Kaguya Natsumi
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Despertou repentinamente, a luz adentrou ao seu dormitório de forma abusiva. ― O que tá acontecendo? – murmurou para quem abria a janela, sua mãe. ― Já está quase na hora do almoço, menina! – exclamou para Natsumi. ― Como conseguiu dormir por tanto tempo assim? – perguntou, curioso. A última missão da Kaguya foi um sucesso, mas com ela veio diversos machucados, provindos do uso exacerbado dos músculos e dos cortes que ganhou do corredor de vidro do observatório. Precisava de um bom descanso… e curativos. Passou o braço direito na região dos olhos, para acordar de fato. Uma fina camisola de cor bege era sua vestimenta ali, o calor da noite anterior obrigava ela vestir algo mais leve. Seus seios transpareciam um pouco através do tecido, revelando suas aréolas cor-de-rosa, e quando percebia ao ficar sentada na cama, corou seu rosto e cruzou os braços acima deles. Suas pernas suavam, a temperatura era incômoda para a mulher. ― Tome um banho, vista-se e depois coma alguma coisa. – orientou sua mãe. E assim ela foi.

Dentro do banheiro tirou com extrema facilidade o que vestia, caindo levemente no chão sem fazer um barulho sequer. Seus pés tocavam suavemente os frios azulejos abaixo do chuveiro, o primeiro contato com a baixa temperatura a fez recuar um pouco, mas logo pisou novamente. Liberou a água de forma suave, as gotas começaram a se chocar com sua pele, seu corpo sentia a mudança de temperatura, indo do quente da noite para o refrescante frio da água. Lavava seu corpo com um sabonete de coco, passando por todos os cantos de seu corpo, massageando e ensaboando-se. Os cabelos cinzas grudavam em sua testa por estarem molhados, mas logo que desligava a corrente d'água jogava-os para trás. Com sua toalha verde, passava o tecido mais grosso para se secar, sentia acariciada e relaxada simplesmente por estar se secando, seus músculos que estavam rigidos por toda a noite já estavam em seu estado normal, a pressão da última missão se esvaia aos poucos.

Novamente em seu quarto trajava roupas casuais, ainda não era hora de sair. Ia direto para a cozinha, onde haveria de comer. Não pestanejou em pegar um pão e um café, comendo logo em seguida. Enquanto mastigava seu café da manhã, a campainha toca, fazendo a kunoichi engolir o que restava em sua boca para atender o chamado. Ao abrir a porta, uma série de perguntas feitas por um homem que nunca viu antes. ― Sim, sou a Natsumi que mora aqui, Tokubetsu Jonin. Só me dê cinco minutos. – respondeu e pedia um tempo para vestir sua roupa como kunoichi. No quarto colocava seu traje de forma ligeira e então voltava ao homem. ― Vamos. – proferiu para o mensageiro e o seguia, mas ele não dizia o porquê de chamá-la.

Já no quartel-general da vila havia um homem de tapa-olho, meia idade… e sério, até demais. A explicação veio logo em seguida pelo rapaz que Natsumi seguia, ajudar o senhor num treinamento nas montanhas, nada demais para a cabeça da Kaguya. ― “Não aceitamos um não como resposta”, que mandão hein? Aposto que nunca lutou na vida. – retrucou a menina, um pouco com raiva. ― Tudo bem, não tem como recusar, não é mesmo? Vamos para as montanhas. – dava sua resposta ao homem mais novo enquanto observava o livro que o tapa-olho estava lendo. ― “O Último Raio”, huh? – sussurrou para si mesma, mas logo se pôs a disposição daquele que treinaria.

Kaguya Natsumi
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Dispensados, a escolta começava. O homem de tapa-olho liderava o caminho, com seu livro um tanto curioso, lia e caminhava, não batia em nada no meio da vila, sua percepção periférica era muito boa, ponto para ele, Natsumi prestava mais atenção nele. Um treino nas montanhas… a garota podia entender aquilo, a Vila na qual vivia era conhecida por sua altitude elevada e seus treinos em condições quase que mortais, tentava adivinhar o que o homem de várias cicatrizes queria aprender, e o porquê de chamá-la. ― Diferente do outro cara, esse lutou muito em sua vida, e parece tão novo… – pensou Natsumi, olhando para o corpo dele, mas não chegava ao ponto de se distrair com quem estava em sua frente. Para esparecer um pouco a mente, a Kaguya observava as construções de sua vila natal, onde percebia mudanças desde que havia voltado a aldeia. Novas lojas, novos restaurantes, tudo para ela aproveitar em algum momento de folga. Folga esta que demoraria um pouco para chegar, pouco tempo havia voltado da última missão e já fora chamada para mais uma tarefa.

