Dentro de minha casa, um pouco esgotado graças a intensos treinamentos que havia feito horas atrás, eu imaginava e ponderava sobre o que eu precisava melhorar e sobre quais planos eu teria na minha vida dali para frente. Tinha muitos jutsus na conta, e principalmente muitas criações minhas do elemento fuuton. Foi analisando a bagagem que eu carregava comigo que caiu a ficha sobre o que eu poderia fazer em seguida. Virar um perito na Liberação de Vento poderia ser uma ótima coisa para mim.

Decidido, alimentado e equipado, rumei para os campos de treinamentos de Kumogakure no Sato e passei a observar as muitas pessoas que ali treinavam. Será que eu poderia achar alguém para me instruir perfeitamente? Encontraria alguém treinando justo um bom e velho fuuton? Eu estava tão concentrado em seguir meu objetivo que havia me esquecido do meu vício a ser saciado. Com um tique nervoso surgindo e se tornando forte, comi bolachas açucaradas para repor a glicose enquanto passava a limpo as impressões que tive do ambiente.

Qualidade:

Feitan HP 500/500 CK 575/790

O tempo corria e eu não encontrava ninguém por aquelas bandas. O sol parecia amigável e era possível ver um pouco de névoa no ambiente, muito provavelmente provenientes das pequenas nuvens que rondavam o local. Enquanto me locomovia para observar outras pessoas em outros lugares, pois o local era muito aberto, notei muitas bolsas jogadas por aí. Eu mesmo fazia isso. Mas, com o tédio ruminando em meu corpo, simplesmente decidi assaltar a primeira que encontrei sem os devidos cuidados. Saquei o mais curioso dali: um pacote de cigarros. Coloquei um na boca, acendendo-o com o isqueiro que ali se encontrava. Serelepe mais que antes, saltei-me e fui para outras áreas do campo.

E ali estava. Um homem de cabelos dourados, cercado de olhares de mulheres pomposas, disparava fuutons muito precisos, requerendo, obviamente, cerca perícia no elemento. Sem um jutsu eu não conseguiria fazer aquilo, muito menos sem selos de mão. Ele fazia parecer que era muito fácil. Me aproximei dele, um pouco cauteloso, e decidi investigar se ele poderia ser meu tutor na minha empreitada.

— Meu nome é Feitan. Sou um Chunin da vila, mas acho que me falta certa habilidade para carregar comigo esse título. — Certamente era uma mentira. Eu me achava capaz até demais para carregar o fardo do rank, mas precisava demonstrar um pouco de humildade, não é? Continuei, dessa vez sendo idiota ao demonstrar o oposto do que eu queria: — Aposto que você não pode me ajudar com um treinamento de fuuton. — No entanto, a postura inclinada para oferecer um cigarro recém-obtido deixava claro a ironia utilizada.

• Post número 2.

Feitan HP 500/500 CK 575/790

Assenti com a cabeça que era exatamente o Elemento Vento que eu precisava. Suas palavras anteriores deram um pouco de ânimo e confiança nele. Nenhum idiota conseguiria pensar nessas palavras, se é que foi ele que pensou. Seja como for, prestei atenção no que viria a seguir, colocando um pirulito suculento para matar minha vontade de coisas doces.

O objetivo do treinamento que Smoke propôs claramente queria fazer com que eu ganhasse perícia suficiente no fuuton para que eu adicionasse o elemento na arma, sem quaisquer dificuldades ou rituais, e atravessasse a árvore. Mas não foi o que fiz. Fiz quatro selos em um só instante, aplicando uma aura poderosa, fatal e bela numa pedra que apanhei um pouco antes. Rompi o silêncio no meio do processo: — Desculpe, não trouxe armas básicas. Se você puder me emprestar algumas...

Logo depois disso atirei a pedrinha fortificada na árvore. Bang. A árvore foi partida em duas. Será que eu consegui impressionar Smoke? Como eu não tinha armas, estendi a mão para receber uma, mas não sem esperar que ele fizesse ou dissesse algo em relação à essa atitude imprudente.
Uma das kunoichis que nos observavam me entregou uma kunai. Fiz o maior esforço possível e, achando que tinha feito alguma diferença, cravei a kunai em outra árvore sem ter feito estrago algum. Que papel de trouxa. Infelizmente, às sinto que preciso provar algo para as outras pessoas. O que eu não entendia, nesse momento, era que fazer selos de mão e não fazer têm um impacto gigantesco na perícia de um elemento. Será que ele demonstraria sem selos?

