Centro de Energia Natural (3)
Tipo: Treinável.
Descrição: Em raros casos personagens desenvolvem a capacidade de absorver a energia natural e canalizar em seus corpos, podendo se tornarem verdadeiros eremitas. 
Bonificações: Capacidade de desenvolver a Habilidade Secundária de Senjutsu.

Em meio a tempos mórbidos e de lástima moral, direcionei-me ao centro daquele grande campo de treinamento onde pessoas divertiam-se. Eu estava ansioso para sentir a vida entrando em mim; a natureza e o seu farfalhar no meu corpo. Havendo-me graduado jounin recentemente, era óbvio que necessitava ter algum diferencial.

Considerações:

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O dia estava se esvaindo conforme minha ânsia por novidades. As horas se arrastavam e meus olhos tornavam-se mais pesados. As pessoas iam e vinham, porém um senhor permanecia calmo, etéreo e desleixado. Parecia, essencialmente, estar conectado intimamente com algo. Eu não sabia o que era, e naqueles instantes iniciais também não queria saber. Mas, assim como a maré nunca cessa em limpar as praias à sua própria maneira, a minha impressão logo se transformou em curiosidade conforme o tédio se prolongava. Ao final de três ou quatro horas contados em minha mente, ele se levantou e, indo embora, passou por mim.

— Com licença... — tímido e incerto, abordei-o com um gesticular de mãos. — Perdoe-me se eu estiver enganado, mas, por acaso você estaria em alguma espécie de treinamento? Conheço essas formas de evolução por gastar energia, correr, extravasar e morrer tentando. — Mesmo não querendo, minhas palavras acabaram sendo levemente irônicas, como se fosse absurdo existir qualquer tipo de treino que não o do suor.

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Meus olhos retorceram-se em desalento, mas não disse nada ao senhor. Apenas mantive minha atenção centrada nele, em frustração boba, em seguida sendo tomado por mais curiosidade e desconfiança. Até onde eu sabia, eu seria uma pessoa hostil. O velho retruca algo, anda um pouco e se senta? E ainda volta para fazer o que estava fazendo? Começava a me perguntar se seria eu alguém tão fraco e desprezível assim. Ou se ele se achava tão bom que não era necessário manter contato visual com um jounin.

Porém, claro, esses questionamentos advinham da minha falta de paciência e temperamento explosivo. Tomei, então, a sua frente e disse-lhe: — Perdoe-me, mas tenho que admitir que você tem algo especial. — Definitivamente não era o que eu estava propondo na minha mente dizer. As palavras apenas fluíram. Era noite e só restava nós dois. Dali sairia uma briga ou um aprendizado. Estava torcendo para o segundo caso, claro.

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Parece mesmo que minhas palavras surtiram efeito; o homem disse-me algo sobre energia natural. O que seria isso? Conhecia sobre energia física, energia espirital, mas natural parecia-me um tanto quanto místico. A natureza possuir algum tipo de energia que eu pudesse usar não fazia muito sentido, muito menos saberia eu de que forma isso seria usado. "A questão da utilidade de uma arma varia conforme a personalidade de seu utilizador", pensei. Se eu tivesse que me transformar num grande porco, eu preferia não aprender coisa alguma.

Antes mesmo de terminar de processar tudo aquilo, abria minha boca para concordar, no entanto suas rípisdas palavras em baixo tom fizeram-me franzir as sobrancelhas. Suspirei, sentei-me ao seu lado e agarrei algumas balinhas hiper açucaradas das vestimentas. Haveria de repor meu estoque de glicose. E assim mais algum tempo passou, assim como minha sede ao pote.

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Após longas datas de espera, com minhas coxas já sentindo os efeitos daquele chão frio e intransigente, ambos nos levantamos e, para minha falta de surpresa, Yambike deu as costas e começou a andar. Esbravejou algumas palavras que logo entendi como sendo sinal verde para que eu finalmente pudesse convencê-lo de que seria interessante um aprendiz como eu em sua vida. Seus cabelos brancos talvez fosse derivado de preocupação e desalento, imaginei. Perguntou-me, assim, meu nome e o que eu sabia sobre o fato em questão. Enquanto o seguia, disse-lhe:

— Meu nome é Feitan, senhor. Sei que sou um jounin da vila, mas não sei do que se trata a... energia natural — por um momento tremulei a voz, parecia estranho falar, reiterando a surpresa, de uma coisa tão mística quanto a natureza. Enquanto continuei o seguindo, Yambike indagou mais uma vez a mesma pergunta. Talvez estivesse velho demais? Como de praxe, retorci os olhos em ironia, felizmente, estando atrás dele isso não poderia ser visto de forma tão óbvia, e disse, mantendo o tom de voz natural e normal: "Por que o senhor não me ensina um pouco sobre isso?". Saquei algumas balas de açúcar e degustei-as.