O limite da vila aproximava, mais um dia deixando seu lar para trás para trabalhar, nada de novo para a kunoichi. Os guardas percebiam a chegada do tapa-olho e liberavam saída da dupla. ― Estou com ele. – avisava aos guardas. ― Missão de escolta. – revelou e então voltou a atenção para aquele em sua frente, lendo sua ficção de raios. Andaram mais um pouco até que o homem tirava o livro da frente de seu rosto e virou-se para a tokujō, apontando para a montanha, que era seu destino final, e ainda era a maior entre todas as montanhas da região. ― Não iremos ter problemas com respiração? – perguntou a ele, com preocupação. O homem ignorou a menina, continuou lendo seu livro.

Rumando para a montanha mais alta do país, a conversa pouco aconteceu, ele em seu livro, e ela observando a natureza ao redor. A escolta era praticamente irrelevante com o fato do homem ser forte o suficiente par se defender sozinho. O gelo quebrou com a iniciativa do tapa-olho, que, primeiro de tudo, se chamando Kaminari e seguiu em questionar a moça de cabelos brancos o motivo de tê-la convidado para essa missão. A atenção estava nas mãos dela, não podia a chance de falar com o quase mudo homem. ― Me chamo Kaguya Natsumi – apresentou-se para o seu protegido. ― E não, não sei o motivo de ser eu aqui. – dizia para ele, que logo respondia com um “logo logo saberá”, frase mais clichê do mundo. ― Estou a espera da resposta então. – falou Natsumi. ― Kaminari, temos que passar por esse espaço, tome cuidado. – alertava-o e o seguiria por todos os obstáculos que há.

Kaguya Natsumi
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A tokujō subia as montanhas junto de Kaminari, não percebia na hora da apresentação mas seu nome significava raio, trovão, eletricidade, uma curiosidade que tinha durante o caminho. Tudo era tão calmo, Natsumi por vezes acreditava que seria um treino tranquilo do escoltado, onde tinha que somente ajudá-lo em algumas coisas e então voltar. O frio se tornava predominante ali, os ventos mais fortes e a respiração um pouco pesada, ninjas de Kumo tinham facilidade naquelas condições, mas sempre era estranho adentrar naquele cenário. — Lá vamos nós subir a montanha e quase morrermos de insuficiência respiratória. – proferiu a albina e logo deu risada, uma mera brincadeira.

Estar ali lhe lembrou de uma situação que ocorrera há mais de um ano, o menino Natsu e sua mãe. A genitora do garoto tinham um grave problema de saúde em seus pulmões, seu marido não estava presente e então sobrara somente a seu filho buscar ajuda. Em Kumogakure, o pobre menino tivera que roubar coisas para salvar sua mãe, e então que Natsumi entrou em cena, indo atrás do garoto em busca dos itens roubados. Descobriu sobre a história da família e aliou-se a eles em busca de um meio de salvar a vida da mulher, que antes era uma kunoichi que nem a Kaguya. O caminho para a montanha fora descoberta pelos moradores raivosos da vila, queriam que o menino fosse preso por ter roubado as coisas. A tokujō interveio na confusão que se instaurava na pequena casa deles, nocauteando todos que queriam o mal para eles. Aquele episódio na vida de Natsumi foi um marco, principalmente para suas convicções, soube julgar melhor, ser mais receptiva. Roubar é um pequeno passo para fazer coisas piores, é uma pequena semente para florescer o Caos, e isso ela teria que evitar. Mas… ao ver o menino e sua história, viu que aquilo tudo era feito pela Ordem. Pessoas nascem com um destino traçado, uns servirão ao Caos, outros à Ordem, e os que restarem seriam as vítimas da sangrenta guerra que ocorre há gerações, como a mãe de Natsu.

— Natsu, onde você está, menino? – pensou a ninja enquanto seguia Kaminari, estava um pouco dispersa em seus pensamentos, mas voltava a realidade assim que respirou de “forma errada”, engasgando e tossindo um pouco. — Fiquei mal acostumada com a altitude. – falou para Kaminari, que permanecia concentrado e quieto, uma tentativa falha de puxar conversa.