Nome: Ko
Rank: B
Tipo: Ninjutsu
E.E: Fuuton
Alcance: 20 metros
Selos: 4
Velocidade: Variável
Duração: 1 post
Descrição: Elevando sua afinidade com o fuuton ao máximo, o usuário projeta uma aura especializada em velocidade e perfuração, apelando ao formato de propulsão alaranjada graças ao elevado atrito do chakra com o ar. Ko se baseia no princípio básico de rajadas e perfurações rotativas para funcionar, sendo necessário apenas uma pedra para isso. Qualquer objeto que o jogador queira, ao tocá-lo, torna-se um lâmina perfeita de grande impulso, capaz de penetrar rochas sem perder muita força.
Nota: A velocidade é quantitativamente igual aos pontos em ninjutsu.

Feitan HP 500/500 CK 535/790

Me senti um completo idiota por não ter conseguido fazer o pedido. Um pouco irado, eu diria. Como eu conseguia partir uma árvore em duas, mas não conseguia perfurá-la ao menos um pouco? Minha mente estava perturbada. Aquilo parecia inadmissível para alguém como eu. Eu possuía talvez duas dezenas de jutsus poderosos aprendidos, mas o simples ato de perfurar uma planta eu não conseguia realizar? Notei que a kunai estava estendida a mim fazia alguns segundos, então rapidamente a peguei para tentar outra vez. Exitante, concentrei chakra na arma e a disparei em seguida. Outra vez a arma somente cravou. Ainda mais frustrado, disse-lhe, sem olhar em seus olhos: — Isso não deve ser tão difícil, vou tentar outras vezes, apenas me espere! — obviamente a ironia em meu ser atacou outra vez.

Caminhei até lá, suspirando e tentando manter a calma. Todos ao redor pareciam atentos ao que eu fazia, o que só aumentava minha angústia e a pressão que estava jogada nas minhas costas. Retirei a kunai, limpei uma gota de suor da testa e voltei. Na posição que estava, utilizei as duas mãos para concentrar chakra e tentar afilá-lo em lâminas cintilantes — tinha lido sobre isso em algum lugar na semana passada —, fato esse que seguiu um pequeno grunhido: "É assim?".  Quando julguei que estava pronto o suficiente, sentindo no meu ser que poderia perfurar aquela árvore... mais que isso, acreditando que seria possível, atirei. A arma debilmente se cravou no tronco da planta. Ali minha autoestima estava em níveis subterrâneos.

Passei cerca de dez minutos pensando no que Smoke me falara e no que me pedira. Cheguei a conclusão que se eu conseguisse atirar a arma com perfeição, isto é, fazer uma manipulação do elemento vento sem nem ao menos precisar de selos, eu estaria a meio caminho andado de me tornar um perito em fuuton. Um pouco mais enérgico que antes, disse: — Smoke, você poderia me instruir em como fazer direito? — Nas próximas tentativas, se houvesse instrução, talvez eu me saísse melhor. Enquanto aguardava sua explicação, continuei me aquecendo e fazendo selos de mão para movimentar meu chakra adequadamente.

Feitan HP 500/500  CK 510/790

Limpei o suor que agora era abundante na minha face, parando para tomar um fôlego. Já fazia cinco minutos que eu tentava, sem sucesso, fazer o que me era proposto. A explicação do Smoke não entrava na minha cabeça, ou talvez eu simplesmente não tivesse ouvido nada e persistido no erro. Tudo que eu podia notar era que, vez após vez, o chakra posto na arma ia durando mais e mais. Ele sempre desaparecia antes de tocar a árvore, e era exatamente nisso que eu falhava de forma tão brutal. Como estávamos longe, decidi ver se era somente isso o meu problema. Disse a ele que iria averiguar de mais perto — talvez ele entendesse como sinal de fraqueza, mas eu precisava testar.

Calmamente avancei na nossa linha de tiro, me preparei, forcei minha base para segurar pressão, concentrei chakra, que agora eu conseguia com uma só mão, e disparei a arma. Estava a 1 metro do meu alvo. A arma seguiu com velocidade e, no momento decisivo, obtive um certo sucesso. A kunai perfurou metade da arma e permaneceu cravada por ali. Para comemorar meu sucesso, foi quase instintivo as palavras seguintes, como se eu não pudesse ter controlado: — Finalmente, achei que nunca iria conseguir.—  Infelizmente, era pouco. Muito pouco. Bastava lembrar do lançamento do Smoke e saber que o que fiz foi uma gota num copo d'água. Smoke atirou a kunai atravessando muitos objetos mais grossos, até feriu a placa de aço atrás. Será que eu conseguira mesmo dominar?

