Suspirei profundamente. Estava um pouco entediado desde que recebi meu protetor de testa, o símbolo da nuvem estava ali, mas e dai? Nada acontecia de interessante. Gostava de ficar entre as nuvens, pelas montanhas dos arredores da cidadela principal, ali apenas sentia o sabor leve e puro do ar rarefeito, não enchia-me os pulmões totalmente, mas eu era imortal mesmo. Uma pequena ave rompeu os céus e desceu num razante em minha direção, eu reconhecia aquilo, na academia aprendíamos que deveríamos apenas dar o braço para o animal pousar, assim fiz. — Olá amiguinho, tem algo para mim? — indaguei sabendo que não haveria resposta.

Puxei da pata do animal um pergaminho muito bem enrolado, mais um dos ensinamentos básicos da academia, aquilo significava uma missão, finalmente. — Pode voltar aos céus amiguinho — disse balançando o braço e o pombo saiu voando outra vez por entre as nuvens. Abri o pergaminho e passei os olhos rapidamente por cima do conteúdo, uma tarefa de coleta de informações e, para minha surpresa, de um nível considerado básico de um chunin; fechei o papiro outra vez e coloquei por detrás do colete simples que usava, fui deslizando os pés pela montanha, concentrando chakra neles, até chegar a base, iria começar a missão.

Mako; ---/--- 200/200 Velocidade: 6m/s.

BOLSA DE ARMAS (20)
Kunais: 10 [10]
Kibaku Fuuda: 08 [2]
Fios de Nylon: 40m [8]

Mal toquei meus pés na terra batida e um homem já se aproximou de mim, conhecia-o de vista, não fazia ideia de seu nome, talvez fosse um chunin ou mesmo jonin, não tinha nenhuma certeza, porém quando o vi, apenas abri um sorriso - ele não era ninguém ruim no fim das contas. Ele tinha um modo brincalhão de falar, diferente da maioria dos membros dos escalões mais altos, falou sobre um usuário da natureza do fogo, pelo o que eu sabia, a água seria melhor contra um usuário assim e eu não chegava perto desta natureza; olhei-o avançando e tomei passos rápidos, tentando acompanhá-lo.

— Sensei, o senhor conhece alguma técnica de suiton? Infelizmente nem mesmo domino esta natureza — indaguei e expliquei-me, não sabia até onde ele tinha dados sobre minha pessoa, aprendi que deveríamos sempre informar o máximo possível aos nossos companheiros —, aliás, Sensei, se o senhor me ver prestes a morrer, deixe, sou imortal — disse com um sorriso estúpido, pois, ainda que imortal, não era indolor.

Mako; ---/--- 200/200 Velocidade: 6m/s.

BOLSA DE ARMAS (20)
Kunais: 10 [10]
Kibaku Fuuda: 08 [2]
Fios de Nylon: 40m [8]

Talvez a missão pudesse terminar rapidamente assim como começava, num instante, afinal o sensei sabia alguma coisa de técnicas aquáticas, ainda que, assim como eu, ele preferisse os raios. Sua pergunta me fez rir um pouco, definitivamente eu não era um boneco, sentia, pensava e principalmente tinha muito sangue que corria pelo meu corpo cada vez que me feria, a única diferença era que eu não morria - seguimos em silêncio um pouco mais da estrada.


Meus pés começavam a protestar dentro das sandálias ninjas, gostaria muito de descansar um pouco, já andávamos por pelo menos uma hora e meia e eu não era acostumado a metade daquilo, ainda que fosse um shinobi. Diversas árvores se ergueram, um lugar que, provavelmete, era lindo antes do incêndio que ainda soltava bolos de fumaça espessa e negra, como uma chaminé ou um fumante - como o sensei pontuou rapidamente - ele parecia mais infantil que eu, mas naquela piada não houve sorriso, apenas preocupação.


A Grande Árvore não tinha aquele nome atoa, tratava-se de uma linda e exótica árvore de mais de vinte metros de altura, talvez tivesse uma copa capaz de cobrir boa parte do céu, mas agora eram só chamas e fumaça. Perdi-me olhando maravilhado para o tamanho colossal daquela forma de vida e me entristeci, por um momento, ouvi a voz da árvore enorme dizendo coisas em tom baixo, velha e moribunda, dizia-me: malditos humanos...  vocês... a culpa é toda de vocês... e quando dei-me conta estava envolvido por diversos cipós, sentindo os ossos se pressionarem prestes a estourarem.

"Preste atenção..." Aquela palavras me acordaram para a realidade, virei-me para trás e um enorme volume de água pura foi expelida pela boca do sensei, uma verdadeira técnica de suiton que eu jamais havia visto antes, nem mesmo em livros sobre as naturezas. Contudo aquilo não adiantaria, pensei ao ver um homem estranho se aproximar, ele tinha a pele escura como muitos membros da aldeia, carregava uma kunai na mão esquerda, eu poderia tirar vantagem do braço dominante e perna também, mas sequer sabia se teria a chance, por isso, imediatamente, puxei uma arma branca como a dele, com a mão direita, e coloquei-me em guarda.