Minutos se passaram e ele finalmente abria a boca, avisando sobre Natsumi tomar mais cuidado com a retaguarda e não olhar para a frente em hipótese alguma, muito estranho, concluiu ela. — Tudo bem… Estou às suas ordens. – respondeu ela, concentrando aos arredores no mesmo momento. Ela se aquietava e o cenário parecia mudo, nada a ouvir, somente os passos, aquilo era incômodo, mas necessário.

O ambiente não parecia gostar de silêncio, um grito de guerra ecoou por todo o terreno, o que surpreendeu ambos os ninjas de Kumo. O tapa-olho dava as ordens, e Natsumi obedecia, o baixo uso de chakra era essencial naquela batalha que começaria em poucos instantes.

Dos penhascos, a ninja veria a origem do som, um grupo de emboscada. De suas mãos jogaram um bom número de facas ninjas. — Malditos. – proferiria a ninja enquanto sacaria sua espada rapidamente e utilizaria de sua lâmina para tirar todas as armas do caminho. Um clarão surgia em sua frente, bolas de fogo vindo na direção dos dois, mas logo que via o ataque bombas de fumaça explodiam em seus pés. — Perfeito. – retrucou de forma rápida, não tinha outra opção se não sair da cortina que bloqueava a visão. A Ordem atacaria. Em sua total velocidade voltaria o caminho que percorria a pouco tempo, com todo o cuidado possível. Utilizaria do seu elemento de afinidade para criar uma rajada de eletricidade que se chocaria com o primeiro dos jutsus de fogo, não perderia muito tempo para fazer o mesmo com a segunda bola de fogo, e, para a última esfera de alta temperatura, retiraria um osso em forma de adaga para cortar o fogo e atravessar pelo meio. Se tudo fosse devidamente defendido, voltaria para a posição de origem se a fumaça já tivesse se dissipado. Se não, ficaria ali, atenta aos arredores, a procura dos inimigos.

Kaguya Natsumi
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“Assim como o amanhecer… mate a escuridão”

Escuridão esta que a tokujō saiu, na realidade seriam as bombas de fumaça que foram jogadas nela, e disparou para as técnicas de fogo de seus inimigos, a primeira fora desfeita com o artifício elementar dos raios, que chocaram-se e não existiram mais. O segundo obstáculo fora superado da mesma forma, Natsumi observaria a ofensiva secundária ser derrotada por uma simples manipulação da sua afinidade. Para a terceira, tivera que revelar para os mal feitores sua linhagem familiar, o domínio dos ossos, onde uma simples adaga de saindo de seu braço fora o suficiente para abrir passagem para a kunoichi e superar todos os ataques.

Sua visão ficara ampla, procurava os utilizadores, os inimigos. Não havia ninguém. — Covardes. – proferiu a mulher enquanto arrumava a franja da frente de seus cabelos. Ofegava, o ar estava um nível nem tão rarefeito, mas cansava um pouco utilizar de seu corpo em uma escala um pouquinho acima do normal. Ainda não adaptava com a respiração – durante seus movimentos conseguiu segurar bem o fôlego enquanto se defendia, uma técnica que os shinobis de Kumogakure tinham conhecimento desde pequenos – por isso tossiu mais uma vez. Depois que liberou o mal estar da garganta, ouviu sons diversos: raios e metais, não entendia muito, até que percebeu o que era. — Kaminari! – lembrara do homem do tapa-olho. Sua concentração em derrotar os ladrões era tão grande que tinha esquecido completamente de quem estava lhe acompanhando. Quando lembrou dele, os barulhos já haviam cessado, coisa de pouquíssimos segundos.

A voz do escoltado surpreendeu Natsumi enquanto se virava para onde estavam, permitindo que já pudesse olhar para frente. Ele estava lá, intacto. — Nem lembrava dessa regra, os inimigos eram mais importantes! – brincou a tokujō, mas uma coisa que ela não havia se esquecido era dele falando para gastar pouco chakra. — Utilizei de coisas simples, nem parece que gastei energia. – relatou a mulher de cabelos brancos. A kunoichi dava passos em direção a ele, e podia ver uma pilha de corpos atrás dele, fizera um estrago enorme ali, mas muito bem preciso. — Como ele fez isso? – perguntou-se em sua mente.

