Com suas peculiaridades e interessante desempenho, Shizue era convocada para investigar e dar cabo de uma tarefa que decerto era extremamente importante. Mulheres inocentes corriam riscos, e a ninja devia fazer seu trabalho minuciosamente.

O mensageiro chegava com um pergaminho, que continha as seguintes informações:

Sequestros Suspeitos
Descrição: As mulheres da nossa vila estão sendo raptadas por um homem estranho. No depoimento de uma das sequestradas, ela disse que nada aconteceu, que o homem só ficava com uma pose estranha. Temos suspeitas que seja “Koru”. Ache ele e de um fim nesses sequestros estranhos.

Considerações:

(C) Ross

A alvorada sempre a pegava desprevenida, esgueirando-se sorrateira através da madrugada. Os raios de luz inundaram o interior do cômodo, clareando o breu. Despertou, lentamente adquirindo consciência; realizando todos os rituais que seguiam seu despertar, espreguiçando, bocejando e esfregando os olhos. Lançou o olhar para a janela, seu campo de visão espremido pelas cortinas. Lá fora, estava tão claro como dentro, mas não enxergava o enorme astro em seu ponto mais alto no céu. Ainda longe do meio dia. Levantou-se, sentindo a cabeça pesada, ainda entorpecida de sono. Caminhou ao redor da cama, despindo-se enquanto andava, já se voltando a procurar as peças que usaria em seguida. Reteve-se. Passou a mão sobre a testa, apalpou partes do tronco e das costas; estava úmida de suor. Um banho faria o necessário. Rumou pelo corredor, ainda nua — não se importava com o pudor, naquela casa morava só —, em direção ao banheiro. Abriu o chuveiro e atirou-se debaixo do jato contínuo de água. Após breves minutos, terminou. Vestiu-se e desceu a escadaria, seus passos ligeiros mal faziam os pés tocarem por inteiros os degraus.
Batidas na porta.
Avançou sem hesitar, já imaginando do que se tratava o chamado. Girou a maçaneta e puxou a grande placa de madeira contra seu corpo, inclinando apenas sua cabeça em direção ao surgimento indesejado. Rapidamente, lançou-lhe um olhar dos pés até a cabeça e, num movimento ágil, retirou a carta de sua mão. Irei pegar essa, disse, fechando a porta antes de uma resposta do sujeito.
Refestelou-se sobre uma poltrona, na posição mais confortável permitida, enquanto rasgava o selo e preparava-se para ler a carta; uma missão, é claro, já sequer se desapontava quando isto acontecia, quem enviaria cartas para ela senão a própria vila? Papai, talvez. Não, afastou esse pensamento estúpido. Ergueu-se do conforto e se aprontou a sair, pegando sua lança e amarrando uma pequena bolsa ao redor de sua coxa direita.
Iniciou seu caminho pelas vias pedregosas e irregulares da vila, respirando um pouco de ar fresco cada vez que passava sobre as sombras projetadas por prédios pontiagudos, construções características de Iwagakure. Inalar a fresquidão se tornava ainda mais raro que o usual no verão, um dos motivos para odiar os climas quentes dali.
A breve caminhada levou-a a seu destino, o quartel general do vilarejo. Perscrutou o interior, na busca de algum oficial, alguém responsável pelas missões. Achou. Prendeu a lança transversalmente às costas, aproximando-se do homem. Não havia nenhuma dúvida em particular, achava que falar com vítimas anteriores poderia ser mais passível ao fracasso que ao sucesso. Pensou nos locais de sequestro, conecta-los daria a ela noção necessária da área de ação do sequestrador, mas teria de fazer tudo manualmente e, pior, sozinha. Não fora designado ninguém para acompanha-la e se foi, esqueceram de mencionar isto no informe da missão. Pensou e pensou, tentando achar a ponta solta que seria seu ponto de partida; para o Jounin diante dela, seria uma cena cômica, uma garota inerte em sua frente, por longos minutos.
Oh. Lembrou-se de algo na descrição da tarefa. Retirou o papel do bolso e o desdobrou, relendo uma vez mais. "No depoimento de uma das sequestradas, ela disse que nada aconteceu, que o homem só ficava com uma pose estranha." Ela o vira, então. Suspirou longamente, não haveria outro jeito; teria de falar com as vítimas. Fitou o jounin, finalmente.
Vou precisar falar com as vítimas. Embora pretendesse soar neutra e serena para aquela situação em especial, sua frase se fizera num tom quase autoritário. Percebeu isso, mas simplesmente preferiu que fosse assim mesmo; seu orgulho não permitiria desculpar-se, não achava ser necessário, também.

Shizue: Hp: 300; Ck: 525; Sta: 0/4; Depressão: 0/6.

