Floricultura da Vila
Descrição: A garota que cuida da floricultura agora é uma Kunoichi (ninja) médica muito atarefada, sua missão é cuidar da Floricultura enquanto ela está fora! Se tem alergias a flores, use uma máscara!

Era um dia quente como nenhum outro naquele mês.
Sans passava pelas ruas movimentadas do comércio, coloridas de forma alegre e com deliciosos aromas que dançavam no ar indo ao encontro dos fregueses que caminhavam naquela direção.
Era quase impossível para o jovem ninja não pensar em parar ali mesmo e comprar um dango, só pra ter o que comer durante a tarefa, mas seus bolsos vazios apenas respondiam o roncar da sua barriga com um "não dessa vez, cara" .
Sans era um rapaz gentil e bem humorado, e frequentava bastante aquele lado da cidade. Cumprimentava a todos pelo caminho e hora ou outra lançava uma piada que somente os velhos riam.
Esta era uma missão especial para Sans: Flores.
Sim, uma florista havia deixado como pedido de missão que alguém tomasse conta de sua floricultura enquanto ela estivesse fora.
O menino não era muito fã de flores, mas a dona da floricultura era uma moça gentil que a algum tempo atrás dividiu com ele uma porção de dangos que comprara. Por este motivo, Sans priorizou esta missão que para muitos passaria despercebida.
Ao chegar na floricultura, a grande quantidade de margaridas, tulipas e girassois logo a frente da loja e penduradas em vasos dava aquele local uma aparência delicada e um aroma doce, que contrastava com o turbilhão de aromas de comida pelo qual passara a pouco.
Saindo da floricultura com um sorriso no rosto e um adeus estava Kyla, a jovem de cabelos alaranjados e vestido florido, usando um arco de renda no cabelo.
Seus olhos ambar logo fitaram o jovem ninja que ficou completamente envergonhado por reparar tanto na florista que era no minimo uns 10 anos mais velha.

-- Sans! Bom dia! Chegou bem na hora! Eu já estou saindo. Sinto muito... Mabel está ali dentro escolhendo algumas tulipas. Pode dar conta disso pra mim? Ela ja me pagou-- disse a mulher, olhando na direção de uma jovem de aparentemente a mesma idade, de pele morena e cabelos da cor do rubi numa única trança até  a altura do quadril. -- Ela é cliente antiga, não se preocupe. Os preços ficam no balcão.

Sans olhou para as pequenas plaquinhas douradas com os preços. Quem diria que flores custariam tão caro?

-- Pode deixar comigo. Eu tomo conta. Um cachorro com o osso. Só que ao contrário. -- Sans piscou para Kyla que apenas sorriu de volta -- Tem algo que eu deva saber?

-- Ahm... acho que não. A não ser essas formigas malditas, você não tem nada com o que se preocupar.-- Kyla parecia nervosa -- bem... ate mais e obrigada.

Logo Sans estava ali completamente imerso naquela infinidade de plantas. Sentou-se atrás do balcão de madeira e debruçou-se observando Mabel escolher as flores.
A mulher usava óculos redondos e hora ou outra ajustava-os no rosto.

--- E.....então. Muito dificil escolher margueritas?-- disse Sans, tentando puxar assunto para se sentir menos entediado.

--- Margaridas. O nome é margaridas. São flores especiais para mim então são selecionadas com cuidado. Minha loja é ali do outro lado da rua e eu gosto de colocar margaridas e tulipas na bancada. Ficam bonitas. -- Mabel tinha olhos verde jade, fascinantes, e olhou por cima dos óculos numa pergunta simples mas perspicaz -- você não é fã de flores, certo?

Sans estava desarmado agora. Num simples comentário ela ja havia notado sua completa desconexão com o trabalho.

--- Não mesmo. Vim pra ajudar a Kyla. AI! -- sans deu um pulo da cadeira.

Umas formigas haviam subido em seu braço e quase que simultaneamente atacado o rapaz com sua insignificante força rebelde.

-- O que foi? -- disse Mabel vindo com a duzia de flores até o balcão.

-- Formigas malditas. Ugh! -- Sans abriu a mão e deu um golpe no balcão encima das formigas e a maioria saiu viva fazendo o rapaz frustrado preparar outro ataque.

Mas foi interrompido.
Mabel segurou sua mão e o rapaz olhou sem entender o motivo de tê-lo parado, confuso e ainda sim surpreso.

-- É Sans, certo? -- disse ainda segurando a mão do rapaz -- não tem motivos pra matar assim. Você que debruçou no caminho delas. Elas não te atacaram primeiro.