— Smoke, eu consegui— abordei-o com certa animosidade. Fiz um sinal para ele prestar atenção, e, dentro de duas horas, não sabendo mais se ele estava ali, eu conseguia disparar uma kunai que atravessasse uma árvore completa. Restava saber de que forma eu poderia utilizar esse controle de chakra para melhorar minha habilidade em fuuton. Dizem que os mestres elementais utilizam menos chakra em seus jutsus, inclusive fazendo-os ficar mais fortes, o famigerado rank S. — O que eu preciso fazer para ser um mestre? — Não era mais necessário a tutela do jounin, ao menos era o que eu achava, muito embora eu fosse continuar os treinos ali, dependendo do que me fosse instruído.

Feitan HP 500/500  CK 485/790

Dias de treinos iguais foram o que se seguiram. Nesse inverno lancinante, o suor deixava de escorrer pela minha testa, me causava calafrio e muita urina. Talvez eu estivesse com um pouco de febre, mas com receio temia que era a abstinência da glicose. Fazia 12h que eu tentava parar, pois estava muito focado no treinamento que me foi dado: atravessar a lâmina de aço; sem sucesso, agarrei o pote de sacarose mais próximo e coloquei uma mão cheia dela na boca.

Ali eu estava em casa, sem ânimos e sem chakra, eu não tinha as maiores reservas de um chunin para sair usando vinte e quatro horas por dia nos treinos. Após a mão de açúcar, instantaneamente minhas pupilas se dilataram e minha energia foi recobrada. Teria que viver com isso, afinal. E nesse exato momento eu não ligaria muito com essa resolução. O fato era que, nesse casebre que chamo de lar, eu estava cada vez menos disposto a dar prosseguimento no treinamento. Eu já conseguia atravessar duas ou três árvores e cravar na barra de aço, mas atravessá-la me parecia impossível. Cheguei a passar três dias seguidos sem progresso. Minha impaciência para missões idiotas da vila só crescia com o passar do tempo, e eu não queria largar o treinamento em perito a fuuton. Salvar um gato? Escoltar um verme? Pintar muros? Mas que grande bobagem. Nesse intuito, minha frustração deu lugar em minha memória ao modo de vida que eu levava quando criança, antes mesmo da graduação genin. Eu precisava mudar isso e completar meu treino. E foi nessa ânsia por melhorar que me levantei dali, catei minha comida, minhas armas e segui viagem para os campos de treinamentos. O dia parecia realmente agradável, embora muito frio. Não importava: hoje eu iria finalizar isso. Semanas se passaram, talvez. Perdi a noção do tempo para ser exato assim.

Caminhei, caminhei e caminhei. 8h da manhã e lá estava eu. Pedi uma kunai emprestada para as pessoas que ali estavam e comecei a praticar. Para aquecer meu chakra que estava de certa forma preguiçoso fiz umas escaladas em rochas com o jutsu básico da academia, depois andei sobre o rio que passava por nós, por fim utilizando um Shunshin para voltar para a posição de 5 metros distante da barra de aço. Era possível notar que ela estava bem surrada de tanto que eu pratiquei.

Não via mais meu sensei, Smoke, provavelmente tinha mais o que fazer por aí. Enfim, comecei. Inspirei fundo, concentrei meu chakra na kunai, senti as vibrações formarem lâminas entre si e sabia que estava na hora. Arremessei, obtendo uma pequena perfuração da chapa. "Droga, sempre a mesma coisa!" Esbravejei sem paciência. Repeti exaustivamente o processo até que me dei conta que não teria sucesso sem que eu pensasse em como fazer dar certo. Já passava das 14h e o sol, antes preguiçoso, estava mais forte. Embora eu tivesse lido os livros que Smoke me deixou, nunca prestei muita atenção, pois parecia tudo um monte de instrução que eu não conseguia entender. Que língua era aquela, afinal?! Enquanto me recostava numa rocha para comer, fui passando as páginas do livro A Habilidade dos Ventos.

Eu não entendia nada, mas chegou numa parte do manuscrito que tinha figuras. Aquilo me chamou muito a atenção, e foi nelas que achei minha salvação. Elas eram autoexplicativas e diziam, mesmo sem palavras, a maneira de ser aplicar chakra de vento numa kunai. Aos poucos fui recobrando os sentidos, a alegria de treinar por assim dizer. Levantei e segui os passos que ali estavam. Concentrei o chakra, fiz lâminas que se chocavam umas com as outras de forma a cortar algo, isso com meu chakra, e por fim uma aura se formou na arma: atirei. Bingo. A chapa foi perfurada muito, mas muito mais que o normal. Era isso. Eu finalmente tinha entendido. No resto do dia eu apenas aperfeiçoei o que estava, mas a base do meu chakra vento estava muito boa, talvez digno de ser chamado de perito, e foi nos longos treinos de chakra e erro que aprendi a executar sem grandes dificuldades o que estava no livro. No cair da noite era hora de retornar e descansar.

Feitan HP 500/500 CK 450/790