Considerações:

Arsenal:

O Jonin analisava a garota, prontamente disposto a aferir seu pedido. Foi informado à garota que tinham sido identificadas apenas três vítimas e, das três, apenas uma fora encontrada e tinha vontade de depor novamente; as outras, segundo o mensageiro enviado, foram embora temporariamente de Iwa para superar o trauma ou negaram o chamado.

Enquanto a garota não chegava, Shizue pôde ler os relatórios gerais, que apontavam que os sequestros ocorriam sempre no mesmo quadrante, num setor residencial de Iwa, nunca além de um raio de especificamente um quilometro daquela determinada área. Não obstante, durante a breve investigação, nada foi encontrado no local, mas a força militar parecia não ter ido afundo no caso, deixando as descrições das rondas bem superficiais.

Logo a vítima se apresentava. Ela tinha sido a última dos três casos, sendo então a mais recente a ser liberta. Era jovem, cabelos cor de rosa e olhos bem claros, praticamente da mesma cor. Parecia deslocada em meio à Força Militar de Iwa, mas tinha uma aparência saudável.

Foram direcionados a uma sala restrita, onde ela e Shizue poderiam conversar a sós. Cumprimentou a ninja que a convocara e aguardou suas perguntas.

Considerações:

(C) Ross

Por infortúnio, descobriu que teria de se contentar com uma única vítima para lhe prover informações. As demais haviam se tornado inacessíveis; apenas guardou aquilo em sua mente, era de fácil compreensão ter as vítimas evadindo de um cenário que somente reavivaria as memórias a respeito do incidente, por outro lado, não deixou de se engar, poderia ser algo. De todo modo, não havia, ao menos por enquanto, nada que pudesse fazer quanto as outras duas que estavam além de seu alcance. Esperaria pela chegada da única que se fez disponível.
Folheou as páginas que continham tudo que se sabia sobre os sequestros, esbarrando em informações úteis que pensara ter de ir atrás ela mesma. A área de ação. Sua boca se curvou ligeiramente num sorriso ante àquelas palavras, era exatamente o que precisava saber. Leu atentamente, relendo onde não fixara tudo da primeira vez. Um quilômetro era a área exata abrangida por sua técnica ocular e perceber isso acendeu uma chama dentro dela, tinha os meios necessários para encaixar cada peça daquele quebra cabeça macabro. Além do mais, — mesmo que não gostasse de admitir — uma atividade tão estimulante lhe agradava. Era como estar no campo de batalha, manuseando a lança através de seus inimigos. Desfez-se da agitação, antes que perdesse o foco. Continuou a leitura, desta vez seu olhar atingido em cheio o que já esperava; negligência. Não havia outra referência a respeito do local de ação exceto pela que a garota já havia descoberto; não sabia a frequência com que civis transitavam por lá, não sabia se havia comércios ao redor, nem mesmo informações sobre o grupo policial responsável estavam presentes no relatório. Quase enfureceu-se. O sorriso desmanchou-se numa expressão de desprezo, aquilo era o que mais odiava, pois a negligência era também uma forma de fraqueza. Inspirou o ar seco de Iwagakure, inundando seus pulmões; acalmou-se. Já se acostumara a não poder confiar em outros para fazer o que ela própria era capaz. Por isso que a missão veio à mim.

Foi lançada pra fora de seus pensamentos com o som de passos adentrando o quartel general, desviando sua atenção dos papeis e erguendo a cabeça em direção à entrada. Cabelos róseos, olhos cristalinos. Uma aparência fora do usual, embora não tão única quanto Shizue esperava que fosse; afinal, a imagem física poderia também servir como razão dos sequestros.
O jounin indicou uma porta ao fundo e a vítima tomou a dianteira. Shizue seguiu logo atrás.
Fechou a porta atrás de si, sentou-se e recebeu um aceno de cabeça; um cumprimento, compreendeu.
Desprendeu as amarras que prendiam seu sobretudo em dois pontos, pendurando-o em sua própria cadeira. Ergueu ambas as mangas de sua camisa, limpou o suor da testa. O calor se concentrava com facilidade na sala fechada, mas era um pequeno sacrifício apenas.
Acredito que a melhor coisa aqui é que eu seja direta. Vou apenas perguntar o que preciso saber e você vai embora, não me agrada que tenha de lembrar do acontecimento. Limpou o suor da testa, dirigindo um último olhar à vítima antes de formular suas perguntas.
Irei fazer as perguntas ordenadamente, mas não precisa responde-las na ordem. Começarei, então: Qual seu nome e idade? Trabalha? Com que frequência ia até a área em que foi raptada? Algum acontecimento incomum se deu antes de sua captura, alguém seguindo você ou rondando sua casa? Por quanto tempo presume ter sido mantida? Acha que existe algum motivo em especial para o sequestro ou foi um acaso? Conversou ou viu diretamente o sequestrador, notou algo de peculiar em sua fala, no jeito de andar ou qualquer coisa do tipo? Como foi libertada? Conhece as outras vítimas? Algo estranho aconteceu após estar em liberdade, um telefonema, carta ou coisa do tipo? Parou um instante, checando se havia esquecido de algo. Demais perguntas poderiam ser feitas a partir das respostas dadas, aquilo parecia ser o suficiente.
Fui dura demais? Hesitou. Não, censurou-se. Ela concordara em dar seu depoimento.
Shizue tinha a fruta em suas mãos, bastava espremer o sumo que se transformaria nas peças necessárias ao quebra cabeça. Recostou em sua cadeira, com os olhos postados sobre a outra.