Sans achava dificil de engolir aquele papo e inclusive a bronca.

-- É . Meu nome é Kaguya Sans mesmo. Você escutou a conversa. E, afinal, elas nem morreram! Só umas duas ali, mas as outras sairam ok.

Mabel largou a mão de Sans que apenas aguardou olhando para as formigas recolherem as feridas e retornarem a trilha.
A mulher fez silêncio e ajustou o óculos no rosto se preparando para falar.

-- Kaguya... você devia aprender com as coisas ao seu redor ao invés de querer matar tudo no seu caminho. Veja bem... -- Mabel tirou uma pétala de flor e colocou no caminho por onde as formigas estavam passando. Algumas contornaram e outras se juntaram para erguer e tirar a pétala do caminho demonstrando sua incrível força-- sabe o motivo dela ter resistido tão bem? Formigas possuem um exoesqueleto, Sans... um esqueleto na parte externa ao corpo que serve a elas como armadura. Elas são fortes e resistentes por isso. Levantam quase 100 vezes o próprio peso e ainda sim não tem 1 centézimo de reconhecimento.

De alguma forma Sans se sentia envergonhado pelo que fizera e abaixou a cabeça.

"Gosto da astúcia dessa mulher. Talvez hoje você entenda a minha função, Sans. Sem mim, você é uma formiga sem sua armadura. Um molenga que seria esmagado por qualquer um." Disse Karma, na mente de Sans, como um eco.

-- Não fique assim. Sei que nem sequer pensou antes de revidar. O irracional é uma fera dificil de domar.-- ela sorriu gentilmente e deixou Sans a sós indo para a loja do outro lado da rua.

Sans passou algumas horas andando pra lá e pra cá, inquieto.
Hora ou outra vinha alguem comprar uma flor ou sair de lá com  um vaso bem pintado. Era uma tarefa bem simples.
Veio em sua direção a alfaiate Mabel.

-- Bem cansativo, não é? Suas rosas e orquideas estão começando a murchar. Coloque mais água. Nem a mais, nem a menos. Se fizer errado pode acabar matando a planta. -- Ela ajustou os óculos e olhou para as orquídeas.

O garoto não fazia ideia de como começar com aquilo tudo. O quanto seria "a menos" e o quanto seria "a mais"?
Mabel pegou o borrifador e sorriu. Parecia saber pela expressão de pânico do rapaz que ele não fazia ideia do que estava fazendo ali.
Com a ajuda de Mabel tudo se tornava bem fácil. Era um aprendizado, uma vez que a maioria das técnicas de seu clã se baseava no nome das flores por algum motivo.

" Tenha calma, Sans. Isto é uma tarefa mais complicada do que parece. Já fui guardião de outros kaguya antes de você e vou te explicar uma coisa. Orquídeas recebem água como um ninja controla seu gasto de chakra. Apenas o suficiente."

--- M...Mabel. -- disse Sans chamando a atenção da moça. -- é muito arriscado ter um exoesqueleto como uma fomiga?

Mabel riu.

-- Eu diria que estou mais pra uma abelha que pra formiga, mas acho que... talvez seja melhor não ser uma, não acha?

Após a pequena ajuda, Mabel retornou ao outro lado da rua onde sua loja não tinha um único cliente aquele dia. Talvez todos tivessem sido seduzidos pelos aromas e estivessem comendo como se não houvesse amanhã. Então, de qualquer forma, logo precisariam de novas roupas.
O dia trminou naquele entardecer alaranjado, combinando com a imagem de Kyla voltando para a floricultura.
Sans se despediu e foi andando pela rua, olhando seu reflexo nas vitrines de armas.

-- Karma... você acha que pode ser um exoesqueleto se eu precisar?

"Estamos juntos nessa. Eu já sou uma armadura. Você so é incapaz de usar ainda, pois gasta tempo demais tentando agradar formigas quando devia ser quem as esmaga."

Muitas vezes Sans se arrependia de perguntar as coisas a Karma. A criatura que habitava sua mente nunca fora compreensiva ou gentil. Na verdade ela tinha um tom de realidade cruel que abalava a mente do rapaz.
O jovem ninja foi até a sala do Kage e reportou a missão, indo pra casa em seguida pensando na possibilidade de acabar revidando alguém que apenas se defendeu em uma futura missão, naquela mesma tirania com as formigas, e agora Mabel parecia ter um peso a mais em sua lição que encheu o coração do jovem ninja de dúvia e certo temor.