O mestiço acordara há algum tempo sob a perspectiva de sua própria residência em Kumogakure, sabendo que o dia estava destinado a missão que há dias fora especulada para que realizasse. Se deu ao ato da sua higiene pessoal, vestiu-se e partira em direção para um ponto em especifico, perto do quartel-general da vila para que correspondesse ao chamado dos superiores de Kumo – e desse por fim entrada em sua primeira missão como um Shinobi, depois de eventos que consequentemente culminaram num passado não tão orgulhoso para o Washū. Depois de alguns minutos avançando, Mitsuya adentrou sob o lugar tomado pela seriedade e pelo circunspecto. Tomou-se a frente uma figura bem mais velha, trajada por um sobressaliente manto negro. O encarou com veemência. Não obstante, muito provavelmente era um Chuunin ou similar pela ligeira aparência.


– Washū Mitsuya. -- O condecorou com apenas seu chamado. Entregou-lhe uma cartilha e logo depois partira; não dando margem alguma para diálogo. Depois disso, o menino apenas pôde ler as informações contidas sobre o pedaço de papel. Sua missão era ir até o portão de Kumogakure, encontrar-se com dois homens da qual carregavam uma imensa mercadoria pertencente a aldeia. Ao término do dia o Washū os escoltaria até um vilarejo próximo de Kumo sob uma rota com vários assaltos recentes. Ainda havia um longo tempo para a curta viagem de escolta.

" Um lixo sempre será um lixo "

A voz rouca daquele velho, mais uma vez acordava-me a prantos que forçava o recuo. Não queria dar-lhe o prazer, mas geralmente, quando sonhava com algo daquele tipo, era comum de acontecer-me isto, embora repudiasse a ideia de continuar tão fraco e instável. Por que simplesmente não esquecia do passado que havia deixado para trás depois de tanto custo?

De alguma forma, algo em mim, sabia o quanto precisava superar e, não simplesmente deixa-lo e, embora tivesse ciência quanto a isto, como qualquer outra pessoa, recusar e temer algo do gênero, era inicialmente, o caminho mais plausível e palpável. Mexer no que estava quieto podia desencadear muita coisa ruim e, de forma geral, não queria causar nenhum tipo de comoção naquela vila em específico - dentre tudo que passei e vivi, até então, Kumogakure havia sido a única que deu-me uma mão solidária, a mesma mão que puxou-me para fora de um caminho escuro que caminhava.

Com o impulso bruto que de, visando levantar-me da cama, senti o peso de minha cabeça. Mais uma vez, aquela mesma dor de cabeça de sempre. Suspirei, enquanto simplesmente levava minha mão direita até a testa, tocando-a. Estava levemente quente, mas, de forma geral, sentia-me bem fisicamente e, isto era mais que o suficiente. Bocejei, enquanto dei o primeiro passo para fora daquela cama, indo em direção ao banheiro, para que pudesse realizar toda e qualquer necessidade momentânea, enquanto logo em seguida, prepararia-me.

O dia em questão seria repleto de novidades por um motivo em específico. Faria uma missão, finalmente!

De fato, até então, não possuía quaisquer informações sobre a dito cujo e, não esperava muito, ainda mais pelo nível atual de minha graduação a partir daquela vila. Genin, pelo que pude perceber, seriam responsáveis por missões de ranqueamento mais simples e, geralmente, nem ao menos inimigos possuíam, mas de qualquer jeito, seria suficientemente para tirar um pouco daquela curiosidade geral que possuía desde então. Tratei de equipar-me de acordo, com uma pequena bolsa-ninja amarrada ao quadril e, a bandana exposta a partir do braço esquerdo, amarrado firmemente, para que não acabasse por ser perdida.

Logo em seguida, tratei de me apressar, caminhando em direção ao quartel daquele vilarejo. Ao menos pelo que sabia, seria lá que sua missão seria definida. A cada passo que dava, aquela mesma sensação estranha o dominava. Não era dor, na verdade, muito pelo contrário - um tanto quanto indescritível, de imediato, ainda mais para alguém não tão acostumado a tal, mas seria semelhante à um enjoo controlado e, pouco significativo. Algo como se pequenos animais se revirassem dentre seu estômago, assim como, os batimentos cardíacos um pouco mais agitados. Em contra partida, a dor parecia acompanhar cada respiração.

Com a minha chegada ao local citado, tratei de ser o mais direto possível, embora não teria conhecimento do responsável por tal. Seria alguém superior, de fato, mas como o deveria conhecer?