Continuaram a andar. Para ser mais discreta, o capuz de seu traje era posto para cobrir seu rosto. As vítimas de Kaminari somente tinham cortes e perfurações, mas nada tão trágico e espalhafatoso. Depois de alguns metros, Natsumi percebia que o tapa-olho não estava com seu livro, e ainda mais surpreendente, puxava conversa com ela, perguntando sobre sua linhagem. — Chama-se Shikotsumya- Peraí, como você conseguiu ver que eu usei ossos? – fez uma cara de desconfiada, mas não manteria por muito tempo. — Shikotsumyaku, linhagem avançada do clã Kaguya. – revelou, mas a dúvida ainda pairava em sua mente. — Senhor Kaminari, você tá escondendo algo muito importante, e vou descobrir. – brincava mentalmente. Ela então continuaria a seguí-lo.

Kaguya Natsumi
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Uma coisa que poucos diziam sobre Natsumi era sobre a linhagem dela, eram poucos que viam o que a tokujō poderia fazer com seu corpo, desde pequena achou que seria taxada como um monstro, ou uma menina esquisita que ninguém gostaria de ter por perto, por isso somente treinava tal habilidade com sua mãe, que compartilhava da peculiaridade. Escutar uma pergunta sobre o Shikotsumyaku foi um baque para ela, primeiro passava em sua mente como ele conseguiu ver, e depois se ele achou uma atrocidade aquilo. Mesmo dizendo o nome da linhagem do seu clã, ainda ficava receosa sobre a opinião dele. O capuz estava posto, escondendo seu rosto, uma maneira involuntária de esconder a vergonha, mas naquela idade ela só pensava na discrição. A fala de Kaminari na verdade fora totalmente contrária ao esperado pela kunoichi, ele achou… interessante. A reação imediata dela foi tirar o seu capuz, mesmo ultimamente estando séria, ela conseguiu demonstrar um mix de satisfação e alívio por ninguém a julgar mal por conta do que fazia com partes de seu corpo. — Usarei… – respondeu rapidamente a ele, o homem tinha mais o que falar. Com um sorriso no rosto então revelava como descobria sobre a kekkei genkai de Natsumi, simplesmente fora mais rápido que ela e conseguia observar o que ela era capaz. A mulher dos cabelos brancos ficou sem palavras, não conseguia imaginar como o ninja conseguia ser tão veloz. Ficou um pouco acuado por, possivelmente, estar invadindo a privacidade de Natsumi. — Não é isso, é que eu fiquei por mais de dez anos escondendo esta habilidade para não assustar ninguém, e você conseguiu ser mais rápido do que eu e descobriu. – explicou seu ponto.

O caminho prosseguia para os dois, mais atenta e preparada, Natsumi observava Kaminari, tentando descobrir o que ele tinha de especial ali, o que ele poderia esconder. Curiosidade esta que seria revelada em poucos minutos. Mais inimigos, mas o homem do tapa-olho intervia quando a tokujō preparava-se para a luta, pedindo somente para observar. O estranho disso tudo, além de sua alta confiança, era o porte dos inimigos, muitas armas pesadas, como ele enfrentaria tudo aquilo? Os olhos fixados da Kaguya não conseguiram acompanhar como o shinobi conseguiu tal feito, somente via lampejos de chakra por seu corpo, e então sumia, segundos depois, gritos dos inimigos, e muitos gritos. — Como assim…? – a mulher soltou sem querer.

Sem terminar a frase, ele estava ao seu lado, Natsumi tomou um susto de leve. Raiton no Yoroi, a técnica que ele usou, e que o deixou tão veloz. Logo depois oferecia treinamento para a tokujō. — Me parece interessante… – respondia se fazendo de difícil, mas a resposta era sim. Explicava como o controle de chakra bom era necessário para fazer a técnica, a ninja escutava com atenção a tudo que dizia. Com a deixa de Kaminari, era a hora de tentar.

Somente com a observação de como o chakra se comportava no homem, Natsumi iniciaria seu treinamento. Era um jutsu de Raiton, elemento de afinidade e perícia, algo que já estava bem-acostumada a lidar. Portanto, seu primeiro passo seria expelir o chakra elemental por seu corpo, de forma regulada e em baixa quantidade, tentando moldá-lo em um manto, assim como via no tapa-olho. Fecharia seus olhos e imaginaria seu fluxo de chakra fluindo por seu corpo, e por ele sairia o Raiton que formaria o manto de chakra. Expeliria em pequenas quantidades o chakra, provavelmente não daria certo, como Kaminari dizia, mas era um começo.

Kaguya Natsumi
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O homem do tapa-olho havia muitos segredos, o primeiro deles era o Raiton no Yoroi, segundo que a Kaguya não era a primeira das alunas dele, já havia mais pessoas sendo treinadas por ele, e sua aparência jovial não demonstrava isso. A tentativa inicial de Natsumi foi falha por diversos motivos, entre eles sua errônea preferência em focar no elemento ao invés do controle de chakra. A falta de reação do que a tokujō queria fazer a deixou deveras intrigada, mas o seu mais novo sensei lhe dizia o porquê disso, e a mulher dos cabelos brancos ouvia atentamente a todas as palavras que dizia, entendendo os motivos para não ter dado certo. — O segredo não é o elemento, e sim o fluxo… – em sua mente fixava as palavras de Kaminari, que continuava a falar. A aula então rumava para um caminho totalmente diferente, esquecia os raios e direcionava especialmente para o fluxo de chakra, algo que segundo ele era essencial para chegar ao ponto ideal do Raiton Chakura Modo. O modo de chakra dos raios ainda não fora mostrado totalmente por ele, tinha algo a mais para ser revelado, o que deixou Natsumi animada para descobrir e lhe deu ânimo para tentar a próxima parte do treino.

As mãos do homem ficaram em uma posição específica, uma palma apontava para outra, de cima para baixo, os primeiros momentos deixou a Kaguya confusa, nada acontecia, mas segundos depois o chakra dele se moldava em uma esfera, rotacionando fortemente entre si. Surpresa ficou, é claro, nunca tinha visto algo do tipo antes. — Nossa! Parece bem poderosa, como se chama essa técnica? – perguntou, curiosa. — Será que ela consegue quebrar uma defesa de ossos minha? – dessa vez foi um pouco egocêntrica ao duvidar do poder do jutsu que acabara de ser moldado. O primeiro passo era formar aquela bola de energia, e depois adicionar o elemento em questão, Raiton, e fazê-la crescer o máximo que puder. — Uma tarefa difícil… – indagou, mas não perdia sua confiança.

As mãos de Natsumi imitariam a posição que outrora Kaminari fez. Fecharia os olhos para aumentar sua concentração, queria também sentir seu chakra correndo pelo seu corpo para moldá-lo da melhor forma possível. — Vamos lá… – sussurrou para si mesma, incentivando-a. Todo o chakra que fluía seria direcionado para as palmas de suas mãos, e, com cuidado e gentileza, tentaria criar aquela esfera de energia, assim como o homem do tapa-olho fez, a imagem daquela técnica estava em sua mente. O chakra seria materializado aos poucos no espaço entre as mãos, imaginaria um redemoinho forte, girando ferozmente por onde passasse, colocaria essa cena no seu chakra. O que sairia dali era incerto, abriria seus olhos aos poucos, ansiosa para ver o resultado. Caso desse certo, abriria um sorriso. — Consegui? – perguntaria para ele. — Agora tenho que adicionar chakra elemental. – falou, lembrando do próximo passo.

Com a esfera em seu controle, a observaria para entender como deveria ser adicionado chakra Raiton. Chegava a uma ideia. O chakra de sua afinidade elemental correria por seu fluxo, se misturando com o chakra comum, e então seria moldado dentro da esfera, aos poucos e com cuidado. Os raios surgiriam aos poucos naquela bola de chakra, se assimilando com o chakra comum de antes. A coloração esverdeada do seu chakra se tornaria mais brilhante quanto mais chakra de eletricidade fosse adicionado. O molde do elemento seria numa forma de pequenas lâminas, lembrando uma shuriken. — Será que esse é o ponto ideal? – perguntaria a si mesma. Em seguida, a tarefa era aumentar aquilo que fora criado por ela. — Tenho que pôr mais chakra comum e na mesma proporção mais chakra Raiton. – falou para Kaminari. Com o mesmo cuidado, ela colocava mais e mais chakra naquela esfera de raios, ela cresceria cada vez mais. O sentimento de criar aquilo, parecia ser de lembranças, toda a história de Natsumi passaria por aquele momento, para chegar a um ponto que jamais imaginaria chegar. — Me avise quando chegar no tamanho ideal! – pediria para Kaminari enquanto colocava mais chakra na técnica.

Kaguya Natsumi
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Falhar não era muito recorrente na vida de Natsumi, talvez por ser um prodígio nas artes da luta a fizesse um tanto quanto confiante demais nas suas habilidades, principalmente em batalhas corpo-a-corpo. Se tornava uma garota egocêntrica e focada, talvez isso a fizesse mal quando encontrasse com obstáculos que não pudessem ser superados em pouco tempo, e isto ocorrera enquanto treinava com Kaminari.

O controle de chakra, mesmo para uma pessoa adulta como ela, era difícil de se chegar a um ponto considerado bom. A tokujō ouvia mais palavras do homem do tapa-olho, mais… dicas? Aquilo poderia ser considerado uma dica, mesmo com teor crítico, era o que mulher concluía. — Não é tão simples quanto imaginei que seria. – chegava a um ponto onde duvidava de si mesma, será mesmo que ela era tudo isso que pensava que era? Bem, era algo que ficaria para depois, pois ela não desistiria de forma tão fácil. — Mostrarei a você do que a Ordem é capaz! – apelava para sua ideia maior para se incentivar, e era exatamente isso que deveria ser feito desde o começo, pensar no que acreditava, fazer a Harmonia prevalecer no mundo, e ali com Kaminari, era mais um passo para a kunoichi para chegar ao seu objetivo. Tentava desde o começo, criar aquela esfera de chakra que ainda não sabia o nome, parecia que seu professor ignorou suas perguntas. Esticaria suas mãos, fecharia seus olhos, a imaginação fluiria, seu corpo aquietar-se-ia, o fluxo de chakra seria a única e exclusiva coisa que Natsumi queria sentir. O chakra que corria por seu corpo era como um fogo que queimava, principalmente em sua barriga, queria fazê-lo correr por suas veias até chegar às palmas de suas mãos. A correnteza que leva tudo, o redemoinho que destrói tudo que toca, essas metáforas todas juntas fariam a Kaguya moldar o seu chakra na forma de uma bola de chakra, constantemente girando, as linhas de energia esverdeadas poderiam ser vistas correndo por todo o corpo da criação. O molde não parecia perfeito, claro, nunca será perfeito na segunda tentativa, antes de adicionar sua afinidade elemental, a tokujō trabalharia mais no controle do chakra, moldando da mais perfeita forma aquela primeira parte do jutsu. — Eu sei que sou capaz de fazer isso… Já fiz coisa pior… – seu egocentrismo agia, mas olhando por um ponto de vista diferente, isso a atiçou ainda mais a melhorar.

Quanto não mais havia jeito de melhorar o que havia criado, seria a hora do elemento. Mais acostumada com a reação da técnica à mudança, Natsumi colocaria seu chakra elemental de forma mais ágil. Mudando de como fez a primeira vez, ela moldaria os raios para se parecerem mais como espinhos do que como lâminas, simbolizando algo que perfuraria tudo, como um raio realmente é. — Controlarei isso perfeitamente, Kaminari. – falaria para ele enquanto moldava aquela técnica com seu Raiton.

Kaguya Natsumi
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Sucesso… algo que Natsumi adora ver e sentir, conseguia moldar aquilo com destreza, mas ainda não era o ponto ideal. A feição séria da tokujō enquanto fazia seu treinamento se desfez junto com o sorriso que Kaminari expôs em seu rosto. As convicções e ideias da Kaguya eram algo que não eram tão bem conhecidas pelas outras pessoas pelo mundo, sendo algo mais particular dela, por isso qualquer menção a Ordem soaria como loucura por parte dela, e ela sabia como lidar com aquilo, simplesmente mostrando através do poder como sua devoção era, imponente e incisiva. — Os meus feitos serão amostra do que a Ordem é. – abria um sorriso assim como o homem, continuando com suas palavras de cunho até que religioso.

O sensei fazia o movimento de mãos que era o início do treinamento, fazendo de forma veloz a esfera de chakra. Suas palavras eram ordens ali, e Natsumi as obedecia imediatamente imitando o mesmo feito do homem do tapa-olho, ali já conseguia imitá-lo quase na mesma velocidade na formação da tal técnica. — O que irá propôr agora? – perguntou curiosa, e a resposta viria logo em seguida. O professor da Modo de Chakra de Raios explicou sobre como aquilo tudo funcionava, disse até onde a Kaguya era capaz de ir, mas ainda faltava mais. Ela sabia sobre a exalação de chakra, mas o fato era que o molde dos raios não era no chakra que era exalado e sim em seu corpo. — Então esse era seu segredo, me ensinou o básico do chakra para depois mostrar como de fato funcionasse o Raiton no Yoroi? – concluiu e pedindo uma confirmação de tudo. Tudo ficava claro para ela, sabia o que tinha que fazer para chegar no domínio da técnica. — Raiton no meu sistema nervoso… Potencializar-me com raios… Isso é muito bom. – falou consigo mesma, entusiasmada com que estava aprendendo e com o que poderia criar a partir daquilo. Observava Kaminari transformando aquela esfera de chakra em um manto de raios, ficando mais forte e mais rápido.