Shizue: Hp: 300; Ck: 525; Sta: 0/4; Depressão: 1/6.

Considerações:

Arsenal:

A garota, mesmo aparentando ser simples, não se intimidou com a postura de Shizue. Respondia cada uma das questões com a mesma objetividade a qual lhe eram feitas, pausadamente, pensando em suas palavras.

- Sou Yuzu Makoto, apenas estudo. Vou explicar o que houve... – Ela suspirou, como se já tivesse feito isso anteriormente, mas, de forma paciente, faria mais uma vez. - Frequento a área todos os dias, é onde tenho lições de artesanato, línguas, essas coisas. Fui pega durante a saída, era noite... E só me lembro de tudo ficar escuro. Depois disso, acordei amarrada numa sala escura, iluminada apenas por velas, e esse homem apareceu. Nunca consegui vê-lo de verdade. Ele sempre usava um capuz grande, negro. Nunca falava nada e eu só implorava para ir embora. Quando ele entrava na sala tudo o que fazia era colocar uma mão na cintura, levantar a outra para cima, apontando o indicador para o teto, dobrava um joelho e só. Ficava assim por horas. – Ela levantou-se e demonstrou a posição que o homem ficava. - Depois do segundo dia, senti a mesma sensação de escuridão repentina e tudo apagou. Acordei na frente de onde fui sequestrada, no mesmo horário, dois dias depois do sequestro. E só isso. Nada mais aconteceu, nunca suspeitei de ninguém. Os médicos disseram que meu corpo está intacto. Supus ser um homem por não ter volume de seios. Tipo, nenhum volume.

Terminando de explicar todo o ocorrido, era a ver de Shizue decidir o que fazer com as informações obtidas. Podia tentar extrair mais dados, tentar ir mais afundo em toda aquela maluquice. Tinha os métodos a seu dispor.

Considerações:

(C) Ross

Ouvira atentamente tudo que a vítima tinha para lhe dizer, mesmo sem grandes expectativas de receber uma informação apontando diretamente para a conclusão do caso.
Ao fim, percebeu que teria novas perguntas para fazer e, desta vez, tendo visto como não se abalara respondendo os questionamentos que remontavam ao incidente, não reteve-se.
Você disse que que implorou pra ir embora. Você gritou? O som fez ecos ou então simplesmente sumiu depois de um tempo? E quanto a ser um homem, bem, parece presunçosa a sua afirmação. Mulheres também podem não ter volume de seios.
Prestes a recostar-se novamente lembrou-se de uma última pergunta.
Já ia me esquecendo: Alguma chance de você ter inventado tudo isso ou ser a sequestradora?

Shizue: Hp: 300; Ck: 525; Sta: 0/4; Depressão: 2/6.

Considerações:

Arsenal:

- Nunca gritei... - Dizia a garota. - Apenas chorei e implorei para ser solta, que nunca tinha feito nada de errado... E não sei. Parecia um homem, tinha a presença de um homem.

Consternada com a acusação, tornou-se rubra. Mas, diante à situação, compreendeu que tudo deveria ser considerado.

- Eu fui sequestrada. Tenho certeza disso. Sou a vítima.

Considerações:

(C) Ross

Ainda que fosse dona do que gostava de chamar de mente brilhante, não possuía conhecimento avançado algum sobre a psicologia humana e sendo assim só podia confiar em seus instintos para tomar como verdades ou não as palavras contidas naquele depoimento. A fala fora firme, nem mesmo o esperado abalo causado por reviver o sequestro havia se manifestado. Verdade, então. Teria de se contentar com aquilo, era tudo que tinha.
Você pode ir agora, disse, levantando-se da cadeira e saindo para porta.
Restava somente um único caminho a se tomar e aquilo não agradava nem um pouco Shizue, que esperava ter sido capaz de concluir a missão através das respostas dadas pela vítima. Mas não fora o suficiente. Apressada, irrompeu pelo salão do quartel general, atravessando a porta aberta e fazendo seu caminho até a área em que o crime ocorrera. Ir até lá, porém, seria ineficaz sem a abordagem correta; embora ela já tivesse pensado em uma. A falta de pistas lhe deixara sem opções apontando para lugares específicos, forçando-a a recorrer a um palpite.
Maníacos geralmente possuem uma afeição em algo específico, o que a fez lembrar dos cabelos cor de rosa; não custava tentar. Através da técnica aprendida na academia, alterou a cor de seus cabelos, roseando o negro. Avistou um banco e sentou-se, esperando que estar naquele exato local se fazendo do tipo que imaginava chamar atenção do sequestrador fosse o suficiente para colocar um fim ao caso. Esperou.