De toda forma, pouco após de dar alguns passos por ali, um homem, certamente mais velho e de vestes pouco chamativas, acabara por citar meu nome. Estranhei, mas fui até ele. De imediato, apenas respondi com um aceno. Com sua mão, direita, este tratou de oferecer-me o que parecia uma carta, e como primeiro movimento, tratei de ler o conteúdo descrito neste. Informações a partir dali seriam descritas quanto a missão em questão, que faria. Considerando a tudo, ainda tinha tempo até a chegada no ponto de encontro com o cliente e contratante e, sem mais delongas, despedi-me do sujeito, saindo do local.

Devido a, algum tempo atrás, ter estudado de maneira geral sobre a geografia dentro e fora do vilarejo, seria fácil a minha chegada até o ponto de encontro. Sem mais delongas, tratei de me apressar e, ir até o portão principal de Kumogakure. Tinha o objetivo sair da vila o quanto antes e ser mais do que pontual. Se conseguisse chegar antes do período previsto - o anoitecer - poderia, talvez, treinar ou fazer qualquer outro tipo de coisa.

Bolsa:

Desvantagem:

A carta correspondia ao que o genin expectara de início. Uma simples missão acometida de uma escolta. Havia-se apenas um conjunto de informações palpáveis para que houvesse o necessário para o Shinobi novato, nada descritivo o bastante para elucidar-se por completo o intento da escolta.


Era uma carta informativa o bastante para dá-lo um horizonte, embora não explicitasse quaisquer detalhes específicos sobre a mercadoria e dava ainda a atribuição final de construir um relato sobre a comunidade. O Gennin se apressou para que se encaminhasse sob o portão do vilarejo e contudo, mesmo o sol ainda sendo vindouro sobre as camadas das casas em Kumogakure, aos poucos percorreu as ruas da aldeia com o nítido cheiro da carne humana sendo transmitido ás suas narinas. Embora tivessem uma alimentação totalmente distinta da maioria das pessoas, ainda assim sentiam o desejo nutritivo pela carne humana. E a passagem de Mitsuya sob o centro da vila somente fortaleceu a sensação do seu olfato de cobiça.

Demorou ao menos meia-hora para que chegasse ao portão de Kumo, por conta da distância entre o quartel e a entrada. No entanto, quando acessou aquele ponto, teve uma ligeira surpresa. Dois homens estavam sob os portões do vilarejo, trajados com roupas simples que não os diferenciavam dos habitantes comuns. Ostentavam no entanto ao lado deles um imenso baú com vasta similaridade ao que fora descrito pela carta. Um dos homens era grandiosamente encorpado; o outro mantinha-se numa robustez mais singela. Estavam conversando com um Shinobi da vila ao pé do portão, dono de um colete categoricamente amarelado.

Depois de tanto tempo andando, aquele cheiro começava a tirar o meu pior.

Obviamente, não era como os outros da minha família - não desejava a guerra e, certamente, não esperava voltar ao meu lar, lugar de origem. Sem dúvidas, a única coisa que esperava de tudo aquilo, era a paz, mas, meu próprio Kekkei Genkai era extremamente contraditório. Geralmente, depois de algum tempo sem comida, ficávamos agressivos, beirando a loucura; uma fome incontrolável era sobreposta a qualquer pensamento coeso, sendo esta, a principal razão de ataques em massa. Na verdade, ficar próximo de humanos comuns era a pior forma de tentar controlar aquilo, então, decidi apenas me esvair daquelas ideias inicias de aproximação com o contratante.

Fugi. Sabia que ainda tinha tempo de sobra - o começo do entardecer ainda demoraria cerca de 6 horas, ou mais, consequentemente, poderia tentar fazer alguma coisa para que pudesse me controlar, controlar aquela vontade. Suspirava forte, enquanto com a mão direita, apertava meu nariz. " Eu não sou como vocês " Pensei, remetendo-me ao passado. Sempre falava aquele tipo de coisa para meu avô e, de fato, queria acreditar na veracidade daquilo. Não iria desistir tão facilmente e, simplesmente, ser envolto em sombras.

Inicialmente, o plano era simples. Chegar em algum lugar, longe o suficiente a ponto de não conseguir mais sentir aquele cheiro. Arborizado, certamente e, talvez, com algum tipo de lago, para que pudesse lavar o rosto mais uma vez. Apenas queria que aquela sensação de fome insaciável sumisse.

