Os dias são tão longos, mas as noites tão curtas... Seria esta mais uma das maldições que os humanos haviam de enfrentar? Hipátia, a rainha do gelo encontrava-se novamente entre seus súditos. Já havia terminado de construir seu castelo, e agora todos gritavam seu nome. O que havia de fazer? Como de costume, erguer sua espada aos céus, em direção da lua que cintilava mesmo de dia. Ergueu sua destra, e não encontrou a mesma na diagonal presa em suas costas, como costumava deixar. "Onde está minha espada...?" A questão veio em conjunto de um calafrio que tocou-lhe por toda a pele fina e esbranquiçada, arrepiando cada pelo de seu corpo, tal qual nem o frio era capaz de fazer.

Ela já sabia que estava num sonho. Com este já seria o terceiro no mesmo ano, eles pareciam estar tornando-se mais frequentes. Poderiam estar querendo lhe informar algo. Ela fitou o horizonte, e não viu o restante do vilarejo construído "Algo está estranho, no último sonho lutei contra Glitine para salvar o vilarejo... onde ele está agora?" E ao fitar seu reflexo em um bloco cristalino de gelo, o mesmo que constituía o restante do castelo, viu que sua aparência estava mais nova, como se tivesse aproximadamente quatorze anos.

HP: 1375/1375
CH: 1825/ 1825
ST: 00/07

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A curiosidade pra saber de onde aquela voz vinha era imensa. Saiu daquele local onde todas as vozes gritavam em seu nome, para buscar apenas uma, a qual sua fonte não podia ser vista. O frio no entanto, representava alguma coisa, e conforme o som tornava-se mais potente e mais próximo sua pele esfriava proporcionalmente. Estariam usando suas técnicas contra si mesma? Ou talvez havia encontrado um oponente ainda mais gélido que Hipátia?

Saiu do castelo pelos fundos e a seguiu sobre o imenso solo nevado daquela planície. Atravessou um lago cristalino, subiu em rochas feitas inteiramente de água congelada, vagou por um fiorde, a voz parecia se aproximar cada vez mais. O caminho deu numa casa parcialmente destruída. Se olhasse para a direita via a figura de um monstro congelado, mas parecia que já teria o visto nos seus sonhos, só não sabia dizer exatamente onde ou qual. "Ice golem...?'' Clamou por ele em seus pensamentos, mas o mesmo não a respondia.

Adentrou a casa sorrateiramente, sua metade estava destruída como se algo tivesse caído em cima. Caminhou até um quarto, onde o frio estava tão intenso que quase não se era possível enxergar... A luz refratava-se e ofuscava a visão da garota, mas abraçou-se com seus próprios braços e abriu o baú por onde sentiu que era o local responsável por clamar seu nome, a fonte daquela voz. Com força, puxou a trinca e levantou o topo da caixa marrom que ficava do lado da cama de alguém. Quem seria? Por que aquele local a chamava? E de repente, avistou a figura de uma grande espada azulada cristalina, de brilho impecável. "Minha espada...! Mas o que ela faz aqui?" E sem hesitar, a empunhou.

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O ar gélido se manifestava não somente em seu sonho, mas exalava e lhe tornava fria também ao acordar. Era muito estranho a situação de acordar imersa em gelo. A pequena kunoichi abriu os olhos com dificuldade, e percebeu sua visão fosca, como se houvesse algo em seus olhos... E havia.  

Tentou mover seus finos braços dentro daquele cristal, e logo percebeu que talvez não teria sido ela quem o fez. Mas sendo uma manipuladora do elemento, dispendeu seu chakra para que abrisse um buraco no mesmo de modo que tornasse sua mão livre, para assim, ter a liberdade necessária para retirar todo o resto. Não havia simplesmente nenhuma evidência de alguém que poderia ter feito aquilo com ela, levou cerca de nove segundos para que a garota percebesse que alguém quis lhe dizer algo, no seu sonho. ─ Aisusōdo ...! ─ Indagou pra si, remetendo-se à sua preciosa espada dos sonhos. Seria possível? Questionava-se, enquanto lembrava do sonho, e de tudo que ocorreu. Os sonhos eram frequentes, e a espada estava em todos eles. ─ Ela existe. ─ Agora sentada em sua cama, com uma grande mancha de água nos lençóis, ponderava nas possibilidades.

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CH: 1825/ 1825
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Nunca desconfiou da pequena cicatriz de gelo. Era pequena, na sua mão direita, e as memórias daquele livro que lhe fez foram retomadas ao ver a grande crosta derretendo e convergindo à ela. A Jōnin estava certa do que era pra se fazer [...]

País da neve... era pra onde ela deveria ir, mais especificamente para uma casa que ficava numa região periférica do mesmo, um pouco abandonada. Ela não sabia as exatas direções, mas sabia que se fosse lá seus sonhos lhe guiariam, a memória visual faria um paralelo com o que ela veria no instante em que estivesse lá, tornando possível a dedução do caminho.

Pegou suas coisas mais importantes, vestiu-se adequadamente para o inverno e foi para o destino o qual lhe permitiria encontrar a sua espada lendária, a mesma de seus sonhos, que usou para derrotar inúmeros inimigos e defender o grande castelo gélido. Tornaria ela pra si, como lhe foi informado nos sonhos, talvez baseados em escritos lidos quando se tinha uma idade ainda menor.

Ainda na mesma noite deixou o vilarejo, determinada que a encontraria e disposta a enfrentar as mais variadas adversidades. Olhou novamente para sua cicatriz, e teve sua certeza. Vestiu seu casaco e saiu do vilarejo, se tudo ocorresse bem, em alguns dias chegaria no País da Neve, onde seu clã havia uma história demarcada.

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CH: 1825/ 1825
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Atravessar dois Países poderia ser algo cansativo mesmo pra um ninja. Mas não importava, seu dever de encontrar a espada lendária ia além de simples vontades de ter o objeto, talvez o destino lhe estava encaminhando a tal conquista. E não parava por ai. As terras que a garota ia visitar poderiam ter vestígios de antepassados seus, outros membros do clã Yuki que poderiam revelar informações as quais ela nunca saberia se não fosse para lá.

A saída do País do Fogo se deu após atravessar inúmeras florestas, correu e saltou entre os galhos para chegar na fronteira mais rápido, mas não a ponto de cansar-se. Talvez este seria o mais simples dos desafios, era o local por onde morava, então sentia-se familiarizada com o País do Fogo. Do Som, por sua vez, abrigava planícies e algumas cadeias montanhosas, as quais decerto Hipátia procurou contorna-las ou achar alguma caverna que interligava-se com o lado oposto das mesmas, o que nem sempre deu tão certo e acabou tendo que escalar.

Ser guiada pelos sonhos era algo realmente louco, mas tudo até então fazia sentido, e comprovava-se com a realidade. Atravessou um imenso rio até chegar no País mais afastado dos continentes, o País da Neve. O frio já era iminente, então a garota enrolou-se em suas vestes trazidas mesmo que seja uma usuária natural do elemento que causa a frieza excessiva. Apenas por uma forma de controle térmico. E após algumas horas caminhando pelas terras congeladas, sentiu-se tão dentro de seus sonhos que pensou em agir de mesmo modo: criar um castelo, súditos, um vilarejo e tornar-se a rainha do gelo.

Sabia que não seria tão fácil assim. Seu destino talvez já estaria traçado, deu uma risada de canto de boca e prosseguiu pelo caminho quase igual ao de seus sonhos. E algumas horas após atravessar um lago gélido, subir algumas rochas, e atravessar um fiorde, sentia-se inexplicavelmente vislumbrada. Era tudo tão parecido, como se realmente estivesse lá. Fez questão de tocar cada um dos solos em que esteve, apenas para certificar-se de que aquilo era real. Até que se deu conta de que havia desviado o caminho de seu próprio castelo. Por que teria feito isto? Hipátia contornou-o e seguiu a direção até a casa, responsável por abrigar a lendária espada.

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Não tardou para que a garota fosse notada. Talvez estava sendo demasiadamente otimista em imaginar que não houvessem seguranças, mas se o destino estivesse mesmo representando algo a ela, bastaria mostrar para os guardas sua identidade. Uma Yuki... Manipuladora de todo aquele elemento que constituía as longas planícies nevadas, e que dava nome ao vilarejo em questão, Yukigakure.

Ao notar a aproximação, as ponderações lhe trouxeram as respostas sobre o que deveria fazer. Subjugá-los perante seu imenso poder, mas a forma ameaçadora seria unicamente para mostrar sua identidade como uma Yuki. Se aquilo funcionasse, eles confiariam nela. ─ Eu não pretendo lutar contra vocês... eu faço parte do clã famoso por estas terras, Yuki ─ E ao término de sua fala, ergueu sua destra apontando-a para cima, e conjurou um imenso dragão negro de gelo que voou em direção aos céus, rugindo e demonstrando seu grande poder. Ele subiria, daria meia volta e explodiria-se convergindo com o chão a metros atrás de Hipátia, ainda mais longe dos guardas. ─ Percebem? Eu não vim aqui para atacá-los, apenas gostaria de encontrar a lendária espada... Eu sei que ela fica em uma casa que foi parcialmente destruída, vocês sabem algo sobre isso?

HP: 1375/1375
CH: 1625/ 1825
ST: 01/07

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Agradeceu demonstrando todas as suas formalidades, mesmo que soubesse que não era a rainha do gelo e tudo isso não passou de uma mera fantasia de infância. Era tudo bem mágico, caso não soubesse o que ocorreu de fato, e isso era o que tornava belo. A garota seguiu os guardas, e imediatamente aproximou-se da casa em passos lentos, o que fez notar um latejamento na sua cicatriz perto do punho. Fitou-a de perto, e pôde notar um brilho azul-cristalino, tal como o que podia ser visto no interior da casa, denotando um chakra não ameaçador, mas estupefato e incrível. Ela estava realmente perto de seu objetivo.

Abriu a porta da frente da casa, como no seu sonho, avançou vagarosamente pelo corredor trocando olhares com cada detalhe do local, procurando especificamente pelo quarto especial. E ele era exatamente a fonte do brilho intenso que assimilava-se com o da sua cicatriz. Abriu a porta do quarto, e se aproximou do baú, abrindo-o e percebendo a real fonte da luminosidade. Seus pelos arrepiaram-se, seu corpo reagiu instantaneamente ao vê-la. Estava feliz, e sem o menor receio a pegou, levantando sua lâmina para os céus - no caso o teto daquela casa - e aquilo a fez liberar um imenso chakra que transformou a casa inteira num cubo de gelo.

Era perceptível que aquele gelo era exatamente igual o que havia em seu corpo quando acordou, dias atrás após o sonho. Ela estava imóvel, tudo tinha se solidificado e tornado um frio intenso. Sua cicatriz não parava de brilhar, decerto o chakra que estava armazenado na mesma reagia com o chakra daquela espada, e a garota tentou absorver aquele imenso gelo que envolvia a casa na lâmina da longa espada, a qual o nome já lhe era reconhecido. Com muito esforço, o fazia lentamente, e a camada de gelo ia se reduzindo a cada segundo que passava. Precisou concentrar-se em fundir seu chakra com o da espada, por sorte sua cicatriz auxiliou no processo de alguma forma, talvez seu corpo já estivesse em contato com aquele chakra por bastante tempo, e isso permitiu com que a fusão fosse feita.

Agora empunhava a espada um pouco cansada. Tendo a controlado, agora ela seria a dona da mesma, oficialmente. Estava feliz, como lido naquele livro antigo e incorporado em seus sonhos infantis, as habilidades que aquela lâmina possuía eram extravagantes, e em combate seriam realmente úteis. A guardou numa bainha, transversalmente à seu corpo, nas costas. Bastaria retornar por onde veio, seguindo o mesmo caminho porém ao contrário, sem parar para nada além de realizar suas necessidades básicas. Konoha lhe esperaria, e voltaria desta jornada ainda mais poderosa.

HP: 1375/1375
CH: 1625/ 1825
ST: 01/07

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