O Sensei não queria nenhuma batalha - e para falar a verdade nem mesmo eu, ainda que imortal e tudo mais, não era muito bom em combate e mal sabia as técnicas básicas da academia. Aquele homem, contudo, não estava tão pacífico quanto nós, ele jogou fogo pela boca - uma clara técnica de katon - e coloquei os braços a frente do rosto para proteger os olhos, entretanto logo ouvi a provocativa do meu companheiro que me agarrou e me jogou contra as chamas sem mais nem menos.

Envolvi-me em meu próprio corpo; uni os braços contra o rosto e toquei os joelhos nos cotovelos para diminuir os danos das chamas. Protegi meus olhos para não ficar cego e o máximo da pele para não ficar com cicatrizes, mas ainda assim senti o esquentar da pele e o formigamento que subia pelos membros antes de cair no chão e rolar para a frente. Dei uma volta pelo chão, suficiente para sentir meu protetor de testa cair por ter a amarra deteriorada pelas chamas, não me importei, precisava seguir a missão, movimentei o braço direito e inseri meu próprio chakra na lâmina da kunai, para alguns era uma tarefa complicada, mas eu já conhecia como transpassar o chakra pelos constantes treinamentos de natureza elemental; que, inclusive, adicionei à arma.

Lancei-a assim que consegui abrir um pouco os olhos, estava próximo suficiente dele para que mesmo com minha fragilidade, a kunai avançasse pelo ar na direção da coxa direita dele, aquela que ele usaria para se apoiar antes de se mover. A eletricidade da kunai podia ser capaz de perfurar profundamente no membro dele, assim como vibrar os músculos o suficiente para bloquear o uso daquela perna, ou ao menos torci para que acontecesse.

Definitivamente se aquilo não desse certo eu apanharia mais, estávamos a, no máximo, sete metros de distância e meu companheiro não parecia disposta a lutar mais nadinha.

Consid.:

Mako: HP: ---  CH: 200/200  VEL: 6m/s.

BOLSA DE ARMAS (20)
Kunais: 09 [09]
Kibaku Fuuda: 08 [2]
Fios de Nylon: 40m [8]

A velocidade do suposto vilão era grande, mas ataques surpresas não eram tão simples de desviar, qualquer estudante da academia que não durma nas aulas poderia deduzir isso e concretizar a suspeita com os instrutores. Ele escapou de meu ataque, mas ainda assim deu para ver um fio carmesim descendo pela perna dele, rugindo por conta daquilo, obrigando-me a abrir um sorriso sarcástico.

Tomei fôlego logo após vê-lo se mover, meus pulmões não eram nada parecidos com um lendário vampiro das lendas, precisei puxar forte o ar rarefeito das montanhas e antes mesmo de eu me dar conta, o Sensei se jogou a minha frente protegendo-me de um ataque certeiro, "eu disse para não fazer isso, merda", resmunguei mentalmente mordiscando os lábios ouvindo o pedido do companheiro; em resposta eu coloquei as mãos dentro da bolsa de armamentos que eu carregava comigo, ajeitei, mesmo sem ver, um pouco de fio em uma kunai, assim como preparei uma tarja de explosões também na arma, envolvendo o espaço em que o fio passaria, escondendo-o, porém antes de eu ter tempo de fazer mais algo, o corpo do shinobi voou alguns metros pela força bruta do inimigo - desviei o olhar para ele por um instante e voltei a focar-me no oponente.

Um selvagem cão elétrico tentou atacar o alvo, mas ele desviou facilmente e eu apenas maravilhei-me com a técnica, pensei que pudesse um dia vir a utilizar algo semelhante. Ele nutria muito ódio pela aldeia, com toda a certeza era algo próximo da raiva que eu tinha das seitas religiosas, provavelmente muito mais, eu não saia queimando tudo por aí. Mais chamas avançaram, agora não era nada simples, definitivamente aquela não havia sido a técnica usada para queimar uma porção da floresta, pois, se fosse, toda ela teria sido consumida.

— Sensei! — exclamei vendo-o combater as chamas com mais uma técnica d'água, mas parecia prestes a perder. Então me surpreendi ainda mais quando muito mais água surgiu vindo de uma mulher de cabelos roxos, era linda e tinha um corpo incrível, impossível de não reparar. Graças a ela a ofensiva de chamas foi totalmente anulada, seu nome era Kowai, ouvi do Sensei enquanto ele tentava dizer ser suficiente para derrotar aquele malfeitor - obviamente não era, ele teria morrido sem a ajuda de Kowai-san.

Prendi meus olhos nos cabelos dela e no rosto redondo, assim pude ver perfeitamente ela prendendo os olhos em mim e mudando a expressão rígida militar por uma mais suave, senti minhas bochechas esquentando, pois creio ter ficado muito corado com aquilo; ela era linda. "Ele não é o C", o Sensei brincou e eu movi minha cabeça olhando-o, aquela era a alcunha de um dos conselheiros e, além disto, descobri finalmente o nome do meu companheiro: Goru.

