Deveria treinar. Isso era tudo que eu pensava após finalmente ter decidido meu caminho, 45 anos após meu nascimento. Jashin estaria me observando a todo momento e deveria orgulha-lo dando início a meus treinamentos. Para uns provavelmente seria esquisito ver um velho a praticar artes ninja, porém eu estaria mais do que determinado a isto e não teria nenhuma dúvida de meu desejo. Sendo assim, saí de minha casa com nada além de minhas roupas e armas, pronto para realizar meu treino, indo em direção ao campo próprio para tal.

Chegando lá, pude perceber algumas poucas crianças a “brincar”, realizando treinos shinobi porém com viés de brincadeiras. Ficaram surpresos a me ver ali: provavelmente por ser um local certamente improvável para um velho estar. Todavia, assim que eu retirei meu manto branco e a parte superior de meu Shihakuho, meu tórax atlético e musculoso era colocado à mostra. Isso trouxe mais surpresa ainda ao rosto das crianças. Movimentei-me então lentamente em direção a uma arvore, das poucas que ali existiam por ser uma área rochosa. Seus olhares eram mantido fixamente em mim, provavelmente curiosos com o que eu faria. Preparei-me numa posição de batalha com minha mão esquerda à frente, igualmente à perna esquerda, e com a mão direita próxima à minha cintura, com meus músculos do antebraço a forçar a supinação. Com uma contração muscular elevada, gritei em um grave tom e forcei todo meu corpo em contração. Liberando alguns músculos eu iniciava meu movimento: enquanto a mão esquerda retornava à cintura, posição esta da mão antagonista anteriormente, minha mão e ante-braço direitos forçavam os músculos em uma pronação e avanço de todo o braço, atingindo o caule arbóreo com minha força total. Aquilo não foi um simples soco: era perceptível para mim e para as crianças que as folhas tremeram fortemente à meu soco, mas não apenas isso aconteceu. Aos poucos, a árvore começou a ceder para meu lado, e este era o momento de treinar minha velocidade. Em meu pensamento, deveria não apenas fugir da árvore em queda, mas também desestabilizá-la e atacá-la por diversos que fossem os ângulos, a treinar meu estilo de luta e minha velocidade também. As crianças ficaram mais surpresas ainda, mas pareciam estar torcendo por mim. Uma delas gritou: - Madeira!!!! - enquanto as demais riam. Fechei então meus olhos por um segundo e tomei minha respiração profundamente: era momento de iniciar o treino de verdade. Era apenas uma questão de segundos: era tudo ou nada.

Abri meus olhos: a árvore cedeu por completo e estaria caindo em minha direção, e então desferi primeiramente uma joelhada com meu joelho direito, movimentando todo meu corpo para a esquerda. Tal ato fez com que o tronco levantasse um pouco ainda, permitindo-me realizar uma série de outros ataques. Soquei-a para cima com meu braço direito, chutei-a com a perna esquerda com o corpo completamente à esquerda da árvore, com a árvore quase a pender para o outro lado, pulei e desferi outro chute, mas desta vez com a perna direita na horizontal. Com isto, a mesma ficou a pender para o outro lado, porém algo precisava impulsioná-la. Caindo ao chão, não obstante, pulei novamente na direção da árvore e desferi outro soco, desta vez com a mão esquerda, forçando-a a pender, e então com um giro no ar de 360º, estendi minha perna direita e forcei-a contra o caule já próximo ao chão com o tornozelo, praticamente destruindo-o quase que por completo. Aquilo teria acontecido em quase um piscar de olhos, e os garotos mais distantes estavam completamente boquiabertos por até terem dificuldade em me ver. Finalmente estaria criando um determinado nome e impulso a mim mesmo: minhas técnicas de taijutsu estariam mais fortes que nunca, eu não estava tão velho quanto pensava e poderia fazer aquilo por mais vários anos. Ainda era cedo da manhã, aquilo era pouco para considerar como um treino simples. Levantei-me e fui em direção às crianças, que assustaram-se e correram dali, sumindo da localidade.

Minha intenção primária não era assustá-las, e sim usar a grande rocha atrás deles para meu treinamento. Ainda assim, não pude avisá-los ou fazer qualquer coisa do tipo, mas ainda pressentia seus olhares escondidos por aí, curiosos para o que eu faria próximo. Assim, olhei bem a rocha, pronto para iniciar a segunda parte de meu treinamento. Esta seria bem mais dura, literalmente falando, tendo em vista a resistência de uma pedra em diferença à resistência de uma árvore. Dessa forma, fechei os olhos e inspirei profundamente, dando um leve intervalo antes de expirar. "1... 2... 3... 4...!" contei em minha mente. Nesse momento, abri meus olhos e preparei meu corpo inteiramente, montando uma posição de batalha quase que semelhante à anterior, quando estava à frente da árvore. Iniciei meus golpes com um rápido movimento circular giratório, girando para minha esquerda e permitindo minha perna também esquerda ao ar, forçando-a ao término do giro contra a grande pedra. Apesar de um dano considerável, não era o suficiente, além de que eu não desejava terminar por ali: ainda deveria treinar mais meus ataques físicos. Então girei para a direita desta vez, permitindo que minha perna direita estivesse livre, chutando a rocha num chute frontal, quando assim fosse possível. Não obstante, utilizei a reação da força do chute em meu corpo para impulsionar um giro de 720º de meu corpo para a frente, forçando minha perna esquerda estendida, e finalizando por um chute de cima. Por fim, girei meu pé à pedra e forcei-me para a direita, causando um chute horizontal com meu tornozelo direito e causando uma reação para novamente forçar-me à esquerda, finalizando com um soco de mão direita, e outro com a mão esquerda. Para finalizar a tal série de golpes de uma vez por todas, forcei meu braço direito para trás e trouxe-o para a frente, causando um golpe com meu cotovelo à pedra, e aproveitei a inércia de meu corpo para realizar uma joelhada com meu joelho esquerdo, e então empurraria a pedra com a perna direita, dando um mortal para trás em 360º, parando de pé poucos metros em frente à pedra. Vendo o resultado de meus golpes, estava feliz com o resultado do treino. Tais golpes com certeza foram desenvolvendo-se melhor a cada movimento mínimo que realizava, e assim já me encontrava feliz. Os garotos então bateram palma de algum lugar não visível, provavelmente com medo do que teria acontecido. A pedra praticamente foi obliterada no processo do treinamento, sobrando pouco do outro lado da mesma.