A esfera que estava em mãos simplesmente se esvairia, o chakra da criação moldaria-se aos poucos junto do chakra elemental de raio em todo seu corpo, focaria em seus músculos, braços e pernas principalmente. Mesmo com um controle de chakra melhor, injetar aquilo em sua pele a deixaria dolorida, mesmo podendo resistir muito a danos. Parecia infinitas agulhas adentrando em sua musculatura, mas ainda assim sentiria alguma coisa lhe fortalecendo, lhe dando mais velocidade e mais vigor. — Esse é o Raiton Chakura Modo? – perguntaria a Kaminari, com a voz claramente indicando dor. — Preciso controlar… eu preciso! – sua mente queria superar aquilo de qualquer jeito. Tudo que tinha era focado em controlar o chakra de raio por seu corpo, transformando dor em força.

Kaguya Natsumi
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Ela sabia, de alguma forma, que tudo aquilo que passava naquela montanha teria algo em troca. O poder que aprendia, o modo que estava assimilando, seria de grande valor para o futuro. As dores, as pontadas, os choques que seu corpo sentia, aquilo tudo seria recompensado. Seus sonhos, seus objetivos, todos necessitavam de poder, e era isso que estava presenciando ali, com Kaminari.

O seu controle de chakra… em um nível bom parecia estar, já o Raiton no Yoroi, era algo tão dolorido como uma operação sem anestesia. Era uma dor que ela mesma se propunha a dar, si própria agredindo seus músculos com raios, era um estágio da loucura dela? Não, era só mais um passo. Natsumi tinha que superar mais um obstáculo e dar a si mesma dor para conseguir chegar ao ponto correto era mais um aprendizado do que uma forma de se machucar. — Essa dor… – falou ainda com seu corpo sendo machucado como agulhas furando sua pele. A mulher continuava, e parecia que sentia mais e mais dor, que ponto era esse que não sentiria mais dor? Ela começava a duvidar de Kaminari, uma armadilha para lhe matar? A sua recém-desconfiança caía por terra ao ouvir dele mesmo que era esse o caminho. — Preciso morrer para aprender a habilidade, é? – falou para ele com algum ressentimento, mas ainda era um alívio cômico para o momento tenso.

Observava ele fazendo a armadura de raios na maior facilidade, um misto de raiva e inveja surgiam nela, e o resultado dessa mistura era mais força para continuar, queria superá-lo. Os raios em seu corpo somente a machucavam e sumiam, mas tinha que ter mais alguma coisa, havia algo que lhe fizesse dominar a habilidade. Os lampejos tinham que seguir o caminho de seu corpo, os raios que atravessavam sua pele tinham que enrijecer seus músculos, adentrando e ficando ali. A dor era tamanha que fez a tokujō simplesmente parar com a tentativa repentinamente. Tinha que recomeçar. Respirou fundo, concentrou-se, olhou uma última vez para Kaminari, vendo como aquele chakra agia em seu corpo. — Vou conseguir! – exclamou Natsumi para ele.

Ela fechara seus olhos, a escuridão lhe dava calma, conforto e a sensação de escutar o seu chakra falando com ela. Sentia correr a energia dos raios por suas veias. O seu chakra normal misturava-se com o chakra Raiton e era expelido para fora de seu corpo, os parafusos de eletricidade apareciam mais uma vez, querendo entrar na pele dela. Mas dessa vez, os controlava, não deixando sumir quando a machucasse, faria os adentrar por completo em sua pele, querendo transformar a dor em força. Mesmo sendo perita no elemento, aquilo era totalmente novo para a kunoichi, uma nova forma de manipular os raios. — AHHHHHHHH! – o esforço dela em fazer aquilo se transformar no mesmo manto de Kaminari fez a mesma gritar, como uma forma de alívio para a força usada.

