Sentada no cume de uma montanha, Yuka desenhava com sua mente a imagem esplendorosa do dragão de seus sonhos, Vhagar, nas nuvens. A imagem do dragão se tornava mais nítida ao passo que amadurecia; o enorme dragão branco aparecia em seus sonhos periodicamente, sempre voando acima das nuvens com a garota em suas costas segurando pelas protuberâncias. Os sonhos eram tão reais que a Chunin conseguia sentir o vento bater em seu rosto e se repartir para os lados, fazendo balançar suas madeixas platinadas.

Pondo um fim a procrastinação, pouco a pouco Yuka deixava o cume da montanha a imprudentes longos passos, mas já estava completamente acostumada com a geografia de Kumo. A caminhada teve fim a um campo rochoso e aberto envolto por uma barreira também rochosa, completamente acinzentado. Os cabelos brancos ao vento se destacavam ante as vestimentas negras e o solo cinza. Ali, a ninja do médio escalão de sua vila tinha apenas o objetivo de despertar uma técnica secreta que havia lido a respeito meses atrás, quando ainda estava sob a tutela de Aegon.

Durante as eras que já haviam se passado, os membros de sua família caracteristicamente tinham a habilidade de quebrar os limites do chakra naturais e ultrapassar níveis inimagináveis. Ela já havia sido preparada para iniciar este tipo arriscado de treinamento, justamente por se tratar de uma técnica proibida, e agora havia tomado iniciativa para isso.

Em teoria, eram oito limites a serem quebrados, cada qual representado em uma parte de seu corpo. Para iniciar, o portão de abertura, Kaimon, seria o ponto de partida. Yuka se sentou com as pernas abaixo das coxas, apoiando os joelhos na própria rocha e começou a se concentrar, principalmente no ponto onde se localizava o primeiro limite: bem no cérebro. Ela tinha noção de que ali passava certo fluxo de chakra, mas ainda não sabia como quebrar o limite. Na verdade, sabia, só não compreenderia de imediato que havia o feito.

Passado muito tempo de concentração, já estava entediada por não conseguir pensar em nada e por isso decidiu aprender com os próprios erros por simplesmente se jogar ao azar e começar a prática. O centro de chakra que a limitava no cérebro poderia ser localizado com facilidade caso começasse a prestar atenção enquanto fazia o manuseio da energia, então quebrar este limite seria de certa forma fácil.

Yuka começou a concentrar chakra e passar de um lado pro outro na região cerebral, aumentando o fluxo de chakra naquela região específica. Sentiu de imediato as veias de sua testa se dilatando e expondo-se em protuberâncias que mal podiam ser vistas em sua pele nívea. Conforme ela mantinha a energia fluindo naquele ponto, sentia um enorme vigor crescendo repentinamente dentro de si mesma, mal conseguia explicar o que sentia, até que resolveu parar a execução da técnica e ver seus resultados.

Foi quando resolveu deixar o repouso e se pôr em movimento que notou a crucial diferença de como estava e de como evoluirá nos próximos meses que se passarão. Sua velocidade mudara de forma drástica, sua força era tremenda que conforme pisava no chão rochoso, deixava pegadas com sua sandália. Aos poucos o vigor se dissipou e um pequeno cansaço tomou conta da garota, que precisou se sentar para retomar energias para voltar pra casa. — Então esse é o Kaimon que o Aegon-San falou. Imagino o poder que os outros sete podem conferir a mim... — Assim, Yuka caminhava a lentos passos, mancando vez ou outra até sua residência.

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Yuka se sentiu estagnada naquele momento. Em meio a um treinamento, não via progresso algum a não ser a destruição dos alvos no mesmo período de tempo e com o mesmo efeito final de destruição. Notou, portanto, a necessidade de evoluir e no momento só conseguiria fazê-lo se quebrasse o segundo dos oito limites impostos por seu chakra, atingindo um nível a mais em seu estágio como ninja. Já havia quebrado o primeiro e aberto o Portão da Abertura, o Portão da Cura, que se localiza bem ao seu lado não teria problema algum de ser superado.

Estava cansada, de fato, pois treinava há algumas horas e sua resistência corporal não é a mais duradora, apenas o suficiente para que pudesse testar o suposto poder revigorante do segundo portão. Deu um profundo suspiro que levou todos seus males para longe e cruzou os braços frente a face, aumentando o fluxo de chakra correndo pelo seu cérebro e quebrando o primeiro limite, dando brecha para que o Portão de Abertura entrasse em cena. A Chunin sentiu seu corpo um pouco mais forte do que o normal, efeito do primeiro limite, e passou a fluir seu chakra pelo ponto onde supostamente se encontraria o Portão da Cura.

Lembrou-se do "mapa" que Aegon outrora lhe mostrara para que pudesse orientar-se quando resolvesse despertar seu poder. O fluxo em um local específico aumentava gradativamente, caso o fizesse em demasia, poderia até mesmo prejudicar seus tenketsu, talvez mesmo os tecidos internos de seu corpo; teria de fazer com cautela.

A um ponto que seu chakra já se concentrava em um só local, o limite foi quebrado. A pele de Yuka se ruborizou por completo, a uma coloração quase imperceptível se comparada às veias que saltaram não só em sua testa como no primeiro portão, mas também ao longo de seus braços e pernas. Ela sentia seu corpo se revigorar, finalmente havia atingido mais um nível de poder. — Dois de oito. — Murmurou enquanto caminhava sem destino para fora do recinto.

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