum osso quebrado, e por incrível que pareça estava inteiro, embora dolorido ao mesmo tempo que parcialmente anestesiado pela água fria; o rapaz olhou para o céu e viu a lua, era noite na Floresta da Morte e ele precisava se ocultar em algum lugar o mais rápido possível.

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Genin

10/8/2019, 07:25

Sons assombrosos rodeavam o rapaz, que estava sozinho, extremamente molhado e frio e dolorido, precisava encontrar um local seguro, se é que tal local existia naquele lugar, começou a adentrar a mata lentamente, a maioria dos predadores perigosos eram ativos a noite. A declividade se elevava vertiginosamente conforme se afastava do rio, erguendo-se em uma enorme parede de pedra e terra, de local semelhante de onde caíra anteriormente, embora todo esse episódio tenha sido muito estranho para o rapaz, que passou a vasculhar o perímetro da elevação rochosa em busca de uma entrada e encontrou uma há uns 7 metros de altura do solo, precisava arriscar-se, com sua audição felina já conseguia ouvir os passos de predadores silenciosos querendo lhe caçar, sem pensar duas vezes começou escalar as pedras um passo de cada vez, elas estavam úmidas e escorregadias porém concentração e calma eram o que garantiriam o seu sucesso, logo conseguiu chegar à entrada da pequena e apertada caverna, onde só conseguia andar agachado, julgou aquela fenda úmida como o local mais seguro que possivelmente encontraria naquele horário, e rezava para que em suas rachaduras não houvessem cobras peçonhentas, escorpiões ou o que o valha, ao menos os animais gigantes daquela floresta não seriam capaz de pegá-lo. Assim que se considerou a salvo Masanobu precisava computar aqueles acontecimentos recentes em sua mente, tirou suas roupas molhadas e fez então algo que nunca havia feito: meditar, sentou-se na posição de lótus naquela pequena caverna, fechou os olhos e começou a respirar compassadamente, logo teve o sentimento das águas turbulentas ao redor de seu corpo e viu o rosto fantasmagórico de seu pai, queria que aquela alucinação aparecesse uma vez mais para que pudesse vê-lo, de qualquer forma Masanobu sentia-se diferente, mesmo após toda aquela experiência de quase morte não se sentia mais em perigo, mesmo sabendo que claramente estava, no entanto sentia-se acalentado por aquela pequena caverna como se fosse o ventre materno de uma grande mãe, não só sua mas de todos, sentia-se irmão do rio, das árvores e até mesmo daquele grande gorila que encontrara, seria isso o que o espírito paterno relatou como “união com a natureza”? Masanobu não tinha certeza de nada, só sabia o que sentia, e aos poucos conforme meditava caiu no sono e dormiu a noite inteira naquele buraco no paredão, somente para ser acordado com os primeiros raios dourados do sol brilhando em seu rosto, curiosamente alinhado com a entrada do buraco, ao acordar Masanobu só conseguia olhar para o sol e agradecer, lágrimas rolavam de seus olhos mas não sabia o porquê, seu objetivo estava completo, e então o rapaz lentamente iniciou seu trajeto de volta à vila.

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