O sol já havia se posto dando lugar a lua e as estrelas e Shoto se reservava em sua pequena casa onde morava sozinho desde que sua mãe falecera devido a uma grave doença, o que lhe garantia liberdade e sossego. Junto a um longo suspiro caiu em sua cama que estava desarrumada desde a manhã, mas suficientemente confortável para permitir seu corpo relaxar. Sua face era de insatisfação, havia se dedicado a se tornar um ninja, muito devido as influências de Tesai que havia desaparecido sem mais nem menos. Ele havia muito o que explicar. Seus sentimentos de insuficiência eram muito fundados pelas tarefas que lhe eram atribuídas Gennin. Já era esperado que não fosse indicado para missões de risco, mas as coisas que vinha fazendo desde sua formação na acadêmia ao seu ver eram ridículas.

Seus olhos se fecharam por um instante e sentia cada vez mais sua consciência ser tomada por imagens e sons que aos poucos se revelavam um possível sonho, todavia seus devaneios foram interrompidos diante o estrondo vindo de sua porta. "Quem poderia ser numa hora dessas?", pensou o garoto coçando a nuca. Seus passos lentos lhe levaram até a porta que se entreabriu numa fina brecha que permitiu todo o ar gélido do interior invadir a residência. Shoto encolheu-se quase que imediatamente abraçando o próprio corpo.Seus olhos negros recaíram sobre uma figura inusitada, um sujeito carregado de agasalhos do pé a cabeça lhe fitava estendendo até seu alcance algum tipo de recado. — Você não tem mais o que fazer? — Questionou rispidamente ao mesmo tempo que tomava o bilhete das mãos daquela pessoa.

As órbes correram pelas poucas linhas escritas naquele pedaço de papel. Não tinha muito o que se entender, mas ainda sim havia um mistério por trás daquela situação, ainda mais quando o mensageiro não dissera nada desde o começo — Que tipo de afazeres são esses? Não me importa, se tratando de algo oficial não é como se eu pudesse recusar — Contava o jovem mais para si mesmo do que para a pessoa a sua frente. Deu alguns passos para o lado alcançando um casaco e um cachecol que enrolou em volta do pescoço e calçou seus sapatos. Nada mais disse a pessoa que lhe entregara o bilhete, seu olhar sequer cruzava suas silhueta que viera a lhe guiar até seu destino: a biblioteca. — E então? Não me diga que me chamaram para catalogar ou limpar livros, se for isso eu juro que...