Kaguya Natsumi
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O grito de Natsumi tinha muitos significados: o mais óbvio de todos, a força que usada para dominar a habilidade, mas tinha outros. A necessidade de ser poderosa, para ter uma chance de ser mostrar o que a Ordem podia fazer. Os raios invadiam sua pele e se ligavam com seus músculos, a dor era sentida mais uma vez, mas o controle do elemento era bom o suficiente para fazer a tokujō se tornar mais forte. — Vai! VAI! – exclamava para si mesma para continuar fazendo mais força e controle. A armadura ia se moldando por volta de seu corpo, o chakra Raiton tomava coloração esverdeada, característica pessoal da Kaguya. O seu corpo se modificava, com seus braços e pernas ganhando mais um pouco de massa, efeito da introdução dos raios nos músculos. Seu cabelo ficava um pouco para cima, tamanho o poder que ali lhe rodeava, mas, ainda assim, sua franja era mantida. A dor se esvaia aos poucos, a energia elementar naquele momento lhe trazia força e velocidade em vez de machucá-la. Corria por todo seu corpo o chakra, aquilo era… satisfatório. Toda a força usada para dominar a habilidade fez ela se cansar, ficando ofegante por alguns segundos. — Isso… Consegui. – mostrava-se para Kaminari. — Me igualei a você, tapa-olho. – abriu um sorriso confiante. O seu egocentrismo novamente agindo… antes podia ser algo bom, agora ela se mostrava-se totalmente prepotente, não sabia da extensão da força de Kaminari para comparar si mesma a ele.

“Teste as habilidades, vamos!”, disse o homem que lhe ensinou, o sorriso da garota somente aumentou, era hora de testar do que o Raiton no Yoroi era capaz, e, claro, ver como era o poder de Kaminari de verdade. Afastou por dez metros dele, seus olhos eram fixados nele, estralou todo seu corpo e deu alguns pulinhos para se acostumar com o manto de chakra, sentia de verdade que aquilo lhe deixava mais rápida, mais leve era um adjetivo apropriado para o momento. — Não perderei tempo, vou logo de uma vez. – proferiu logo entrando em posição de batalha. Não passou nem dois segundos para a mesma já praticamente voar na direção dele, porém o pouco tempo com a habilidade a fez desengonçada, não conseguindo controlar muito bem sua velocidade passando do ponto e ignorando Kaminari, ficou a três metros de costas para ele quando forçou a parada. — É difícil controlar, mas não é impossível! – pensou, virando todo seu corpo para ele com seu punho direito fechado, dessa vez a velocidade seria bem controlada e o soco havia direção certa, seu rosto. O punho encostaria na sua face, o sorriso na boca já estava feito, queria logo concluir que era tão forte quanto ele, mas ele desapareceu como um raio. — Quê?! – assustada ficou com tamanha velocidade dele ao desviar de um soco, mesmo parado. Olhou para trás e lá estava ele, o tapa-olho era sua marca. — Não estou no seu nível, Kaminari?! – pensou com um pouco de raiva. — Está escondendo muita coisa ainda! – concluiu em sua mente. Mais um desvio e Natsumi ia mais uma vez para ele, era rápida, seu manto verde movia-se junto dela, colorindo a região montanhosa onde estavam. Uma série de socos e chutes foram feitos, Kaminari segurava alguns e desviava de outros, ela nunca chegou perto do nível dele. Surpresa, queria acertá-lo pelo menos uma vez, e, em um dos seus socos, mudou a trajetória dele, acertando sua barriga, finalmente um golpe, mas seria o único no momento. Ele segurou o braço que lhe acertava e com uma força tremenda jogava a tokujō para longe. — Já chega. – proferiu enquanto ela voava, mas a kunoichi conseguia se adequar no meio do ar e pousar com segurança por ser uma perita em taijutsu. — Também acho. – falou para ele.

Tanto o manto dela quanto o dele foram desfeitos e o treino finalizado. — Sinto-me mais forte, Kaminari…-sensei. – falou em tom de agradecimento. — Acredito que tudo aquilo de te escoltar para um treinamento era só uma mentira para que isso acontecesse, né? – queria confirmar com ele. — Tenho que voltar para vila, há coisas que preciso fazer por lá. - explicou-se. — Até outro dia. – acenou duas vezes enquanto virava de costas para ele e seguia caminho abaixo da montanha em direção a Kumogakure.