Kaled se encontrava sobre o telhado de uma das residências mais altas da vila, um local que ameaçava alcançar as nuvens, um local onde os únicos ruídos audíveis eram os provocados pelo vento, que sussurrava nos ouvidos do jovem, lhe trazendo paz, um sentimento que era para o ele pouco conhecido devido a diversas explosões e surtos, devido a sua história conturbada.
Com os olhos fixos no horizonte a mente de Kaled viajava; viajava de volta ao seu passado, ao dia em que sua vida havia se transformado, em que os shinobis haviam invadido sua pacata vila e lhe tirado dos braços de seus pais. Alguns fragmentos da história haviam finalmente sido encontrados, Kaled descobrirá que pertencia a um clã, um clã que de acordo com suas pesquisas nascera no país do fogo, em konoha, a centenas de anos atrás. Pouco Kaled sabia sobre seu clã, poucas eram as informações que ele podia encontrar em kumogakure ou nos pergaminhos já desgastados e ilegíveis encontrados em sua antiga residência.
Nessa viagem temporal que Kaled fazia em sua memoria, procurando reunir os fragmentos, as pistas que possuía, algo sempre lhe incomodava, lhe fazia suar frio e acordar de seus sonhos... O fogo. Elemento que por uma infeliz conhecidencia também era o elemento com o qual Kaled possuía afinidade, era para ele um tormento, uma lembrança ruim, um pesadelo.
Incapacitado de fazer uso daquele que era seu maior poder, Kaled seguia sua jornada como shinobi, enfrentando seus adversários com única arma que possuía estima, suas mãos. Mas não se enganem, apesar de forte, Kaled não possuía nenhuma capacidade técnica, ele era cru, um bárbaro, que apesar de possuir em sua cintura a mais poderosa das armas, se recusava a usa-la e recorria sempre aos punhos.
Mais uma vez o fogo consumiu a mente do jovem e lhe fez acordar de seus pensamentos. O suor escorria pelos cabelos, testa, barba e peito do colosso, lhe conferiam um aspecto ainda mais imundo e um odor desagradável. Uma gotícula que ameaçava cair do lábio superior do jovem foi esmagada quando esse se encontrou com seu gêmeo, escondendo os dentes que naquele momento se serravam com força.
O punho de Kaled encontrou uma das telhas azuis que revestiam o telhado ao seu redor. Diante do pesado golpe, a cerâmica se rompeu, fazendo com que a mão, mais semelhante a uma rocha, afundasse até um dos diversos toletes de madeira. Tremendo, os lábios de Kaled voltaram a se abrir – Droga -. A raiva novamente tomara conta do jovem, acertava seu peito assim como o fogo atingia sua terra natal, com força e velocidade assustadoras.
Os golpes contra o edifício se repetiram e os lamentos também – Droga, droga, droga -.

Considerações”:

Jutsus Utilizados:

- Você precisa controlar melhor suas emoções, Mohamed, ou elas irão sempre lhe controlar -. Sentado sobre o mesmo telhado que Kaled, alguns metros atrás que ele, se encontrava um homem idoso e extremamente baixo – Eu não sou controlado por ninguém -. Um novo soco, dessa vez mais forte do que os anteriores fez com que uma das vigas de medeira lascasse – Kaled, como foi sua viagem? -. A quebra de assunto apanhou o jovem de surpresa, fazendo com que ele não conseguisse focar em sua raiva – Como?... Não é da sua conta, velho -.
O idoso sumiu por um milésimo e ressurgiu ao lado esquerdo de Kaled. Exalando uma aura de pura serenidade, as palavras do idoso novamente deram um salto de um assunto para outro – Você tem treinado, Kaled? Tem estudado o controle de seu Chakra como eu lhe ensinei? -. Kaled deu de ombros – Sim -. O homem, com esforço, mas ainda sorrindo, se levantou – Me mostre, por favor -. Kaled tentou olhar feio para seu mestre, mas a serenidade do homem fez com que a agressividade do shinobi fosse contida – Ok -. A contragosto Kaled levantou e caminhou para o todo do telhado, onde o mesmo era encravado junto ao pico rochoso. Kaled fez um selo de mãos e procurou concentrar seu chakra em seus pés. O processo, que demandava grande esforço e pratica, foi realizado pelo impaciente shinobi com certa imperfeição e Doku, o idoso mestre de Kaled, pode notar isso sem grandes dificuldades.
O enorme pé do colosso foi colocado contra o paredão rochoso. Com confiança, Kaled então tirou seu segundo pé do telhado, procurando colocar esse em contato com a rocha, mas antes que pudesse sequer dar esse segundo passo o pé que antes se prendia ao paredão se viu livre da circulação de chakra, o que fez com que Kaled despencasse em direção ao telhado de imediato.
Diversas telhas se partiram com a queda do gigante e ainda mais telhas foram danificadas enquanto Kaled despencava em direção a parte mais baixa do telhado. Graças a Doku o garoto não caiu do telhado. Com auxilio de selos realizados em uma única mão o guerreiro ergueu, a partir das telhas quebradas, um pequeno paredão de barro, que conteve o deslizamento do jovem – A mente humana não é capaz de se manter focada, se manter consciente em dois pontos ao mesmo tempo. Quando dominamos uma técnica talvez essa seja possível de ser feita de forma quase invonlutária, mas até mesmo para chegar a esse ponto é preciso treino, paciência e concentração, Kaled. E enquanto você mantiver sua mente dispersa e dominada por outros assuntos e sentimentos você nada será capaz de aprender -. O colosso caído se manteve jogado no chão, olhando para o céu, bufando.

Considerações”:

Jutsus Utilizados:

- Levante-se Kaled -. O guerreiro se remexeu entre os distrocos do telhado, procurndo um ponto que pudesse se apoiar para se levantar. A queda parecia não ter abalado fisicamente o garoto, mas sua falha, junto as palavras de seu mestre, haviam atingido seu calcanhar de aquiles – Kaled, lembra do que eu lhe ensinei a respeito do fluxo de chakra? -, o guerreiro deu de ombros – O chakra que da origem aos jutsus é contido no corpo humano, como uma aura, uma energia -. O idoso voltou a se mover, indo até a base do telhado, onde passou a contemplar as ruas da vila – Nosso corpo é como essa vila, Kaled, ele pussem ductos, passagens por onde o nosso chakra flui... Veja, são como as ruas e vielas que permitem a passagem das pessoas a todos os locais. Dominar o fluxo, a capacidade de transportar e concentrar chakra na região em que deseja é de vital importância para um shinobi -. O idoso largou Kaled na base do telhado, contemplando sozinho as ruas e pensando sobre aquilo que havia sido dito. Doko voltou ao topo do telhado, onde o pico rochoso se erguia – Veja -. Quando Kaled se virou para encarar seu mestre, esse aplicava um simples peteleco contra o paredão rochoso. Inicialmente, com a aparente falha do golpe, Kaled sorrio, mas logo sua feição se tornou a de espanto. O peteleco fizera com que o pico rochoso rachasse de uma maneira que ele nunca antes vira – Esse é o poder que o chakra, somado a força física podem fazer. Domine o fluxo de seu chakra, Kaled e você talvez consiga fazer coisas ainda mais incríveis do que essa -.
O brutamontes foi até o lado de seu mestre, extendeu suas mãos a frente do corpo, as encarou e após alguns segundos de reflexão passou a deixar com que o chakra fluísse para a região. A sensação era estranha, era como se algo se movesse dentro de seu corpo, como se algo lhe fizesse cocegas internamente – Vê? Isso é o que você consegue fazer quando não deixa que suas emoções o controlem -. Kaled confirmou com a cabeça, ele nunca antes havia conseguido fazer com que seu chakra se comportasse daquela forma e poderia facilmente relacionar o feito ao fato de naquele momento ter ouvido os conselhos de Doku e ter esvaziado sua mente.
Kaled extendeu sua mão, impregnada de chakra, até a rocha e a tocou. Nada de fato parecia ter mudado, mas as mãos do rapaz estavam naquele momento grudadas com tanta força no paredão que ele, com todo seu peso, poderia se soltar, deixar seu corpo cair, que a ligação de sua mão com a parede continuaria intacta, lhe sustentando.

Considerações”:

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