As manhãs de Kumo são sempre bastante agradáveis. As temperaturas amenas do sol entre as nuvens proporcionavam um clima nem tão quente e nem tão frio, mas agora o inverno tinha chegado. Os raios solares que geralmente iluminavam os campos de treinamento, ficavam completamente ofuscados pelas nuvens no céu, consequências já conhecidas por ter sua origem da estação mais fria do ano. Não chegava a fazer muito frio, apenas o suficiente para que todos os cidadãos saíssem com agasalhos adicionais e tomassem um chá quente antes de sair na rua. Era nessa época que as lojas de ervas faziam mais sucesso.
E lá estava você, deitado na cama em um dia frio de inverno quando tinha milhões de coisas a fazer. Tinha recentemente adquirido um pergaminho na biblioteca e estava disposto a aprendê-lo no mesmo dia, mas arranjou uma desculpa de que estava frio demais para convencer a si mesmo. Finalmente se levantou e olhou pela janela da cozinha, após tomar uma bela xícara de chá verde. Ventava bastante e o clima nublado tomava conta de toda a vila, imagine só como estariam os campos de treino? Contudo, não seria uma brisa de inverno que lhe impediria de fazer as coisas, já te conheço.
Pegou todos os equipamentos necessários e saiu andando com um cachecol no pescoço, quase esquecendo de levar o pergaminho.
Acho que você estava esperando mais ninjas treinando naquele dia, pois a cara que fez quando pisou no solo cinzento foi, para se dizer o mínimo, frustrante. Não havia sequer uma única alma viva no local, apenas você; o diferentão. Já conformado de que não teria ninguém ali para lhe ajudar, você retirou o pergaminho da pochete (que recuso chamar de hip-pouch), e o abriu como se olhasse um mapa. Os desenhos e escrituras em preto saltavam do material e entravam na sua mente como se já conhecesse aquela fórmula, pelo menos você sabe decorar.
Agora só precisava colocar aquele conhecimento em prática, só. Guardou a scroll de volta fez o selo correspondente - mas você não precisa de selos, idiota, seu controle de chakra é excelente. A lembrança de que seus ninjutsus podiam ser feitos mesmo que seus braços fossem arrancados lhe motivou ainda mais, só não fique tão confiante assim. O chakra presente em seu corpo inundou cada ponto de tenketsu assim que você pronunciou o nome da técnica, mas, ironicamente, nada aconteceu. Chegou até a ser engraçado. Toda aquela determinação e confiança se exauriram assim que viu o resultado de ser tão convencido, vamos melhorar não é?
Dessa vez você fechou os olhos e respirou fundo, traçando um plano em sua mente que certamente lhe ajudaria a alcançar o resultado desejado. Para aprender a clonar seu próprio corpo é necessário fazer duas coisas.
A primeira é utilizar do seu próprio chakra para moldar uma forma exatamente igual a sua, sem pôr nem retirar. É literalmente uma clonagem, mas ao invés de laboratórios científicos você utilizaria o dom do ninjutsu para fazer. Suspendeu os braços para frente e abriu as mãos como se quisesse empurrar algo. Duvidoso, mas não é que o resultado foi um sucesso? No exato local em que suas palmas apontavam uma pessoa idêntica à você havia surgido, um mini-Eros. E não foi em sentido figurado não, ele realmente era minúsculo.
A causa da mutação que havia deixado seu outro-eu daquele jeito você já sabia qual era, faltava chakra naquele ser. Esse é o segundo passo. Fechou os olhos novamente e circulou energia por cada átomo do seu corpo, criando uma cópia idêntica de si desta vez um metro à sua frente; nem tão grande nem tão pequena, quase perfeita. Com os olhos abertos dessa vez, ergueu a cabeça e sentiu uma gota d'água cair em sua testa suada, fechou os olhos novamente e desapareceu em uma descarga elétrica. Não, não era de você de quem eu estava falando, mas sim da sua finalmente completa cópia, havia aprendido o jutsu com maestria.