Shizue: Hp: 300; Ck: 525; Sta: 0/4; Depressão: 3/6.

Considerações:

Arsenal:

Numa estratégia deliberadamente comum, porém, por descaso, não tentada pela investigação anterior à de Shizue, a gennin se mostrava dedicada em encontrar o sequestrador.

Postando-se na área dos casos, aguardava. A movimentação do bairro era razoável. Vendedores passavam às vezes, mas os civis passeavam de volta para suas casas em maioria. Atenta a tudo, Shizue notou uma pena descer dos céus, e então outra, e outra. De repente, várias penas brancas planavam ao redor da garota, caindo. A tarde avançava, o sono vinha. Ela queria bocejar, dormir, suas pálpebras pesavam...

Considerações:

(C) Ross

Não chamaria aquilo de uma atitude desesperada, não, longe disto; as vezes, até mesmo os que são mais orgulhosos devem ser capazes de admitir uma derrota, preparando-se para o próximo confronto ao invés de lamentarem-se ou procurar um culpado. Não havia maneira de solucionar a missão sem fazer o trabalho sujo e somente uma garota cheia de si fora capaz de observar isto.
Seu palpite de sorte havia levado seu frágil corpo a ser disposto como isca, sentada num banco de praça, com os cabelos rosados balançando ao vento.
Esperou por algum tempo, observando os pedestres que atravessavam seu campo de visão com destinos variados, sem nunca perder a concentração em seu verdadeiro objetivo. Mesmo sabendo que um conflito era inevitável, estava em paz; saber o que se aproximava deixava-a num estado misto de calmaria e ansiedade, a incerteza do resultado e o calor de uma luta eram seus combustíveis.
Uma pena esbranquiçada caiu sobre seu ombro, captada com o canto do olho. Um frio subiu por sua espinha. Tentou pega-la, mas percebeu ser imaterial. Outras seguiram, caindo e caindo; acometeu-lhe uma vontade esmagadora de fechar os olhos, quase irresistível. Manter-se acordada tornara-se uma luta, doloroso. Só me lembro de tudo escuro. Lembrou imediatamente do depoimento, fazendo a conexão necessária; era uma técnica. As penas intangíveis encaixaram-se também em seu quebra cabeça.
Poderia ser um ninjutsu, mas os efeitos apontavam diretamente para uma técnica ilusória; a técnica de uma covarde. Precisava lembrar-se de como anular aquilo, sabia ser algo fácil, algo que aprendera ainda na academia. No fim de sua consciência, ainda antes de cair em sono, foi capaz de reverter o fluxo de seu chakra, desfazendo o controle imposto sobre ela.
Ergueu-se, devolvido o total funcionamento de seu corpo, com os olhos em busca do conjurador, enviando sua mente até a descrição feita pela vítima. Um capuz negro era tudo que tinha, mas não teve dificuldade alguma em acha-lo. Ao ver que fora identificado, colocou-se em movimento, correndo na direção oposta à de Shizue. Covarde. Mesmo sendo lenta, não era um empecilho, pretendia poupar suas forças. Deixou que seu alvo corresse, enquanto acompanhava-o em passo serenos, a distância entre ambos crescendo gradativamente. Até que alcançou o que a garota julgou serem vinte metros. Numa fração de segundo, moldou e lançou uma lança projetada com seu chakra elétrico, alojando-a na panturrilha de sua presa.
Sentiu-se enojada por seus superiores deixarem algo tão simples se arrastar por tanto tempo, enquanto um covarde fazia suas vítimas. Seu fim havia chegado, porém. Não, não eram eles os culpados. Que tipo de pessoa é tão insuficiente para se deixar ser capturada por esta criatura? Civis. Mulheres incapazes, indefesas. Tudo que Shizue jamais desejara ser. Sem estas pessoas, não haveriam tarefas tão simplórias para desviam ninjas e kunoichis de seus verdadeiros deveres.
Arrastou o sequestrador de volta até o quartel general, encontrando pouca resistência enquanto levava-o. Deixou-o logo após a entrada, sobre o assoalho de madeira. Coletou sua recompensa e partiu para casa. Fora um dia longo.

Shizue: Hp: 300; Ck: 575; Sta: 0/4; Depressão: 4/6.

Considerações:

Arsenal: