A dedicação de Arya para com seu vilarejo, fosse realizando missões ou treinamentos, parecia lhe ter rendido a oportunidade de realizar um exame Chunin, como constava na carta recebida pela wiccana no dia anterior ao qual a história é narrada. " Além do teste Chunin vou receber um poder? " perguntou-se mentalmente quando releu a carta no dia seguinte, fitando com certa curiosidade o papel que tinha em mãos, transpassando o dedo palavra por palavra do conteúdo da carta a fim de não perder quaisquer informações que pudessem vir a ser útil. Durante todo o dia, a jovem genin se absteve de realizar qualquer ação que não fosse pensar em tal teste. —— Não é como se meu futuro dependesse disso. —— proferia, repetidas vezes, estalando os dedos da mão direita de maneira sucessiva e automática. Quando enfim chegasse a hora da garota sair de sua casa e rumar em direção ao Gabinete do Hokage - afinal, esperava que lá era onde estaria o supervisor de missões - a garota colocaria a bolsa de armamentos ninjas na cintura, daria uma veloz conferida em um espelho sobre sua aparência e, sem mais delongas, partiria rumo ao local de encontro.

Lá chegando, Arya bateria três ou quatro vezes na porta, esperando que fosse ordenada a entrar. Assim que a ordem fosse dada, a wiccana prontamente entraria e, mantendo um semblante confiante e prepotente (por mais que estivesse extremante nervosa com a situação por dentro), a garota realizaria um lento aceno com a mão direita antes de enfim se apresentar. —— Wicca Arya se apresentando. —— diria, por fim, esperando por alguma ordem ou algo similar.

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" Floresta da Morte? Que conveniente.. " pensou, após pegar o pergaminho com o conteúdo da missão, enquanto revirava os glóbulos oculares e deixava claro que um pouco de aflição percorria seu corpo. A jovem wiccana nunca em seus quinze invernos havia se aproximado de Shi no Mori, ou pelo menos tais lembranças haviam sido inibidas pelo cérebro da garota após a mesma ter adquirido a amnésia por ter assinado o livro da besta. De qualquer forma, não cabia à garota mostrar sua insatisfação perante a situação. Era uma ninja e, portanto, deveria ser capaz de receber ordens sem reclamar. —— Bem, obrigado. Eu estou indo nessa. —— disse, inclinando levemente a cabeça em direção ao homem e guardando o pergaminho dentro da bolsa de armamentos, sem medo de acabar por rasgá-lo. Sem mais delongas, Arya saiu da sala do supervisor de missões, sem ter dito quaisquer outras palavras antes disso. Rumava, é claro, para as imediações da Floresta da Morte.

Enquanto caminhava pelas ruas de Konohagakure - praticamente arrastando as solas dos pés no chão, para ser mais exato - a cabeça da garota estava imersa em pensamentos referentes a seu futuro. Ser indicada ao posto de Chunin deveria significar muito para um shinobi, vide que a nem todos essa honra era concedida. Todavia, Arya não se sentia forte o bastante a ponto de merecer tal título, mas é claro que não diria isso aos dirigentes da vila. —— Não importa. Vou aproveitar esse momento para treinar, também. —— disse a garota, abaixando o corpo e apoiando as mãos nos chãos. De maneira repentina,  havia decidido que "andaria" desta forma - como se estivesse plantando bananeira - até que chegasse na casa de Nanko. " Eu definitivamente preciso aumentar minha energia espiritual caso queira manter minha Magic Form! " pensou a garota, fazendo referência a sua estamina atual. —— Espero não vomitar meu café da manhã... —— No fim das contas, talvez Arya até mesmo estivesse se divertindo com aquilo. Afinal, era uma garota meio infantil, apesar de tentar esconder seu jeito de criança ao realizar atitudes arrogantes ou irônicas.

Andado certo tempo, o sangue de seu corpo havia começado a se direcionar para a cabeça, fazendo com que o rosto branco da garota ficasse ligeiramente avermelhado. Além disso, os braços já haviam começado a doer, de maneira que Arya agora se apressava para chegar em seu destino. Como havia prometido a si mesmo só "desfazer a bananeira" quando chegasse na casa de Nanko, a garota se sentia moralmente obrigada a cumprir o desafio proposto por ela mesma. Mesmo com o braço doendo, e a garganta claramente seca, a garota se portou durante um bom tempo naquela posição, até que um imprevisto acontecera: visões sobre as doze bruxas de Salem tomaram conta dos pensamentos de Arya, que via de maneira lúcida as doze mulheres sendo enforcadas e queimadas. Devido a isso, a garota acabou por perder o equilíbrio e cair com o corpo no chão. —— Droga.. —— disse, levantando-se. Não era a primeira vez que aquilo tinha acontecido, e claramente não seria a última.

Ligeiramente puta por ter falhado no próprio desafio, Arya andaria "feito gente" até a casa da mulher. O semblante de emburrada permaneceria expresso durante todo o rosto da garota pelo resto da caminhada. Enfim próxima da Floresta da Morte, Arya não seria tão educada quanto fora quando estava de frente ao supervisor de missões, pois agora já estava irritada. —— NANKO?! EXISTE ALGUMA NANKO POR AÍ? —— tornara a berrar, andando de um lado para o outro. Hora ou outra, Arya sentia que iria encontrar a mulher. —— Sou eu, Arya! Acho que eu fui indicada para o Teste Chunin ou algo parecido! —— gritou, levando as mãos até a boca, como se fosse um megafone. A wiccana realmente esperava ser ouvida.

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Surpreendentemente, os gritos de Arya tampouco pareciam ser efetivos no ambiente em que a garota se encontrava: um local em que estava acontecendo obras e, devido a isso, os berros de Arya acabaram por ser abafados pelo barulho ocasionado pelo trabalho de outras pessoas. Todavia, havia uma mulher cuja voz era possível ouvir em alto e bom som, como se ignorasse completamente o barulho vigente no local. Uma esbelta ruiva, de cabelos alaranjados. Apesar da aparência - a princípio - descontraída, Arya não olhava com desdém a mulher, que aparentava ser minimamente forte, no fim das contas. " Esperando uma estudante, ela disse? " pensou Arya, fitando com curiosidade a figura de cabelos alaranjados. Estalou os dedos das mãos, a fim de diminuir a ansiedade e, feito isso, tornou a andar em direção à mulher.

—— Olá. —— começou, acenando com a mão direita. —— Meu nome é Arya. A "senhora" por acaso seria Nanko? Acredito que seja a responsável pelo meu teste Chunin. —— disse. Apesar de Arya ter quase "travado" ao chamar a moça de senhora(pelo fato da wiccana não estar muito habituada a tratar os outros com pronomes respeitosos), a garota acreditava que a mulher tinha entendido com clareza. Não só isso, a aspirante a chunin colocaria a mão esquerda dentro da bolsa de armamentos ninjas, de uma maneira lenta o suficiente para não parecer que estava com segundas intenções e, ao invés de pegar uma kunai ou shuriken, Arya pegaria o pergaminho que o supervisor de missões tinha lhe entregado.  —— Eu não sei se isso é do seu interesse, mas talvez queira dar uma olhada. —— disse, despretensiosamente, levantando o braço e o esticando em direção à mulher, esperando que a mesma pegasse o pergaminho que residia na posse de Arya. Feito isso, a genin retrocederia alguns passos, se afastando de Nanko de maneira vagarosa.

Colocaria uma das mãos dos bolsos e, com a outra, coçaria o cabelo. Daria uma breve olhada ao redor, tentando entender o porquê daquela obra. —— Eu ouvi você mencionar que os animais não podem sobreviver sem a sauna. É tão grave assim? —— Apesar de parecer que estava puxando assunto, essas não eram as verdadeiras intenções de Arya. Os ensinamentos religiosos que a garota recebera desde a infância fizeram com que a garota se visse incapaz de não se preocupar com o bem-estar de animais ou a própria natureza e, por isso, sentia-se moralmente obrigada a ajudar. —— Há algo que eu possa fazer quanto a isso? —— disse, saindo completamente do foco do fato de que a garota estava lá para se tornar uma Chunin, e não ser mão de obra..Eu acho.

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A wiccana sentiu-se um tanto quanto frustrada ao saber que nada podia fazer para ajudar os animais e, quase que instantaneamente, a sua expressão facial adquiriu um semblante irritado. —— Ok, ok, Nanko-"sensei". —— disse, ironicamente, pegando o percaminho que a mulher havia tacado para ela. " Qual técnica será que isso contém? " perguntou-se, mentalmente, após Nanko ter dito que Arya precisava aprender o que quer que fosse o conteúdo do pergaminho. Sem demorar mais, a wiccana abrira o pergaminho, de uma maneira um tanto quanto agressiva e, após isso, tornou a fitar o que estava escrito no pergaminho. —— Shikigami no Mai? Eu nunca ouvi falar sobre.. —— perguntou-se, segurando o pergaminho com a mão direita e, com a esquerda, coçando a cabeça, enquanto olhava com dúvida/curiosidade em direção ao pergaminho. Tendo dado uma olhada apressada no pergaminho, aparentava que a técnica retratada se baseava em origamis. —— Não é como se eu tivesse escolha.. Vou aprender isso, o mais rápido possível. —— disse, sentando-se no solo abaixo de si. Aparentemente, as primeiras impressões de Arya sobre o Shikigami no Mai não foram das melhores. Todavia, começou a ler o pergaminho.


" Hm.. Até que é um pouco interessante.. " pensou. À medida que lia, a versatilidade referente a técnica impressionava cada vez mais a garota. Ser capaz de transformar o próprio corpo e roupa em folhas de papéis, assim como manusear seu chakra baseado nessas habilidades, começava a soar como algo incrível na percepção da garota. —— Uau.. Se a Nanko sabe usar essa habilidade, ela deve ser bem forte, no fim das contas.. —— sussurrou, ao ler que também havia a possibilidade de envolver o inimigo em folhas de papel - para asfixiá-los - ou até mesmo se valer do jutsu para atividades foras de combate, tais como espionagem ou para pairar sobre o ar. " Essa bruxa aqui vai voar com origami, e não sobre uma vassoura. " pensou, dando um sorriso de canto de boca. O texto do pergaminho também deixava claro que era necessário um razoável controle da chakra para que a técnica fosse efetivada da melhor maneira possível. Felizmente, Arya tinha todas as características que tornavam cabíveis a garota aprender a técnica e, por ficar cada vez mais surpresa com o Shikagami no Mai, Arya se dava ao luxo de ler atentamente cada palavra contida no pergaminho. —— E agora? —— perguntaria, quando enfim tivesse acabado de lê-lo por completo. Manteria o olhar curioso fixo em Nanko, na espera de alguma ordem da mulher.


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Qualquer ente compreende que efetivar conhecimentos teóricos em conceitos práticos é, na maior parte das vezes, uma árdua tarefa. Arya mal pôde acreditar em seus olhos enquanto via o braço de Nanko deixar de existir, sendo tomado por uma infinidade de papéis que agora voavam pelos ares. Instantes depois, as folhas retornaram ao lugar onde o braço da moça deveria existir e, de modo surpreendente, o mesmo reaparecera. —— Uau.. —— disse, em voz baixa, expressando clara surpresa pela técnica. A wiccana esticou o braço dominante - no caso, o esquerdo - e o colocou a frente do corpo, apesar de ainda se encontrar sentada na grama. Ficou olhando para o mesmo por alguns instantes, perdida em pensamentos referentes a técnica. A genin deu um breve suspiro e, feito isso, daria início ao seu treinamento.

Cerrou os olhos, unindo as pálpebras, e manteve a palma da mão fechada. O braço estava um pouco trêmulo, como se a garota estivesse receosa de vê-lo ser repartido em inúmeras folhas de papel. Todavia, Arya continuou tentando fazer com que o chakra presente nos tenketsus do braço esquerdo fluíssem de maneira harmoniosa, devido a seu Grande Controle de Chakra. Aos poucos, a visão da garota foi adquirindo um aspecto esbranquiçado, no tom da mais comum folha de papel. No centro desse "fundo" branco, havia apenas uma coisa: o braço esquerdo de Arya, flutuando no ar, desprendido de seu corpo.