" Eu tenho que fazer alguma coisa. O que? Talvez " Aproveitaria, também, para tentar manter minha cabeça ocupada. " Um treinamento? " Pensou, enquanto olhava ao meu redor. O que poderia usar por ali, para treinar? E, mais importante, o que seria útil à mim? De forma geral, caso tivesse sucesso, apenas teriam arvores por perto. " Meu corpo, talvez? " Sem mais delongas, acabei por decidir-me depois de algum tempo pensativo. De modo geral, meu corpo era forte, ao menos para alguém tão sedentário. Talvez por conta de tudo que acabei passando? Ou simplesmente uma característica própria, não que importasse.

Sabia que, a melhor forma de fazê-lo era, talvez, com algum exercício. Decidi realiza-los, começando por um aquecimento simples, e comum. Dez ou vinte minutos depois, retirando minha camisa, dei continuidade, agora com flexões - com os braços um pouco mais abertos -, tendo o objetivo do treinamento, meu peitoral. Era engraçado ver, que mesmo depois de mal fazer aquilo, e por muito tempo, ainda conseguia com grande facilidade. Com troca de exercícios básicos, continuei por mais algum tempo.

Bolsa:

Desvantagem:

Importante:

Tal como se aproximara, o Gennin simplesmente se evadiu do lugar com rapidez quando se vira na posição de sentir tamanhos volumes de cheiro sendo remetidos a si. O teor da fragrância humana era um chamativo constante para si ao passo que o mesmo precisara se afastar. Era curioso e instigante no entanto o quão o Washū tentaria se privar de um instinto natural da sua própria família naquele ato. O menino se afastou suficientemente para que se distanciasse do centro do vilarejo e da grande maioria da presença de cheiros – contidos em pessoas. Se afastara gradualmente do mundo ao seu redor para tal sacrifício.

Demorou-se algum tempo para que atingisse o lugar da onde planejara; mas após cerca de uma hora de caminhada, alcançou o apogeu de uma intensa floresta nos arredores de Kumogakure. O clima do vilarejo era quente o suficiente apesar de conter-se sob a proteção natural da elevação ao redor da aldeia. Haviam-se poucos lagos e lugares para refresco por conta da temperatura, mas Mitsuya tivera a sorte de deparar-se com uma fonte d’água frente uma das montanhas. A perturbação sonora do centro do vilarejo e o odor presente na carne humana não eram mais presentes nesse cenário. Começara a fazer exercícios físicos sob o epicentro da área florestal, não muito expansiva. Formulou-se entre flexões e um aquecimento corporal. Passara horas e horas centrando-se naquilo.


O treinamento se intensificou tão logo mais Mitsuya se sentiu confortável sob o lugar para que começasse a expandir seu treino. O Gennin se adequou sob o ambiente e aos poucos começara a acrescentar ainda mais vigor dentro do seu próprio exercício. O sol perdera a pujança que obtinha-se desde cedo. Já estavam dentro do entardecer, com a perspectiva da noite bem próxima a realidade. Mitsuya estava com o fôlego um pouco descalibrado a essa altura. Estava disperso em pensamentos, concentrado em sua própria demonstração de força física quando a mesma sensação se tornou rotineira em sua mente. O esforço físico da qual fizera ali aos poucos endereçou a si mesmo as lembranças das agressões sofridas ao longo da vida. E das dores do seu próprio passado.

" Okaasan, me ajude... Okaasan "

Quando criança, a coisa que eu mais temia, era o escuro. Em suma, quando estava plenamente sozinho. Ocorria que, como resposta ao medo, gritava ajudava, em prantos. Mamãe sempre vinha ajudar-me, abraçando e ficando tempo o suficiente para que pudesse retomar algum pouco de coragem ou simplesmente dormisse. Quando ela se foi, o que eu mais queria era estar plenamente na escuridão daquele quarto - talvez, eu soubesse que era o único momento que estaria seguro, preso na mesma casa que aquele velho, mas ainda sim, em alguns suspiros, suplicava à ela por ajuda, compaixão.

Como um Washu, estava acostumado com a morte. Em específico, ao meu redor. Todos que entrassem a frente de minha família, morriam e, pior, acabavam por ser devorados e, acredite, para alguém como eu, ensinado desde sempre pela pessoa mais importante da minha vida, o quão errado era matar, não estava nem um pouco feliz em simplesmente comer um pedaço de carne ensanguentada. Muitos costumavam dizer " É para seu próprio bem, querido " E " Ele era ruim, pessoas ruins não são merecedores da vida " Mas quem dava-lhes o direito de decidir o quanto uma pessoa necessariamente merecia sua própria vida?