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Finalmente parecia começar o treino. Mas a primeira coisa que Yambike ordenou foi que eu meditasse. Não via muito sentido nisso, e como infernos eu iria sentir a energia natural apenas meditando? Meditar nada mais seria que deixar-se vulnerável. No entanto, sabia que o velho tinha algo especial e que eu não poderia manter-me de cabeça fechada para sempre. Em meio a esses pensamentos, fechei os olhos, cisquei a areia logo abaixo de mim e me sentei. Cruzei as pernas, inspirei profundamente, e, enquanto liberava o ar, comecei a relaxar.

Num primeiro momento era muito difícil sentir-me calmo o suficiente para só permanecer nesse estado. Sempre fui muito agitado e um primata da ação. Remexia-me aqui e ali e não conseguia sentir absolutamente nada que estava ao meu redor, apenas a inquietude e meu coração acelerado parecia fazer sentido no momento. Mas, conforme fui respirando pausadamente e liberando meus pensamentos, passei a ouvir sons distintos do ambiente e sentir meu corpo mais leve. Uma criança chorava longe dali, alguns pássaros cortavam o ar, e, inexplicavelmente, eu não conseguia sentir a presença de Yambike. Será que ele me deixou ou era alguém tão etéreo assim?

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Dei uma tosse e sacudi meu corpo abruptamente, como se estivesse consternado com algo. Estava arfando, naquele momento, e passei meus olhos pelo ambiente, encontrando o velho tutor, que logo dizia: "Sinta seu interior, entenda-o seja como a energia natural a sua volta." Eu não acredito que em tão pouco tempo alguma transformação pudesse ter ocorrido em meu corpo, antes de sair do transe, mas tampouco saberia dizer se o tempo que se passou na minha mente foi o tempo real. Infelizmente, realmente não era. Talvez vinte ou trinta minutos terrestres foi o que me pareceu dois. Fato este que eu poderia sentir em meu corpo: um pequeno cansaço.

Sentir meu interior? Ser como a energia natural? Por ter algum raciocínio, eu começava a ligar os fatos e ideias. Nós somos compostos, basicamente, por chakra, que seria a nossa energia. Na meditação anterior eu pude sentir que algo em meu ser estava distinto. Não sabia o que, mas era possível sentir o ambiente, mesmo que pouco, certamente melhor e mais precisamente que antes. Não se atinge algo como isso por mágica, que aliás eu realmente nunca acreditei. Passei as mãos pelos meus cabelos, arrumei a postura e inclinei o rosto em concordância: passei a concentrar-me outra vez.

Aos poucos o ambiente à minha volta foi se desfazendo e meus pensamentos se tornando cada vez mais claros e iluminados. O estado anterior parecia distante, mas não impossível. Tentei, então, seguir os mandamentos do Yambike. Sentir essa energia, e sentir meu corpo como uma extensão do que me cerca. Conforme o tempo se arrastava, tudo parecia fazer mais sentido e essa frase uma certeza absoluta da vida. Meu chakra parecia estar perturbado, ou melhor, alterado harmonicamente. Eu ainda não era capaz de dizer por quê, como e quanto eu poderia mensurar, no entanto apenas sabia.

O ambiente parecia meu próprio corpo e a consciência do meu ser parecia se alastrar por aí. A presença de Yambike, que antes era indistinguível, aparentava-me bastante forte e determinada. Era algo que me impulsionava a treinar e repetir todos os dias. Essa calma e longevidade que sentia talvez fosse o que eu sempre quis e busquei, mas sempre dos métodos errados.

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O suor apenas não escorria pela minha face porque a madrugada em Kumogakure no Sato era bastante fria. Não fosse minha típica rispidez ao ambiente, que, diga-se de passagem, de certa forma mudou, eu estaria congelando. As horas se alongavam e eu parecia estar cada vez mais conectado com aquele gélido campo de treinamento. Era possível sentir, sim, para minha surpresa, que existia energia natural ao redor de mim. Nas plantas, nas pedras, nas árvores, no ar, no rio, enfim, em tudo.

Em meio a alguns momentos de dispersão desse contato, meu rosto contorcendo-se um pouco pela frustração, Yambike deferiu: — Não pense, apenas sinta e abrace isso como se fosse seu. — Foi quando finalmente deixei-me levar, cem por cento, na magia que era tornar-me um com a natureza. O frio, o barulho dos grilhos, a fome, tudo isso definitivamente me impingia nada mais que um pequeno cintilar doce. Era possível dizer, até mesmo de olhos fechados, que alguém caminhava a passos lentos a dezenas de metros dali. Provavelmente queria treinar; era o local de treinos da vila. Afinal, que horas eram? Meus olhos estavam fechados por tanto tempo, e meu senso de tempo tão afetado que para mim ainda era noite. Foi quando, abrindo os olhos, coloquei a mão sobre meus olhos para que minha retina se adaptasse, e um doce na boca, dizendo ao sábio: — Não sei o que fazer com essa habilidade, mas parece-me de extrema valia.

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