É claro que ver - mesmo psicologicamente - seu braço flutuando fez com que a respiração da wiccana se tornasse inconstante por alguns segundos, devido ao susto. Todavia, não tardou para que a jovem retornasse ao seu estado de calmaria. Ainda na sua mente, Arya viu seu braço ser dobrado de modo fisicamente impossível, como se o braço revogasse a existência de qualquer osso. " Acho que estou no caminho proposto pela Nanko-sensei.. " pensou, ao ver que seu braço - ainda em seus pensamentos - se desfazia em inúmeros pedaços de papéis, que de maneira elegante se espalhavam pelo ar. Era uma imagem tão bela que, naquele instante, a genin se via incapaz de sentir medo pela técnica. Não aparentava ser algo doloroso, muito pelo contrário. Libertar o próprio corpo parecia, nesse momento, algo belo, principalmente para Arya, que sempre se viu presa sobre os preceitos de sua religião. A genin abriu os olhos lentamente e, para sua surpresa, o mesmo acontecia com seu braço de verdade. A jovem não pôde deixar de dar um sorriso bobo, enquanto fitava o próprio braço que, nesse instante, estava sendo reconstituído e voltando a ser pele novamente. —— Isso é mesmo incrível..

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—— Certo, hora de treinar o braço direito. —— disse, recolhendo o braço dominante - esquerdo - para próximo ao corpo e, instantaneamente, colocando o direito a frente, enquanto estalava os dedos. Arya estava confiante quanto a ser capaz de realizar a técnica no outro braço, vide a confiança que Nanko emanava. Arya, de maneira similar ao que fizera quando treinara o braço esquerdo, cerrou os olhos, a fim de adquirir uma maior concentração. Tentou realizar os mesmos procedimentos: imaginar um local vazio, branco como folha de papel e, no centro deste lugar, seu braço - agora o direito - flutuando e se desfazendo em inúmeros pedaços de papel. Todavia, ao abrir os olhos, a técnica não funcionou, indicando que realizar o Shikigami no Mai no braço direito seria um processo complicado.

A garota bufou, triste pelo fato de não ter sido capaz de efetivar a técnica de primeira. A garota, então, percebeu que seria necessário mais calma e concentração caso quisesse realizar a técnica. Fechou novamente os olhos, e tornou a respirar de maneira leve, inspirando e expirando o ar de maneira harmoniosa. Novamente, viu-se em um fundo completamente branco, mas dessa vez Arya optou por mentalizar não só o ambiente, mas também sons referentes a papel. A garota jurava poder ouvir o barulho de papéis sendo cortados ou até mesmo escritos, de maneira que a garota cada vez mais "entrelaçada" a papéis. Arya, de maneira calma, começou a mentalizar seu braço ser levemente transformado em inúmeras folhas de papel e, à medida que o fazia, mais o ambiente que a garota estava psicologicamente inserida lhe dava indícios de que a garota tinha sido capaz de realizar a técnica. Ao abrir os olhos, tudo que Arya pôde ver foi o seu braço retornando ao estado natural, após a técnica ter sido realizada de maneira correta.

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O próximo desafio proposto a Genin era efetuar o jutsu em ambas as pernas, além de, é claro, ser capaz de manter o equilíbrio. —— Parece ser mais complicado.. —— murmurou, começando a se levantar, enfim. Deu algumas saltitadas, alongando as pernas, antem de enfim começar o treinamento. Suspirou lentamente,  por fim, dando uma rápida olhada para baixo, fitando os próprios pés. Arya optara por manter os olhos abertos dessa vez, visto a garota precisava se acostumar a realizar a técnica de olhos abertos, caso desejasse utilizá-la em uma situação de combate. Dessa vez, a jovem wiccana começou canalizando a energia nos próprios pés e, sabendo com êxito controlar seu chakra, a genin procurava manter todos os seus tenketsus com a mesma quantidade de chakra. Afinal, caso a técnica falhasse, Arya não queria que o motivo por detrás disso fosse uma má utilização do chakra.

Começou, então, a mentalizar o uso da técnica: buscava visualizar como se suas pernas, momentaneamente, parassem de existir, dando lugar a uma infinidade de folhas. Além disso, a wiccana também tentava manter o controle de chakra constante, a fim de ser capaz de "flutuar" no ar, mesmo sem possuir pernas. Ao olhar para baixo, foi isso que Arya viu estar acontecendo. A garota fora capaz de realizar a técnica sem maiores dificuldades, devido ao fato de ter se concentrado bastante previamente. —— Isso é tipo voar, né? —— disse, com um sorriso abobado no rosto.

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