Outra vez o inimigo surgiu, tirando a atenção para ele, zombou da força da aldeia e em resposta a isso apenas me levantei encarando-o, pressionando os olhos com raiva. — Kumo está fraca... Mas quem irá perder para um recém formado na academia shinobi de Kumogakure é você — zombei com um sorriso sereno e sarcástico e então, forçando meus pés contra o chão e adicionando chakra a eles, avancei com mais velocidade do que antes, uma técnica simples e uma investida suicida; mais uma vez um ataque simples, não tinha muitas coisas em meu arsenal, puxei e joguei uma kunai abençoada em chakra elétrico com a mão esquerda, definitivamente eu não era canhoto e vi o golpe mirado no ombro direito dele, viajando para o centro de seu peito, estando a uma distância de cinco metros dele - e assim que a kunai chegasse na posição dele, jogaria uma segunda, desta vez com a mão direita e essa totalmente com a mira ajustada, foquei o ombro esquerdo dele, essa arma, porém, não tinha chakra e sim uma tarja explosiva, mas não explodiria a primeiro momento, somente depois e somente em caso de esquivas, pois aquela era minha melhor armadilha, meu único plano.

Consid.:

Mako: HP: --- CH: 198/200 VEL: 6m/s (+4m/s com Shunshin)

BOLSA DE ARMAS (20)
Kunais: 08 [09]
Kibaku Fuuda: 08 [2]
Fios de Nylon: 40m [8]

Como já anotado, ele era muito veloz; escapou de meu primeiro ataque como se não fosse nada, sequer o vi passar por mim e ir até Kowai-san e Goru-san, virei-me quando um clarão criou uma longa sombra de meu ser, feixes de energia avançaram atingindo o homem que não parou, mas, por sorte minha e azar do inimigo, meu plano havia dado certo e seu corpo recebeu o impacto da explosão pelas costas, sendo jogado na direção de Goru-san que atravessou o peito do homem com uma mão eletrificada, fazendo sangue jorrar para os lados, trazendo-me terríveis memórias que me fizeram sentir o estômago revirando; acabei de joelhos vomitando água.

— Foi mal Goru-san, Kowai-san, não pensei que seria frágil a isso depois daquilo — resmunguei limpando os lábios e me erguendo de novo, mas sentia as pernas fracas e ainda vibrando pelo nervosismo. Eu não era nem perto de uma pessoa digna de uma letra, não tinha nada de especial em mim, eu era apenas um jovem recém formado, torci para que eles lembrassem-se disso, principalmente Kowai-san...

— E agora o que? — indaguei andando até meu protetor de testa e pegando-o do chão, não podia vesti-lo, então deixei pendurado pelo colete, não podia deixar de revelar minha origem, afinal de contas, aquilo era o símbolo de que eu era um verdadeiro shinobi.

Consid.:

Mako: HP: --- CH: 198/200 VEL: 6m/s.

BOLSA DE ARMAS (20)
Kunais: 07
Kibaku Fuuda: 07
Fios de Nylon: 20m

Kowai deu um sorriso forçado, impossível não perceber aquilo, mas ao mesmo tempo pareceu realmente satisfeita com tudo, algo que encheu meu coração de algo próximo a alegria, mas logo Goru-san respondeu também e a magia se perdeu aqui dentro. Seguimos caminhando e ao meio do caminho comecei a ouvir uma voz estranha, bem, seria estranho se mais alguém a ouvisse, conhecia-a muito bem, meu coração acelerou e eu precisei parar por um instante com a cabeça baixa, dizendo lentamente: — Podem ir em frente... Irei descansar... — e sentei-me ao chão enquanto eles seguiam viagem.

— Onde está minha oferenda? — A voz indagou-me, era tão parecida com a que eu ouvia saindo de mim... Evitei erguer a cabeça, temi vê-lo por ali, mas não importou, senti dedos magricelos e gelados como a morte tocando meu queixo e erguendo-me, olhei em frente e havia um ser exatamente como eu, os mesmos cabelos, os mesmos olhos, mas uma pele enegrecida com traços albinos como ossos. — Kuro... — disse sentindo-o me abraçar com aqueles braços longos e magricelas, arrepiei-me e engoli em seco, arregalando os olhos e virando-os para sua nuca.

— Você me deve sacrifícios — ele sussurrou em minha orelha e eu acabei por fechar os olhos aterrorizado, em seguida notei-o desaparecendo, o peso de seu corpo sumiu de cima do meu, respirei aliviado e esfreguei as costas da mão direita pela testa, havia suor frio ali, além da cicatriz feita em minha testa anos antes. Abaixei a cabeça para voltar a minha caminhada, as visões do sorriso dela vieram em minha mente, não me entristecia exatamente, apenas doía.

Entrei por um dos portões da nuvem, estava de volta para casa.

Consid.:

Mako: HP: --- CH: 198/200 VEL: 6m/s.

BOLSA DE ARMAS (20)
Kunais: 07
Kibaku Fuuda: 07
Fios de Nylon: 20m