" Seu mesticinho de merda, vai ficar sem comida tempo o suficiente. Daí, aprenderá o que é a fome "

O fim da minha família havia sido extremamente precoce. Um pai morto em guerra e, uma mãe, simplesmente, desaparecida. Costumava pensar, mesmo pequeno, o quão aquele velho, meu avô, parecia culpado quanto aquilo. Alguém que a chamava todo dia de impura e vaca não parecia, de fato, confiável e, certamente, não queria parecer com ele. Por muito tempo, recusava a comida jogada. Sim, literalmente jogada. Até um instante em que ele simplesmente ordenou a seus capachos, não dar-me nenhum pingo de comida. Como tal, três ou quatro dias depois, não havia nada além de fome e, acredite, a fome de um Washu é algo assustador.

Nas piores lembranças que tinha, geralmente, estava com fome e, totalmente a mercê de ordens. Faria qualquer coisa para receber um braço ou uma perna, e por muito tempo, aquele homem aproveitou-se daquilo. " Você quer isto? Por que não se mostra merecedor? " Embora não tivesse controle algum, sabia o quão chorava. Não queria cometer aquelas atrocidades que tanto fizera e, sem dúvidas, ser igual a aqueles monstros, era o pior dos castigos. Afinal, o que havia feito para ter tanta má sorte?

Com a minha fuga, por muito tempo, andei faminto. Comia, de fato, atacando qualquer um que aparecesse a minha frente e, aquilo continuou até que fui encontrado. A salvação, de algum jeito, parecia possível. Mas deveria continuar com as minhas próprias pernas e, superar todas aquelas lembranças e, inclusive, aquela fome. Não seria igual a qualquer outro Washu e, não mataria simplesmente por matar. Uma pessoa deveria provar seu próprio valor e, mostrar aos outros. Bandidos, assassinos e monstros como meu avô e família, seriam exterminados.

" É nisso que eu acredito " Pensava, enquanto continuava aquela caminhada de volta a vila. Estava, de fato, atordoado, mas de qualquer forma, era mais forte do que aquilo, deveria ser.

Bolsa:

Desvantagem:

O Washū administrou suas próprias memórias aos poucos, sentindo as dores mentais da perspectiva de rever seu próprio passado, mais uma vez. Seu passado se refletira comumente cada vez mais forte, de modo que o mesmo não conseguia sequer ater-se a veiculação de suas próprias memórias; as lembranças retornavam quase sempre, em qualquer situação que o mesmo estivesse, seja num simples treinamento ou em qualquer outra atividade. Ás marcas do seu corpo poderiam ter se desaparecido conforme o tempo, mas o seu próprio estigma de ser atormentado pelas visões não se dissipara em nenhum momento. Reunira-se ali, dentro de sua própria mente por todos esses tempos, sempre vindo à tona em momentos inoportunos. O garoto se vira na obrigatoriedade de retornar para o vilarejo o mais rápido possível; em meio a esses pensamentos, percorreu alguns trechos montanhosos em busca de seu retorno para Kumogakure.


Seu regresso denunciou-se aos poucos o entardecer. A despedida do sol no vilarejo se deu por vencimento. Mitsuya se via sob a perspectiva do silêncio da floresta para logo depois adentrar-se sobre uma escurecida vila, ainda com a presença de alguns pontos iluminados. Já estavam dentro do anoitecer. O que no entanto se tornara chamativo aos olhos do Gennin era de que provavelmente ele estava bem atrasado para sua própria missão. Se dirigira para o lugar com calmaria durante toda sua trajetória. Imerso sob a noite, ouvira o estalado dos ventos a surrupiar-se por meio das casas locais. Se aproximara novamente do portão, agora resguardado sob observação árdua de Shinobis, vigiando-se entre turnos os portões da aldeia. Além destes, havia a presença de mais alguns indivíduos no local. Inclusive o trio referido pela carta. O par de homens das quais Mitsuya avistara anteriormente se incluía dentre eles. E um homem com um semblante construído sob desconfiança se visualizou-se dentre eles. Trajara-se como um samurai, moldado sob um manto cobalto e ébano em sua maior parte, com um cinza obsoleto forjado numa segunda indumentária. Olhara para a aproximação de Mitsuya com desalento, notando-o. Os outros dois homens conversavam firmemente com um Shinobi mais velho dentre os vigias, enroupado sobre um colete amarelado. Circulavam-se sob o mesmo baú visualizado anteriormente, circuncidado com bordas de prata e com um ferrolho de centro, forjado num cadeado disparadamente grande. Os homens notaram a presença de Mitsuya ali – mas no entanto a discussão enérgica continuou-se.